NOTAS CLÍNICAS: LEITOSA DA AMAZÔNIA, JANAÚBA, LEITOSINHA, COLA-NOTA

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Por Roberto Almeida – Terapeuta Acupunturista

Meus pacientes reportam com frequência a experiência pessoal ou de terceiros com ervas medicinais de uso popular para o tratamento desta ou daquela enfermidade. A maioria das ervas são já bastante conhecidas e de uso seguro. Eventualmente recebo informações sobre alguma erva desconhecida ou mesmo alguma erva conhecida sendo usada para finalidades diferentes daquelas mencionadas no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, o que nos obriga a uma pesquisa sobre a mesma.

Um paciente relatou-me estar usando um preparado caseiro feito à base de uma erva conhecida como “leitosa da Amazônia”. Pela descrição, descobri tratar-se da planta Synadenium grantii.


O gênero Synadenium é bastante amplo e outras espécies deste gênero são utilizadas no Brasil pela medicina popular há muitos anos. Seu uso é tradicional entre os indígenas, que utilizavam a planta em “garrafadas”, preparadas por meio da diluição do látex da planta em água pura, como remédio para várias doenças. O uso desta planta foi muito difundido para a cura de variados tipos de câncer, mas há relatos de populares utilizando a planta para outras enfermidades, tais como diabetes e úlcera gástrica. Porém, são poucos os estudos a respeito das supostas ações farmacológicas da planta, não havendo, portanto, evidências científicas que as comprovem1.

A utilização de plantas medicinais não é um processo isento de riscos. Antes de avançarmos em nossa argumentação, precisamos considerar que o fato de uma planta ser usada pela população não exclui a possibilidade de o extrato da planta apresentar toxicidade. Os remédios da medicina popular ou tradicional levam em conta apenas os sintomas apresentados, proporcionando um “alívio rápido” ao paciente, mas ignorando a etiologia da doença2.

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No caso da S. grantii, esta planta realmente possui uma variedade de compostos farmacologicamente interessantes, principalmente devido à ação antioxidante de alguns desses grupos de compostos, em especial os fenólicos, tal como é o caso dos flavonoides3.

Entretanto, o uso indiscriminado de plantas do gênero Synadenium , pode se tornar um sério problema de saúde pública, devido ao desconhecimento da composição química da planta, o que pode implicar em intoxicações e alergias, além do próprio problema da automedicação4.

Outras espécies do gênero Synadenium também já foram descritas, apresentando ação tóxica bastante potente5. Diversos estudos publicados sobre outros gêneros da mesma família (Euphorbiaceae) também mostram a presença de compostos químicos biologicamente ativos variados bem como compostos altamente tóxicos; toxicidade esta que parece estar estreitamente relacionada com sua concentração7.

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A presença de glicosídeos cianogênicos ou cianogenéticos, que são potencialmente tóxicos a um grande número de organismos vivos demonstram o risco da administração de extratos desta planta 5,7.

DoCampo et al. (2010)8 relataram o caso de uma criança de 4 anos que manipulou e ingeriu parte da Synadenium grantii (fotos 1 a 6). Como consequência, a criança apresentou erupção eritematosa, descamativa, generalizada e pruriginosa em mais de 90% da superfície corporal:


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Foto 1 – lesões com 3 dias de evolução – parte anterior
acupuntura curitiba 2
Foto 2 – lesões com 3 dias de evolução – parte posterior
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Foto 3 – edema bipalpebral com secreção purulenta que impede a abertura ocular
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Foto 4 – exantema descamativo no rosto, pescoço e tórax após 9 dias de evolução
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Foto 5 – Folhas de Synadenium grantii Hook. A seta indica o látex que se desprende ao se arrancar uma folha.
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Foto 6 – Folha de Synadenium grantii Hook trazida pelos familiares da paciente durante a consulta.

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Conclusões e recomendação

Apesar dos extratos utilizados pela população serem, em geral, bastante diluídos, a não padronização do seu preparo e a não padronização da matéria-prima expõem o usuário a potenciais riscos à saúde.

Alguns estudos publicados até o momento, como o de Costa et al (2012)9, ainda que tenham obtido resultados positivos, limitaram-se a testes em animais de laboratório. Tais resultados não podem ser considerados com o propósito de endossar o uso da Synadenium grantii em seres humanos.

Assim, sugiro a todos os meus pacientes e leitores que evitem o uso desta planta até que novas pesquisas determinem a eficácia e a segurança da mesma e sempre consultem o profissional de saúde de sua confiança.

REFERÊNCIAS

1 MACHADO, AA. Caracterização fotoquímica e avaliação da citotoxicidade de Synadenium carinatum Boiss (Euphorbiaceae). Curitiba, 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná.
2 ELISABETSKY, E. Etnofarmacologia. Cienc. Cult., Campinas, v. 55, n. 3, p. 35-36, jul./set. 2003.
3 TARTUF, G.; MARTÍNEZ, J.R.; STASHENKO, E.E. Evaluación de la actividad antioxidante de aceites esenciales em emulsiones degradadas por radiación ultravioleta, Revista Colombiana de Química, Bogotá, v. 34, n. 1, 2005.
4 AFONSO-CARDOSO, S. R. et al. Protective effect of lectin from Synadenium carinatum on Leishmania amazonensis infection in BALB/c mice. Korean Journal of Parasitology, Seul, v. 45, n. 4, p. 255-266, dez. 2007.
5 GRUPO, L. R. P. Contribuição ao estudo anatômico, fitoquímico e farmacológico de Synadenium carinatum Hook f. (Euphorbiaceae). Curitiba, 1998. 78 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Programa de Pós-Graduação em Botânica, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná.
6 BITTNER, M. et al. Estudio quimico de especies de la familia Euphorbiaceae em Chile. Bol. Soc. Chil. Quim., Concepción, v. 46, n. 4, p. 1-15, dez. 2001.
7 FRANCISCO, I. A.; PINOTTI, M. H. P. Cyanogenic glycosides in plants. Braz. Arch. Biol. Technol., Curitiba, v. 43, n. 5, p. 24-27, 2000.
8 Docampo PC, Cabrerizo S, Paladino N, Parreño ML, Ruffolo V, Mutti O. Erythroderma secondary to latex-producing plants (Synadenium grantii). Arch Argent Pediatr. 2010 Dec;108(6):e126-9.
9 Costa et al. Anti-ulcer activity of Synadenium grantii latex. Rev. bras. farmacogn. vol.22 no.5 Curitiba Sept./Oct. 2012.

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