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ARTROSE-INFORMAÇÕES GERAIS

ACUPUNTURA CURITIBA ARTROSE

Nota introdutória do site: artrose é um problema bastante comum em nossa prática. Por isso estamos publicando este artigo como subsídio aos nossos pacientes e leitores com o único intuito de divulgar informações confiáveis para esclarecimento. Conforme explicitado em nossa Política do Site, reiteramos que o propósito geral de nosso site e deste artigo em particular não é o de servir como guia para auto-diagnóstico e nem mesmo uma maneira para confirmação de diagnósticos. A única maneira de obter um diagnóstico fidedigno e orientações precisas é com seu prestador de serviços de saúde (seja ele médico no caso dos diagnósticos nosológicos ocidentais, terapeuta acupunturista para os diagnósticos energéticos orientais e os casos da alçada de outros profissionais de saúde nas suas áreas de atuação como fisioterapeutas, psicólogos, etc.).

Artrose: quem viver terá.

Resumo

-  Sinônimos: artrose, osteoartrose, osteoartrite

-  O que é: É o processo decorrente do desgaste e envelhecimento das articulações.

-  Não confundir com: artrite (processo originalmente inflamatório, com várias causas, como autoimunidade, gota, trauma, infecção, etc).

-  Sintomas: De nenhum à dor, inchaço e disfunção limitante das articulações afetadas.

-  Causas: envelhecimento, qualquer processo que cause sobrecarga ou lesões nas articulações, tendências genéticas.

-  Quem tem: em graus variados, todas as pessoas. Começamos a envelhecer no dia em que nascemos.

Introdução

Artrose, osteoartrose, osteoartrite. São sinônimos para designar a condição “reumática” mais frequente. Ela é considerada a primeira causa de incapacidade física em adultos no mundo. Estima-se que cerca de 10% dos indivíduos acima de 55 anos tenham que limitar suas atividades devido a este processo [1]. Todos os animais que possuem ossos estão sujeitos a desenvolver artrose. Quem viver terá! O presente artigo visa esclarecer o que é artrose, quais suas causas e o que existe de conhecimento atual no sentido de diminuir seu aparecimento, sua velocidade e seus sintomas.

O que é artrose

Artrose é o processo decorrente do desgaste e do envelhecimento das articulações, e também da tentativa do corpo de reparar estes danos.

Porque acontece?

As articulações sofrem diariamente o impacto e o atrito decorrentes de nossas atividades físicas. Mesmo as atividades normais levam a traumas e desgastes em sua cartilagem, que são prontamente reparadas pelo tecido vivo que a compõem. A artrose acontece na medida em que a reparação é menor do que a destruição, ou quando a reparação é inadequada.

São causas de aumento do desgaste: qualquer processo que cause traumas mais intensos ou constantes, como obesidade, frouxidão dos ligamentos, atividades intensas e repetitivas, alterações da anatomia normal, presença de corpo ou objeto dentro da articulação.

A inflamação é ao mesmo tempo causa e consequência da artrose. Processos inflamatórios como artrites (artrite reumatoide, gota, infecções articulares, etc) levam à destruição acelerada da articulação, levando então à artrose acelerada. Na artrose comum, a perda da arquitetura e da composição normal dos componentes da articulação leva a um aumento do atrito e dos traumas durante a mobilização, o que gera inflamação, que acelera o desgaste, fechando um ciclo vicioso. Portanto em toda artrose há um certo grau de inflamação, com ampla variação entre os indivíduos. As causas determinantes da intensidade da articulação não são bem compreendidas, mas certamente sofrem alguma influência genética. Quando a inflamação é intensa (e a destruição acelerada) denomina-se o processo de “artrose erosiva” ou “artrose inflamatória”.

O envelhecimento leva a diminuição do metabolismo em geral, e da capacidade de regeneração de todos os tecidos, incluindo das cartilagens articulares. Com ele há uma mudança na composição e na hidratação da cartilagem, que fica mais frágil. Os tecidos produtores do lubrificante natural das articulações também perdem sua eficiência, acelerando o desgaste. A velocidade com que isso acontece varia imensamente entre os indivíduos, e este processo também é mal entendido e parece estar sujeito a influências genéticas.

Quando a cartilagem não mais consegue superar as agressões elas se transmitem para o osso subjacente, que tenta se defender produzindo mais osso. O resultado deste processo são os “osteófitos”, ou saliências ósseas que nas mãos levam àquele alargamento das juntas (nódulos de Heberden e Bouchard) e na coluna ao famosos “bicos de papagaio”. Este mecanismo visa estabilizar a articulação e protege-la de mais trauma, mas nem sempre é eficaz e ocasionalmente apenas causa mais trauma e limitação.

Interessantemente, parece existir uma relação entre artrose e hiper-motilidade (pessoas, geralmente mulheres, que têm articulações mais frouxas e abundam em alongamento). Imagina-se que isso aconteça por 2 motivos: 1) os ligamentos são feitos basicamente do mesmo material que as cartilagens, portanto ligamentos frouxos é igual a cartilagens frouxas. 2) ligamentos mais frouxos não protegem adequadamente as articulações, que sofrem mais traumas. Então porque existem tantas mulheres com esta hipermotilidade? A resposta parece ser: porque a frouxidão ligamentar favorece o parto, de forma que esta característica teria sido amplamente selecionada em mulheres durante a evolução, mas menos em homens.

Em que partes do corpo a artrose acontece?

Ela pode acontecer em qualquer articulação do corpo, mas tem predileção por algumas em específico.

Existem 2 processos de artrose distintos, a artrose das juntas pequenas das mãos e pés (tipicamente as das pontas dos dedos) e a artrose de grandes articulações como quadris e joelhos. A primeira é bastante geneticamente determinada. Pessoas que têm parentes próximos com mãos e pés artróticos têm chances bem maiores de vir a tê-los. O segundo tipo é mais ligado à sobrecarga e à obesidade.

Algumas articulações classicamente sofrem bem menos de artrose, como os punhos, cotovelos, metacarpo-falangenas (as articulações entre os dedos e as mãos). A presença de artrose importante nestas articulações clama a investigação de algum processo patológico desencadeante.

Quais são os sintomas da artrose?

Graus diferentes de artrose dão sintomas diferentes. Além disto, as pessoas têm graus muito variados de sensibilidade à artrose. Um mesmo grau de artrose pode causar imenso desconforto em algumas pessoas e nenhum desconforto em outras. Os sintomas mais comuns são: dor, alargamento da articulação, inflamação (calor, inchaço), limitação do movimento. Nem sempre é fácil diferenciar a artrose da artrite (processo originalmente inflamatório, com várias causas, como autoimunidade, gota, trauma, infecção). Uma dica é a característica da dor. Na artrose a dor tipicamente é pior no início do movimento e que melhora rapidamente, em segundos a minutos, “quando a junta esquenta”. Na artrite o tempo para a articulação “esquentar” é maior (minutos a horas). O local de acometimento também é outra dica. Nas mãos, a artrose quase sempre acomete mais as juntas das pontas dos dedos do que as outras. São raros os processos inflamatórios (artrites) que acometem estas articulações (gota, artrite psoriática). Independentemente das “dicas”, cabe ao médico diferenciar estes processos.

Como se previne a artrose?

Não se pode completamente evitar a artrose, assim como não se pode evitar o envelhecimento. No entanto pode-se minimizar, dentro de nossa tendência individual, o avanço deste processo. Primeiramente deve-se evitar a obesidade. Ela é o certamente o processo mais associado à artrose de quadril, joelhos e tornozelos (as articulações que aguentam o peso) [2]. Em um estudo, a perda de apenas 4 quilos e meio, ao longo de 10 anos, diminuiu o risco de desenvolver artrose em 50% [3]. Em segundo lugar deve-se cuidar do corpo. Os músculos, junto com os ligamentos, são os principais estabilizadores das articulações. Músculos flácidos levam a articulações instáveis e mais sujeitas a traumas e sobrecargas. Interessantemente, o desbalanço entre musculaturas também levam a alterações na função articular. Assim, o fortalecimento muscular deve contemplar todos os grupos musculares igualmente. Vícios de postura são grandes causadores de artrose, em especial de coluna. A consciência corporal, alongamentos e atividades físicas balanceadas, Yoga, Pilates e RPG, entre outros, são meios de corrigir estes vícios. Traumas desnecessários devem ser evitados! Algumas atividades físicas são clássicos destruidores de articulações, como o futebol, a ginástica olímpica, o tênis, etc. Isso não quer dizer que você não deva praticar estes esportes, seria como deixar de viver para evitar a morte. Apenas leve em consideração o potencial destrutivo das atividades de impacto e minimize seus danos com o uso de calçados adequados, fortalecimento muscular, aperfeiçoamento da técnica e evitando choques e traumas desnecessários. Não há evidências de que nenhuma alimentação em específico seja melhor que outra na prevenção de artrose, no entanto uma alimentação balanceada é necessária para a produção adequada de cartilagem e seu lubrificante, e uma alimentação consciente é necessária para evitar o ganho de peso.

Como se trata a artrose?

Veremos a baixo que o tratamento medicamentoso para artrose tem várias limitações. Portanto o tratamento não medicamentoso merece destaque.

Tratamento não medicamentoso

Perda de peso

Vimos que obesidade está ligada ao desenvolvimento de artrose, mas a perda de peso é eficaz em reduzir os sintomas? A resposta é sim. Mesmos perdas de peso modestas são eficazes em reduzir a dor. Em um estudo, 316 pacientes com sobrepeso e artrose de joelhos foram sorteados para receber educação sobre bem-viver, dieta, exercícios físicos ou ambos. A combinação de dieta e exercícios foi a mais eficaz, com melhora da dor e disfunção [4].

Exercícios físicos aeróbicos

A relação entre exercícios físicos e artrose sempre foi controversa. Por um lado o uso das articulações danificadas poderia causar mais desgaste, dor e inflamação. Por outro, os pacientes com artrose frequentemente possuem deficiências na marcha, alongamento, flexibilidade, capacidade aeróbica e força que poderiam ser melhoradas com exercícios. Ainda, a realização de atividades físicas e a melhora progressiva da performance podem ser um grande estímulo psicológico a este paciente cuja vida é frequentemente muito limitada. Em um estudo, 102 pacientes com artrose de joelhos foi sorteado para receber um programa supervisionado de caminhada e educação ou o tratamento médico de rotina. O grupo da caminhada apresentou 39% de melhora na capacidade física e 27% de melhora na dor, enquanto nenhuma mudança ocorreu no outro grupo [5]. Em uma metanálise (estudo que usa métodos estatísticos para unir dados de vários estudos pequenos na tentativa de obter resultados mais confiáveis), cada uma das intervenções estudadas teve um baixo impacto nos sintomas da artrose. Entretanto exercícios aeróbicos foi a atividade individualmente mais eficaz [6]. Nem todos os estudos são tão otimistas, no entanto. Portanto exercícios físicos aeróbicos devem ser incentivados, mas realizados com supervisão direta e individualizados para minimizar danos e otimizar ganhos. Os pacientes são encorajados a “aquecerem” antes dos exercícios, com alongamentos para promover circulação sanguínea adequada, e desencorajados a correr ou subir escadas (como forma de exercícios) para evitar a sobrecarga dos joelhos.

Exercícios de baixo impacto

Exercícios de baixo impacto como natação, hidroginástica, bicicleta, caminhada e Tai Chi ajudam a desenvolver força muscular (que protege as articulações) sem tanto agredi-las. Em um pequeno estudo, com 40 pacientes com artrose de joelhos, metade foi sorteados para receber 12 semanas de Tai Chi e a outra metade 12 semanas de educação nutricional e alongamentos. Ambos os grupos melhoraram os índices de dor (WOMAC), mas no grupo Tai Chi eles caíram de 220 para 70 e no outro de 220 para 150 [7]. Exercícios de baixo impacto são preferíveis aos demais para artrose, salvo raras exceções. Exercícios na água são particularmente benéficos para pacientes com artrite grave, pacientes obesos, ou com muito pouco condicionamento físico [8].

Musculação

Musculação tem o poder de reverter a atrofia muscular ligada à artrose e à inatividade, e desta forma proteger a articulação. Outra vantagem desta abordagem é a possibilidade de ser realizada inclusive por indivíduos que tenham dificuldades de exercer atividades aeróbicas, como cardíacos e portadores de disfunções físicas e neurológicas. Exercícios de musculação individualizados são benéficos desde que isométricos (força contínua, mas sem, ou com muito pouco, movimento articular), em especial para aqueles com inflamação articular. Lembrar que o desbalanço da musculatura é causa de desgaste tanto quanto a atrofia, de forma que os grupos musculares antagônicos devem ser igualmente contemplados.

Fisioterapia

Existem evidencias crescentes e a crença em geral de que fisioterapia pode melhorar a dor e a evolução da artrose. Esta modalidade, na verdade, inclui todas as outras já referidas (alongamento, fortalecimento, atividade aeróbica), direcionadas para as necessidades do paciente, e também outros métodos como calor local, ultrassom, infravermelho (voltadas para a diminuição da inflamação), a manipulação manual (massagens, massoterapia, etc) e atenção pessoal e psicológica. No Brasil, no entanto, estes profissionais são frequentemente muito mal remunerados (3 reais a hora pelo SUS e não muito mais que isso por muitos convênios), o que inviabiliza a atenção requerida para o tratamento da artrose.

Calçados e palmilhas

Calçados e palmilhas podem ajudar nos sintomas e possivelmente retardar a evolução da artrose, principalmente em joelhos e tornozelos, mas também possivelmente em quadril. Calçados com acolchoamento ou palmilhas de material visco-elástico, como o silicone ou as sorboplanas®, diminuem diretamente o impacto das atividades físicas. Pequenos saltos (2,5 a 4 cms) reduzem a pressão da patela sobre o fêmur, protegendo esta articulação. Recentemente voltaram à moda os calçados “em mata-borrão”, cujas solas são curvas, permitindo um movimento de pêndulo ao andar, também diminuindo o impacto desta atividade.

Acupuntura

Apesar de bastante prescrita e procurada, existem poucos estudos razoavelmente desenhados avaliando acupuntura para artrose. Um metanálise recente concluiu que “acupuntura é ligeiramente melhor do que pinçamento placebo no alívio da dor”. Alguns pacientes relatam boa melhora, no entanto.

Existem medicações para tratar a artrose?

Sim, existem muitas. Mas aqui vale a máxima “se existem muitas é porque nenhuma é boa”. Na verdade nenhum tratamento provou em estudos grandes e bem feitos realmente modificar o curso da artrose. No entanto a falta de prova de eficácia não é igual à prova da ineficácia. Estudos grandes e bem feitos são difíceis, demorados e caros. Portanto poucos foram realizados e todos esbarram na dificuldade de quantificar a evolução da doença. Como já foi mencionado, a dor e os sintomas são imensamente variáveis entre indivíduo e são maus indicativos da progressão do processo. As alterações no raio-x são muito grosseiras, pouco sensíveis e amplamente sujeita a subjetividades de interpretação entre diferentes radiologistas. Um dado interessante é que apenas placebo consegue causar melhora dos sintomas em até 30% dos indivíduos. Portanto a ação de uma medida só deve ser considerada efetiva se comparada com placebo. A despeito da falta de evidências científicas, diversas medicações são largamente usadas como auto-medicação ou prescritas por reumatologistas. Isto é feito em parte para “tratar” a angústia de não se fazer nada, mas também porque médicos e pacientes na prática frequentemente têm uma impressão diferente da apontada pelos estudos: de que há melhora dos sintomas com a medicação e que há a piora com a retirada dela, ou com a substituição por placebo. A maior parte destas medicações não tem efeito analgésico ou antinflamatório. Porque, então, elas fariam diferença? Será que há efeitos benéficos que não puderam ser bem avaliados cientificamente em função das dificuldades do método? Enquanto houver dúvida haverá a tentativa de tratamento. Outro dado relevante é que cada uma das drogas age (ou agiria) por mecanismos diferentes, portanto teoricamente a soma delas seria sinérgica (benéfica). Nenhum estudo testou a soma de medicações (a exceção apenas de glucosamina com condroitina) contra o placebo. Outra margem para dúvidas.

A seguir, um resumo das principais drogas frequentemente utilizadas:

Analgésicos

Em função da falta de evidências claras do benefício de drogas no curso da artrose, a maioria (senão todas) das diretrizes nacionais e internacionais apontam os analgésicos não opióides como a primeira linha de drogas a serem prescritas para a artrose. Diferentemente dos antinflamatório, estas drogas geralmente são seguras para o uso contínuo (nas doses aqui descritas), mesmo em pacientes idosos e com diversas comorbidades. No Brasil podemos optar entre o paracetamol (500 e 750mg, que pode ser tomado até de 6 em 6 horas) ou a dipirona (500mg, também de 6 em 6 horas). Suas limitações consistem na eficácia no controle dos sintomas (moderada na melhor das hipóteses), e posologia (4 vezes ao dia).

Analgésicos opióides

Os analgésicos opióides (tramadol, oxicodona, dolantina, morfina, fentanyl) não devem ser usados por longos períodos por efeitos colaterais, dependência química e perda de eficácia. No entanto ocasionalmente são usados durante “crises” dolorosas.

Antinflamatórios (não corticoides)

São mais eficazes que os analgésicos no controle da dor, e são frequentemente utilizados quando estes deixam de funcionar. É possível, ainda, que os antinflamatórios tenham efeitos na artrose além do controle da dor. A inflamação é parte do ciclo vicioso que em última análise leva à destruição articular, e sua inibição poderia ter efeito retardador do processo [9,10].

No entanto os efeitos colaterais de seu uso prolongado, mesmo com as doses habituais, são bem conhecidos e potencialmente fatais, incluindo gastrite, úlcera gástrica, sangramento digestivo, insuficiência renal (na maioria das vezes irreversível), hepatite medicamentosa. Um agravante é que a população que mais tem artrose, os idosos, é a que mais está sujeita a seus efeitos colaterais. Aqui vale pontuar que, mesmo sendo estas medicações vendidas sem prescrição, os antinflamatórios não devem ser usados por períodos maiores que poucos dias, exceto se prescrito por médicos após cuidadosa avaliação clínica e laboratorial. Indivíduos com disfunção parcial dos rins (apenas diagnosticável com exames laboratoriais) não devem usar estas medicações.

Existem ainda os antinflamatórios tópicos, em forma de gel, que são seguros e aparentemente de alguma eficácia.

Corticóides via oral

Seus efeitos colaterais em longo prazo são também amplamente conhecidos e incluem ganho de peso, osteoporose, catarata, glaucoma, diabetes, fraqueza muscular progressiva, entre outros. Possuem ainda os mesmos efeitos colaterais gastro-intestinais e renais que os antinflamatórios comuns, se bem que bem menos frequentes. Seu uso crônico em baixas doses, na artrose, só deve ser cogitado quando os benefícios claramente superam os riscos. Não deve ser utilizada sem prescrição médica. Em “crises inflamatórias”, no entanto, podem ser de grande ajuda, por curtos períodos.

Glucosamina e condroitina

São considerados suplementos alimentares e largamente utilizados para artrose de grandes articulações. A ideia por trás destas substâncias é a que, sendo estes dois componentes básicos da cartilagem e de seu lubrificante, sua super-oferta poderia ajudar a reconstrui-la lubrifica-la. Ainda mais em idosos, nos quais a absorção intestinal destas substâncias nas quantidades normalmente presentes nos alimentos é diminuída. No entanto muita controvérsia existe sobre a eficácia desta abordagem. O balanço das evidências baseadas em trabalhos de boa qualidade sugere pequeno ou nenhum beneficio em seu uso [11-13] (como na maioria das outras medidas para artrose, diga-se de passagem). Ao mesmo tempo não parece haver qualquer risco associado ao seu uso, exceto por discretas e ocasionais indisposições gastro-intestinais. A glicosamina deve, no entanto, ser evitada em indivíduos alérgico a frutos do mar, por derivar da casca do camarão.

Cloroquina

As cloroquinas (hidroxicloroquina e difosfato de cloroquina) são derivados do quinino, planta usada há milênios pelos índios americanos no tratamento da malária. Sabe-se que estas substâncias têm também efeitos imunomoduladores (controladores do sitema imune), pelos quais são usadas em doenças como o lúpus e a artrite reumatoide. Nestas doenças as cloroquinas auxiliam na prevenção do dano articular. O uso empírico das cloroquinas na artrose é baseado na ideia de que aqui também há inflamação e a participação do sistema imune, apesar de bem menos centrais.  Existem, no entanto, bem poucas evidências científicas respaldando este uso. Em uma série de casos, 6 dos 8 pacientes com artrose erosiva não respondedora a antinflamatórios melhoram com a hidroxicloroquina [14]. No Brasil estas substâncias são amplamente utilizadas por reumatologistas, principalmente para artrose erosiva de mãos, com uma impressão geral positiva. O difosfato de cloroquina deposita-se em muitos dos tecidos de nosso corpo, incluindo o fundo de olho e o aparelho auditivo, e pode em alguns casos e sempre após um longo período de uso (maior que um ano), causar diminuição da visão e da audição. Seu uso é seguro, desde que acompanhamento seriado (6 em 6 meses) seja feita com oftalmo e otorrinolaringologista. Este efeito colateral não parece acontecer com a hidroxicloroquina, o que justifica seu maior uso, a despeito de aparente menor eficácia e maior custo.

Diacereína

A diacereína é um composto originalmente extraído do ruibarbo, uma planta comestível largamente conhecida fora do Brasil. Ela é metabilizada em outra substância, o ácido clássico que tem propriedades antinflamatórias e analgésicas (diminui a produção de interleucina-1 e estimula a produção de prostaglandina E2). Uma revisão sistemática de 2006 incluindo diversos trabalhos que junto compreendiam 2069 pacientes com artrose notou um modesto, mas estatisticamente significante, beneficio da diacereína comparada com placebo [15]. Seu efeito colateral mais comum é diarreia, e ela deixa a urina com cor avermelhada.

Colchicina

Empresta-se da gota o uso de colchicina na artrose. Esta substância tem o poder e estabilizar o micro-esqueleto das nossas células, dificultando que leucócitos (células do sistema imune) desloquem-se até o sítio inflamatório ou lá despejem substâncias pró-inflamatórias. Na gota o causador da inflamação é o cristal de ácido úrico. Na artrose pode haver cristais de pirofosfato de cálcio, tanto como consequência como. É nesta condição (artrose associada à depósito de cristais, ou pseudogota) quando a colchicina é mais frequentemente utilizada[16]. Em um pequeno estudo com 10 pacientes com pseudogota esta substância foi eficaz em reduzir o número de ataques [17]. Na artrose de joelhos, 36 pacientes foram sorteados para receber apenas antinflamatórios (e placebo) ou antinflamatórios e colchicina. O segundo grupo apresentou melhora dos índices de dor cerca de 30% maiores [18]. O efeito colateral mais comum desta substância (mas não o mais grave) é diarreia.

Corticoides intra-articular

A injeção de corticoide intra-articular pode ser apropriada em pacientes com artrose e inflamação em apenas 1 ou poucas articulações e que falharam em apresentar melhora (ou têm contra-indicações) com analgésicos e antinflamatórios orais. O controle dos sintomas é bastante eficaz e documentado em estudos bem desenhados e pode durar até 3 meses [19]. No entanto esta prática esbarra em algumas limitações: articulações diferentes do joelho não são tão fáceis de serem puncionadas; injeções seriadas de corticoide pode resultar na frouxidão de ligamentos e atrofia de tecidos. Sempre que possível o procedimento deve ser guiado por ultrassom, principalmente em articulações diferentes do joelho, e o máximo de cuidado deve ser tomado para minimizar a chance de se causar uma infecção bacteriana com a punção. Antes de se injetar a cortisona deve-se sempre aspirar possíveis líquidos intra-articulares e envia-los para cultura e pesquisa de microrganismos, em especial se infecção é suspeitada.

Ácido Hialurônico intra-articular

Ácido hialurônico é uma longuíssima molécula normalmente constituinte do líquido que lubrifica as articulações (líquido sinovial). A injeção desta substância em articulações artróticas, em particular os joelhos, foi estudada por grupos patrocinados pelos laboratórios fabricantes, e mostrou-se capaz de aliviar os sintomas mais que placebo ou antinflamatórios orais [20]. O alívio dos sintomas parece ser duradouro, mas múltiplas injeções são necessárias.

Referências:

1.         Peat G, McCarney R, Croft P. Knee pain and osteoarthritis in older adults: a review of community burden and current use of primary health care. Ann Rheum Dis 2001; 60:91.

2.         Concoff, AL, Singh, R, Klarhman, D, et al. A clinical algorithim for identifying occult crystalline disease in patients with osteoarthritis (abstract). Arthritis Rheum 1997; 40:S239.

3.         Jordan KM, Arden NK, Doherty M, et al. EULAR Recommendations 2003: an evidence based approach to the management of knee osteoarthritis: Report of a Task Force of the Standing Committee for International Clinical Studies Including Therapeutic Trials (ESCISIT). Ann Rheum Dis 2003; 62:1145.

4.         Towheed TE, Maxwell L, Judd MG, et al. Acetaminophen for osteoarthritis. Cochrane Database Syst Rev 2006; :CD004257.

5.         Dougados M, Nguyen M, Listrat V, Amor B. High molecular weight sodium hyaluronate (hyalectin) in osteoarthritis of the knee: a 1 year placebo-controlled trial. Osteoarthritis Cartilage 1993; 1:97.

6.         Biggee BA, Blinn CM, McAlindon TE, et al. Low levels of human serum glucosamine after ingestion of glucosamine sulphate relative to capability for peripheral effectiveness. Ann Rheum Dis 2006; 65:222.

7.         Pullman-Mooar, S, Mooar, P, Sieck, M, et al. Are there distinctive inflammatory flares of synovitis after hylan GF intra-articular injections? (abstract). Arthritis Rheum 1999; 42(Suppl 9):S295.

8.         Wandel S, Jüni P, Tendal B, et al. Effects of glucosamine, chondroitin, or placebo in patients with osteoarthritis of hip or knee: network meta-analysis. BMJ 2010; 341:c4675.

9.         Amin AR, Attur M, Patel RN, et al. Superinduction of cyclooxygenase-2 activity in human osteoarthritis-affected cartilage. Influence of nitric oxide. J Clin Invest 1997; 99:1231.

10.       Li X, Afif H, Cheng S, et al. Expression and regulation of microsomal prostaglandin E synthase-1 in human osteoarthritic cartilage and chondrocytes. J Rheumatol 2005; 32:887.

11.       Clegg DO, Reda DJ, Harris CL, et al. Glucosamine, chondroitin sulfate, and the two in combination for painful knee osteoarthritis. N Engl J Med 2006; 354:795.

12.       Sawitzke AD, Shi H, Finco MF, et al. Clinical efficacy and safety of glucosamine, chondroitin sulphate, their combination, celecoxib or placebo taken to treat osteoarthritis of the knee: 2-year results from GAIT. Ann Rheum Dis 2010; 69:1459.

13.       Wandel S, Jüni P, Tendal B, et al. Effects of glucosamine, chondroitin, or placebo in patients with osteoarthritis of hip or knee: network meta-analysis. BMJ 2010; 341:c4675.

14.       Bryant LR, des Rosier KF, Carpenter MT. Hydroxychloroquine in the treatment of erosive osteoarthritis. J Rheumatol 1995; 22:1527.

15.     Diacerein for osteoarthritis.AUFidelix TS, Soares BG, Trevisani VFSOCochrane Database Syst Rev. 2006

16.       Klashman, DJ, Moreland, LW, Ike, RW, Kalunian, KC. Occult presence of CPPD crystals in patients undergoing arthroscopic knee irrigation for refractory pain related to osteoarthritis (abstract). Arthritis Rheum 1994; 37:S240.

17.       Alvarellos A, Spilberg I. Colchicine prophylaxis in pseudogout. J Rheumatol 1986; 13:804.

18.       Das SK, Ramakrishnan S, Mishra K, et al. A randomized controlled trial to evaluate the slow-acting symptom-modifying effects of colchicine in osteoarthritis of the knee: a preliminary report. Arthritis Rheum 2002; 47:280.

19.       Lambert RG, Hutchings EJ, Grace MG, et al. Steroid injection for osteoarthritis of the hip: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Arthritis Rheum 2007; 56:2278.

20.       Intra-Articular Injections for osteoarthritis of the Knee. Med Lett Drug Ther 2006; 48:25.

CRÉDITOS DO ARTIGO: Reumatologia Avançada. Acesso em 27/11/2012.

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NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

ARTRITE REUMATÓIDE–INFORMAÇÕES GERAIS

ACUPUNTURA CURITIBA ARTRITE REUMATOIDE

Nota introdutória do site: artrite reumatóide é um problema bastante comum em nossa prática. Por isso estamos publicando este artigo como subsídio aos nossos pacientes e leitores com o único intuito de divulgar informações confiáveis para esclarecimento. Conforme explicitado em nossa Política do Site, reiteramos que o propósito geral de nosso site e deste artigo em particular não é o de servir como guia para auto-diagnóstico e nem mesmo uma maneira para confirmação de diagnósticos. A única maneira de obter um diagnóstico fidedigno e orientações precisas é com seu prestador de serviços de saúde (seja ele médico no caso dos diagnósticos nosológicos ocidentais, terapeuta acupunturista para os diagnósticos energéticos orientais e os casos da alçada de outros profissionais de saúde nas suas áreas de atuação como fisioterapeutas, psicólogos, etc.).

Artrite Reumatóide

Introdução:

Apesar da artrite reumatóide (AR) ser historicamente temida com uma das formas mais agressivas e deformante de reumatismo, pacientes diagnosticados com esta doença nos dias de hoje têm um prognóstico muito mais animador.  Avanços recentes no entendimento da doença e a combinação de novos e velhos tratamentos têm tornado possível evitar, ou ao menos frear, o dano articular na grande maioria dos pacientes. Poucas áreas da medicina têm passado por mudanças tão rápidas quanto à reumatologia e, em especial, o tratamento da artrite reumatóide.

Em poucas palavras:

  • A AR é a forma mais comum de artrite (inflamação nas articulações) mediada pelo sistema imunológico
  • Acomete 1 a 2% da população mundial.
  • Afeta mulheres 2,5 vezes mais freqüentemente que homens.
  • Pode ocorrer em qualquer idade, mas o pico da incidência acontece entre a 4ª e a 5ª década de vida.
  • Na maior parte das vezes os sintomas iniciam-se paulatinamente com fadiga, rigidez ou “ferrugem” nas juntas pela manhã, dor e inflamação nas articulações, semelhante em ambos os lados do corpo, em especial nos punhos, mãos e pés (poupando as articulações mais próximas às pontas dos dedos).
  • Se não tratada, na maior parte das vezes a AR evolui para uma doença crônica e progressiva, capaz de levar a deformidades nas articulações.
  • O tratamento deve ser realizado por reumatologista e é eficaz em grande parte das vezes.
  • Um grande número de novas drogas têm surgido, ascendendo esperanças para os casos mais difíceis.

O que é Artrite reumatóide?

É uma doença crônica que causa dor, rigidez, inchaço e limitação à motilidade e função de múltiplas articulações do sistema esquelético. Apesar de a AR poder acometer virtualmente qualquer articulação do corpo, os punhos e as articulações dos dedos mais próximas das mãos e pés são mais freqüentemente acometidas, e as distais (as mais próximas das pontas dos dedos), muito raramente. A inflamação pode ocorrer em outros órgãos também.

Quais são os sintomas de Artrite Reumatóide?

A AR é uma doença infamatória sistêmica, portanto sintomas gerais como fadiga, febre, perda de peso podem estar presentes antes mesmo das manifestações articulares, apesar de geralmente serem menos proeminentes do que estas. Na maioria das vezes a AR se instala insidiosamente, com dor, inchaço e rigidez das articulações (principalmente as referidas à cima) progressivos ao longo de semanas ou meses. Uma minoria dos pacientes, no entanto, apresentam uma forma abrupta e explosiva de poliartrite (artrite em muitas articulações). Monoartrite (artrite em uma única articulação) é possível na AR inicial, mas outras doenças reumatológicas são prováveis e devem cuidadosamente ser excluidas. Outros pacientes, ainda, apresentam episódios transientes e auto-limitados de monoartrites ou poliartrites, apresentação conhecida como “reumatismo palindrômico”. Metade dos pacientes com reumatismo palindrômico vai desenvolver AR típica com o tempo. Com a progressão da doença, as grandes articulações (tornozelos, joelhos, cotovelos, ombros) são freqüentemente atingidas. O acometimento das articulações têmporo-mandibular (a envolvida na mastigação), esterno-clavicular (no final da clavícula) e espinha é incomum, e se presente tende a acontecer mais tardiamente. O envolvimento de órgãos e tecidos diferentes das articulações também tendem a acontecer em doenças antigas e duradoras. Ele consiste principalmente em nódulos firmes e indolores surgindo geralmente em cotovelos, tendão de Aquiles e dedos (nódulos reumatóides); falta de ar e/ou dor à respiração por inflamação do pulmão e/ou pleura (membrana que envolve o pulmão); dor e vermelhidão em esclera dos olhos (esclerite); boca e olhos secos (síndrome de Sjoegren secundária). Outras manifestações extra-articulares são possíveis mas ainda mais raras.

O que causa Artrite Reumatóide?

A AR é uma doença “autoimune”. O sistema imune é desenhado para proteger-nos de bactérias, vírus, câncer e outros agressores. Nas doenças autoimunes o sistema imune identifica e ataca partes do nosso corpo como faz com patógenos. Não se entende completamente o que causa ou perpetua esta “auto-agressão”, mas ela é atribuída a uma combinação de tendências pessoais (genética, hormônios) com fatores ambientais (tabaco, vírus, bactérias). Estudos PRELIMINARES apontam que a inflamação constante e/ou recidivante da gengiva, causada por uma higiene bucal insuficiente, elevaria o risco de desenvolver AR.

Quem vai desenvolver Artrite Reumatóide?

Mulheres desenvolvem AR 2,5 vezes mais freqüentemente que homens.  A doença pode acontecer em qualquer idade, mas o pico de incidência acontece entre a 4ª e 5ª década. Indivíduos com parentes de 1º grau com AR têm chance 1,5 vezes maior que a população em geral de desenvolver a doença. Quando a AR acomete indivíduos que possuem irmãos gêmeos idênticos (com exatamente os mesmos genes) o outro também é acometido em 12 a 15% das vezes, o que sugere influência genética (mas não exclusiva).

Como Artrite Reumatóide é diagnosticada?

É relativamente recente a disponibilidade da pesquisa de anticorpos contra peptídeos cíclicos citrulinados (anti-CCP) em laboratórios comuns. A presença deste marcador no sangue de um indivíduo com sintomas compatíveis permite o diagnóstico de AR com cerca de 90 a 96% de certeza. No entanto, de 24 a 53% dos indivíduos que têm AR nunca vão apresentar este anticorpo. Nos casos iniciais esta proporção pode ser ainda maior. Nestes casos o reumatologista tem que se basear no quadro clínico e em marcadores menos específicos para diagnosticar a doença e diferenciá-la de outras com início muito semelhante. Portanto o diagnóstico pode não ser fácil ou imediato, e semanas ou até meses de observação e um grande número de exames não são raros até se ter a certeza do diagnóstico. Outros exames que auxiliam no diagnóstico são fator reumatóide (menos específico e sensível que o anti-CCP), provas inflamatórias, exames (relativamente) específicos para doenças a serem excluídas, exames de imagem. Dentre os exames de imagem, a ultrassonografia e a ressonância magnética são de grande ajuda por diferenciar precocemente artrites capazes de erodir as articulações (sugestivo de AR) de artrites não erosivas (sugestivo de outras causas). O raio-x é importante mas vai ser alterado bem mais tardiamente que nestes 2 exames.

Como a Artrite Reumatóide é tratada?

Atualmente a maioria dos reumatologistas concordam que quanto antes a doença for controlada maiores as chances do paciente ficar livre de sintomas, e da doença. Seguindo esta idéia a tendência atual é introduzir, assim que o diagnóstico é firmado, doses efetivas da combinação de diversas drogas com ação sobre o sistema imune, e sobre a inflamação. Nenhuma destas medicações é livre de possíveis efeitos colaterais, mas são geralmente bem toleradas e com uma relação custo/benefício bastante favoráveis. Algumas das medicações mais tradicionais para a AR não são mais disponíveis no Brasil (p.e. sais de ouro), outras são menos usadas, por uma pior relação custo/benefício para esta doença (sulfas, ciclosporina, Azatioprina), mas outras ainda são centrais no tratamento da AR (metotrexate, cloroquina). O leflunomide é uma droga mais recente e bastante útil, com eficácia semelhante ao Metotrexate. As cortisonas (corticoesteróides) são usadas na AR há muitas décadas. Passada a euforia inicial, descobriu-se que apesar de elas terem um impacto importante na inflamação e nos sintomas dos pacientes, sua habilidade em efetivamente parar a doença é pequena, se existente. Em combinação com as chamadas “drogas modificadoras de doença”, no entanto, ela mantém seu papel. Antinflamatórios comuns não têm efeito modificador de doença, mas podem aliviar os sintomas e poupar doses maiores de corticóides.

Nas últimas décadas o desenvolvimento da biotecnologia permitiu um salto exponencial no nível de conhecimento acumulado sobre o funcionamento do sistema imunológico. A conseqüência natural disso foi o desenvolvimento de drogas capazes de agir diretamente sobre os aspectos “fora da ordem” em muitas das doenças autoimunes. Nasciam os medicamentos “biológicos” (para saber mais clique aqui). No Brasil existem atualmente 5 biológicos aprovados pela ANVISA para uso na AR (Infliximabe, adalimumabe, etanercept, rituximabe, Abatacepte), mas esta lista tende a crescer rapidamente. São medicações potentes, que muitas vezes têm ação mesmo em indivíduos que deixaram de responder às medicações convencionais. Por outro lado até um terço dos pacientes (segundo a Arthitis Foundation, nos EUA) não respondem ou deixam de responder também às novas medicações, e o efeito destas medicações sobre o sistema imunológico podem trazer efeitos colaterais, como maior propensão a infecções e câncer. O custo é outro limitante. Algumas destas substancias podem custar cerca de R$15.000,00 mensais, e seriam utilizadas por tempo indeterminado. Certamente estas dificuldades limitam, mas estão longe de inviabilizar o uso dos biológicos. O custo tende a cair com o aperfeiçoamento das técnicas de produção e com a concorrência entre as companhias farmacêuticas, e aos poucos vamos descobrindo as doses, as combinações e o “timing” para cada uma destas drogas, em cada doença. Hoje já é impensável fazer reumatologia sem os novos biológicos, e certamente o futuro trará ainda melhores surpresas. Mas por enquanto estas substâncias são indicadas para casos e pacientes específicos, geralmente após falha da terapia convencional, ou em atrites iniciais agressivas.

Outras modalidades de tratamento

Informação – Buscar informação é essencialmente uma boa coisa: o paciente orientado e engajado ativamente no seu processo de cura tem claramente melhor prognóstico. No entanto, a busca não assessorada de informações, sobre tudo na Internet, pode trazer uma impressão sobre esta condição mais negra do que a realidade. Ou pior, pode trazer uma impressão mais leve do que a real, e estimular negligencias, abandonos do tratamento ou  opções (tentadoras) de terapias alternativas sem embasamento científico. Procure informações em sites e organizações confiáveis (sugestões a baixo) e discuta suas impressões com seu reumatologista. Utilize medicações não convencionais apenas com a aprovação do seu médico, e sem deixar de usar as medicações prescrias!

Psicoterapia – É comum, e de alguma forma esperado, que o advento de uma doença crônica e potencialmente deformante cause angústia, ansiedade e até depressão. A psicoterapia pode ajudar o paciente a elaborar as perdas, reorganizar sua vida e readaptar as perspectivas. Há evidências de que a psicoterapia seja capaz de diminuir a autopiedade, inibir posturas passivas diante da doença e do processo de cura e diminuir a percepção da dor. O sistema imunológico, assim como o neuro-endócrino e os demais sistemas do corpo humano, está sob influência do sistema neuro-psiquiátrico. É possível, portanto, que o benefício da psicoterapia vá além do psicológico.

Descanso – Durante os períodos de inflamação (sistêmica ou localizada) a execução das atividades normais pode ser difícil. Durante estes períodos repouso é fundamental, e pode ser alternado com exercícios adequados.

Exercícios – Dor e rigidez freqüentemente levam a pacientes a evitar exercícios. A falta do uso pode resultar em perda da motilidade, contraturas e atrofia muscular, causando aumento da fadifa, além de instabilidade articular e maiores deformidades. Exercícios visando a ampliação da motilidade ajudam a restaurar a função de um membro. Exercícios de fortalecimento muscular (isométricos, isotônicos e isocinéticos), realizados 1 a 2 vezes por semana, melhora a função e não pioram a atividade articular. Exercícios aeróbicos melhoram a função muscular, melhoram o controle da dor possivelmente previnem osteoporose induzida pelo corticoide e não pioram a atividade da doença. Programa de exercícios devem ser prescrito por médicos e fisioterapeutas e devem ser direcionados individualmente para cada paciente.

Fisioterapia – Os objetivos da fisioterapia na AR são a redução da dor e inflamação e a preservação da função e integridade articular. A fisioterapia envolve diversas modalidades de tratamentos direcionadas a problemas específicos. Isso exclui: calor ou frio para o alívio da rigidez e inflamação; ultrassonografia para atenuar tenosinovites; exercícios ativos e passivos para melhorar e manter o alcance da motilidade das articulações; descanso e talas para reduzir dor e melhorar função; técnicas de relaxamento para diminuir espasmo de musculatura.

Terapia ocupacional – foca na adaptação dos membros afetados (especialmente os superiores) às atividades do dia-a-dia, incluindo: educação sobre proteção articular; provisão de artefatos auxiliares e talas e orientações referentes ao seu uso.

Alimentação – Muitas dietas foram propostas para a AR, mas a maioria não mostrou benefícios em estudos controlados. Possível exceções são as dietas ricas em óleos de peixe e as dietas ricas em ácido eicosapentaenóico ou docosahexaenóico, que parecem diminuir sintomas. Pacientes obesos devem ser encorajados a perder peso, no intúito de diminuir a sobrecarga sobre as articulações.

Prevenção de osteoporose – A AR por si é um fator de risco para osteoporose, em função da inflamação crônica. Adicionalmente, a AR ocorre mais freqüentemente em mulheres na 4ª ou 5ª década de vida, população em especial risco para o início do problema. O corticóide, quase sempre utilizado na doença, é outro fator de risco importante para a osteoporose. Desta forma uma abordagem farmacêutica (cálcio, vitamina D e outros remédios) e não farmacêutica (exercícios, prevenção de quedas) deve ser instituída o quanto antes.

Prevenção de doença cardíaca e vascular – A doença cárdio-vascular é a principal causa de morte entre os pacientes com AR. A inflamação crônica, bem como o uso contínuo de corticóide, são potentes fatores de risco para ateriosclerose e suas conseqüências. A prevenção do problema passa pelo controle precoce e efetivo da inflamação, pelo controle agressivo do colesterol, abolição do tabagismo e de outros fatores de risco modificáveis.

Vacinações – pacientes recebendo drogas imunossupressoras NÃO devem receber vacinas com vírus vivos. As demais são apropriadas e importantes. A seguinte recomendação foi incluída nas diretrizes de 2008 do colégio americano de reumatologia: a vacina da gripe (anualmente) e a contra o Pneumococcus (esta a cada 5 anos) devem ser dada para todos os pacientes que estão usando ou usarão imunossupressores; a vacina contra hepatite B deve ser dada a todos os pacientes com AR e risco de contrair este vírus (múltiplos parceiros sexuais nos últimos 6 meses, contato com portadores do vírus, usuários de drogas endovenosas, trabalhadores na área da saúde), se possível antes da introdução das drogas imunossupressoras.

Vivendo com Artrite Reumatóide

Mesmo com os avanços recentes em seu tratamento, e com a possibilidade do controle da doença ou cura, a AR é uma doença crônica, potencialmente deformante, que interrompe a vida normal do indivíduo obrigando-o a uma rotina de freqüentes exames, visitas ao médico, efeitos colaterais de medicações, sintomas e seqüelas. A incerteza sobre seu curso, falhas no tratamento e os hormônios da inflamação colaboram para raiva, frustração, depressão, perda da esperança e da vontade de lutar. A melhor maneira de controlar a AR é:

  • Confiar e manter uma boa relação com o médico
  • Manter uma sólida relação com familiares e amigos
  • Tomar regular e eficientemente as medicações como prescritas
  • Visitar o médico e fazer exames regularmente, mesmo se não estiver se sentindo doente.
  • Não ter uma postura passiva. Se envolver diretamente no processo de cura.
  • Um acompanhamento psicoterápico é bastante recomendado e ajuda na aceitação dos limites impostos pela doença, bem como na reorganização da vida com sua presença.
  • Manter-se ativo física-emocional e profissionalmente. Evitar, no entanto, exercícios não monitorados por profissionais da área.

Pontos a lembrar

Os tratamentos agora disponíveis têm dramaticamente melhorado os o quadro clínico dos pacientes com AR. A maioria das pessoas com pode viver vida normal, mas a doença deve ser cuidadosamente monitorada e o tratamento ajustado como necessário para prevenir seqüelas. Confiar no reumatologista e se envolver na busca da cura é fundamental na definição do curso da doença.

Para mais informações:

Em inglês:

National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases Information Clearinghouse: www.niams.nih.gov

Américan College of Rheumatology:http://www.rheumatology.org/public/factsheets/diseases_and_conditions/ra.asp?aud=pat

Em Português:

Referências:

  1. Sociedade Brasileira de Reumatologia: http://www.reumatologia.com.br/
  2. MD consult, informações ao paciente
  3. Up-To-Date 17.3, Junho 2009
  4. Primer on the Rheumatic Diseases by John H. Klippel, John H. Stone, L eslie J. Crofford, and Patience H. White – Jul 29, 2008

CRÉDITOS DO ARTIGO: Reumatologia Avançada. Acesso em 27/11/2012.

Se você, ou uma pessoa que você ama, sofre com problemas de saúde de difícil solução e fica vagando por vários profissionais que às vezes não lhe dispensam a atenção que você quer e precisa ou, por outro lado, faz tratamentos longos e caros sem experimentar uma melhora, talvez seja a hora de você se consultar com um ACUPUNTURISTA!

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NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

ESTUDO MOSTRA EFICÁCIA DA ACUPUNTURA NA RECUPERAÇÃO DA ATROFIA MUSCULAR

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Acupunturista e aluna da Universidade de Waseda, no Japão, durante quatro anos Akiko Onda vem estudando os efeitos da acupuntura na prevenção de perda de músculo esquelético. Os resultados de sua pesquisa mostram não apenas que a terapia pode ser usada como alternativa na prevenção de atrofia muscular, mas também como a técnica atua no organismo

Os músculos esqueléticos, ou músculos estriados, são responsáveis por todos os movimentos voluntários. Eles se inserem sobre os ossos e sobre as cartilagens, e juntamente com a pele e o esqueleto, formam todo o invólucro exterior do nosso corpo.

A perda de massa muscular esquelética tem um profundo efeito sobre a capacidade dos idosos e dos doentes em realizar atividades físicas. Porque o músculo esquelético tem uma alta plasticidade, as intervenções como treino físico, nutrição e estimulação mecânica são frequentemente recomendados para prevenir a atrofia.

No entanto, praticar exercícios ou fisioterapia, por exemplo, é um desafio para aqueles que já estão frágeis ou em condições médicas grave. Onda insiste que uma intervenção alternativa não farmacológica é extremamente necessária e, em um estudo realizado com modelos animais, ela e sua equipe decidiram explorar como a acupuntura afeta o músculo esquelético em nível molecular.

“O foco principal do nosso estudo era a mudança nos níveis da expressão do mRNA de genes especificamente ligados à atrofia músculo-esquelética, como o atrogina-1,” explica. “A massa muscular e a estrutura são determinados pelo equilíbrio entre a degradação e a síntese de proteínas.”

A equipe comprovou que a perda de massa muscular e a diminuição do nível de expressão de mRNA do atrogina-1 (proteína ligase E3 ubiquitina) podem ser significativamente revertidas pela acupuntura.

Apesar de ser recomendada pela Organização Mundial da Saúde, ainda há poucos estudos, como este, sobre os fundamentos fisiológicos das ações benéficas da acupuntura.

“Nossos resultados revelaram um mecanismo molecular responsável pela eficácia do tratamento com acupuntura e esclareceu a sua utilidade na prevenção da atrofia muscular em ratos”, diz Onda. “Esperamos introduzir a acupuntura como uma nova estratégia para prevenir a atrofia do músculo esquelético no futuro. Pesquisas adicionais sobre os mecanismos moleculares irão ajudar a diminuir a suspeita da comunidade médica da acupuntura e nos fornecer uma melhor compreensão de como o tratamento de acupuntura impede a atrofia muscular esquelética”, conclui.

O estudo foi divulgado no periódico Biochemical and Biophysical Research Communications.

CRÉDITOS: Marina Teles para o “O que eu tenho” portal de saúde e bem-estar – Grupo Band.

NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

DOR E DEPRESSÃO:A DOR DA ALMA DÓI NO CORPO

acupuntura curitiba depressão

Há trinta anos, motivado pelas queixas constantes de seus pacientes, o psiquiatra americano Stephen Stahl de 59 anos, professor da Universidade da Califórnia, decidiu estudar a relação entre dor física e depressão. Apesar de cometer até 80% dos doentes, um problema raramente é associado ao outro. Especializado em neurologia e farmacologia, ele se dedica a desvendar ( e tentar reverter) o desequilíbrio cerebral que faz com que a vida dos deprimidos seja ainda mais penosa. Stahl esteve em São paulo recentemente para dar uma palestra sobre depressão e dor para médicos brasileiros. Nessa ocasião falou a VEJA

Quando foi estabelecida a relação entre depressão e dor?

No dia a dia dos consultórios, percebíamos que os paciente deprimidos se queixavam muito de dor – de todos os tipos e intensidades. Vejo isso desde o início de minha carreira, nos anos 80. Por muito tempo, no entanto, interpretei essas reclamações como uma fantasia dos doentes. Tenho uma formação acadêmica extensa, especializei-me em neurologia e farmacologia. Olhava para essas queixas com muita desconfiança. Conforme fui me aprofundando nos estudo sobre o cérebro e circuitos cerebrais, comecei a perceber que estava totalmente enganado. Entendi que os neurotransmissores (substancias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurônios) envolvidos nos quadros depressivos estavam associados também a sensação de dr e poderiam ser afinados com medicamentos tal qual um músico afina seus instrumento. Fiquei com muita vergonha aos descobrir que as queixas de meus pacientes eram reais. Em meados dos anos 90 surgiram os antidepressivos com ação em serotonina e noradrenalina (neurotransmissores associados à sensação de bem-estar). Pudemos perceber então que os pacientes relatavam uma melhora no quadro da dor. Essa é a prova de que algumas dores são decorrentes do mau funcionamento dos neurotransmissores. Hoje tento passar esse aprendizado para os médicos mais jovens, para que eles não cometam o mesmo erro que cometi no passado. É assim que a medicina funciona, mudando paradigmas.

Por que até hoje o diagnóstico da dor física associada à depressão é tão difícil?

Nos manuais de medicina, os sintomas da depressão são os seguintes:

perda de vitalidade ou de interesse pela vida,

dificuldade de concentração,

sentimento de culpa, problemas de sono (excesso ou falta dele),

pensamentos ou atos suicidas,

fadiga,

alterações de apetite ou peso (tanto ganho quanto perda),

comprometimento da habilidade psicomotora (agitação ou lentidão).

Nenhum deles está relacionado à dor. Se um paciente me procura reclamando de insônia, tristeza e dor, não adianta nada eu só tratar a insônia e a tristeza , como a maioria dos psiquiatras faz. O conceito de remissão, de cura completa, prevê o desaparecimento de todos os sintomas depressivos. Oito de cada dez pacientes com depressão moderada ou grave apresentam algum tipo de dor, em maior ou menor grau. Ou seja, estamos falando de milhões de pessoas em todo o mundo que não se recuperam do quadro depressivo completamente, porque continuam a sentir um sintoma que não é reconhecido com do âmbito da doença.

Qual a diferença na manifestação da dor decorrente de um quadro depressivo e dos outros tipos de dor?

Nenhuma. Ela pode se manifestar de várias formas – como a provocada por uma gastrite, cefaléia ou lesão muscular. A sensação é a mesma, mas, quando procuramos o que há de errado no organismo do paciente, não encontramos nada. Apesar de se manifestar em determinada região do corpo (ou nele todo, como acontece em boa parte dos casos), a dor física da depressão está no cérebro do paciente, onde é processada equivocadamente. Dadas as suas características, muitas vezes, o paciente não acredita quando o médico diz que aquele sofrimento físico pode ser sintoma de depressão. A dor causada pela depressão é muito semelhante à chamada dor-fantasma, comum entre os amputados. Uma pessoa que perdeu a perna, por exemplo, pode sentir o pé doer. Isso acontece porque os circuitos da medula espinhal, responsável pela transmissão dos estímulos entre o pé e o cérebro, ainda estão lá, funcionando. A percepção da dor é no pé – e não no cérebro.

"Em geral, o sofrimento emocional

é carregado de estigma.

As pessoas têm vergonha de

admitir suas angústias e aflições.

Parece mais digno dizer que

se está com dor no pescoço

do que dizer que

a vida perdeu o sentido"

Analgésicos, portanto, não resolvem o problema?

Não. Esses remédios funcionam bem para uma dor de dente, por exemplo. Normalmente, o cérebro envia estímulos nervosos pela medula espinhal para inibir as sensações consideradas irrelevantes. Não percebemos, por exemplo, quando piscamos ou estamos digerindo o almoço. Existe a sensação, mas o cérebro a interpreta como inútil, não a processa e, portanto, não a sentimos. Quer ver outro exemplo desse mecanismo cerebral? Se eu levar um tiro e precisar fugir, só vou sentir dor quando estiver a salvo. O organismo me protege contra essa dor em defesa de minha sobrevivência. Na depressão, esse processo fica enfraquecido. Ou seja, o paciente sente dor sem que haja estímulo doloroso.

Do ponto de vista evolucionista, até determinado grau, a dor é útil por funcionar como um alerta para o organismo de que algo não vai bem. A dor não teria também essa função na depressão?

Não. O que acontece é que, muitas vezes, por causa da dor, o paciente procura ajuda médica. Quando o especialista tem em mente que esse pode ser um sintoma de depressão, ele pode fazer o diagnóstico correto, depôs de descartar outras causas possíveis. Em geral, o sofrimento emocional é carregado de estigma. As pessoas têm vergonha de admitir suas angústias e aflições. Parece mais digno dizer que se está com dor no pescoço do que dizer que a vida perdeu o sentido. O problema é que a maioria dos médicos não foi treinada para enxergar além da queixa física. Mesmo os psiquiatras têm dificuldade de perceber o que está acontecendo. Em geral, os psiquiatras têm medo da dor física porque não sabem o que fazer com ela. Eles precisam entender que isso faz parte da depressão.

Qual é o risco de não tratar a dor na depressão?

Enorme. É grande a probabilidade de o doente entrar em um círculo vicioso infernal. O cérebro funciona graças a uma rede precisa de conexões em que um circuito depende do outro. Na depressão, alguns desses circuitos funcionam mal, o que leva à falta de vitalidade, aos problemas de sono e à dor, entre outros sintomas. Se apenas parte desses circuitos é tratada, é grande o risco do circuito doente prejudicar o equilíbrio dos outros. E quanto mais o tempo passa, pior. Os circuitos responsáveis pela sensação de dor são diabólicos. Se não forem cortados, eles se fortalecerão. É como um músculo. Se usamos a musculatura, ela enrijece. Do contrário, atrofia. Uma pessoa que sente dor durante muito tempo tem circuitos de dor viciados e terá mais dificuldade de ser tratada.

Há casos em que o tratamento se torna inviável?

Para metade dos pacientes que me procuram, os remédios já não funcionam. É tarde demais: a área cerebral responsável por receber a informação de dor está danificada. É como se os circuitos cerebrais da dor estivessem “queimados”. A medicina ainda não descobriu como reverter esse quadro. O máximo a que se chegou até hoje foi uma redução no desconforto causado por essa dor.

Mas diminuir os sintomas já não é um avanço?

Na psiquiatria, um medicamento que apresente melhora de 50% dos sintomas já é aprovado para tratamento. Nossa meta, contudo, deve ser sempre ser 100%. Do contrário, é como se um médico se desse por satisfeito ao transformar a pneumonia de um paciente em tosse crônica. A depressão é uma doença tão complexa que nos habituamos a buscar apenas a diminuição dos sintomas. Com os antidepressivos mais modernos, em muitos casos, já conseguimos livrar o doente de todos os sintomas. Buscar a remissão da depressão é alinhar a psiquiatria com o resto da medicina.

FONTE: Revista Veja - Ed.2211 - 06/04/2011 - pp.100/101 | Reportagem de Laura Ming.

NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

ENTREVISTA COM A PROFESSORA FUMIE KUREBAYASHI

Fumie

Leonice Fumiko Sato Kurebayashi
Enfermeira e acupunturista. Membro do Grupo de Estudos em Práticas Alternativas-Complementares CNPq
fumie_ibez@yahoo.com.br

 

As terapias alternativas e complementares são aquelas de assistência à saúde em âmbitos promocional, preventivo, curativo e de reabilitação para diversos tipos de agravos agudos e crônicos. Dentre as modalidades, a acupuntura tem angariado adeptos em todas as partes do mundo. Essa terapia milenar da Medicina Chinesa é a mais popular no Ocidente e uma das formas de tratamento mais antigas.

Há comprovações científicas de seu efeito benéfico para diversos problemas de saúde, desde os pequenos desequilíbrios energéticos até doenças já instaladas. Desta forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado a integração da acupuntura no âmbito da Medicina Ocidental alopática. Em 2006, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, inserindo a acupuntura como prática dos profissionais de saúde em caráter multiprofissional, desde que esses tenham realizado curso de especialização.

Os enfermeiros têm contribuição ímpar para a incorporação da acupuntura e de outras práticas complementares nos centros de atenção à saúde em que atuam e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em 1997, por meio da Resolução 197 reconheceu a acupuntura como especialidade do enfermeiro.

A enfermeira Leonice Fumiko Sato Kurebayashi teve formação em acupuntura e terapias afins (massagem, moxabustão, ventosa, fitoterapia chinesa, auriculoterapia) e posteriormente graduou-se em Enfermagem. Fez pós-graduação em Acupuntura pela FACIS-IBEHE. Atuou como coordenadora e professora no Curso Técnico de Acupuntura do Instituto de Terapia Integrada e Oriental em São Paulo e é membro do Grupo de Estudos em Práticas Alternativas e Complementares de Saúde do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com 20 anos de experiência como acupunturista, defende a prática da acupuntura de forma ampla, democrática, multiprofissional e pontua a importância da participação da Enfermagem no processo de implantação da técnica em âmbito nacional, nos múltiplos espaços em que a Enfermagem tem a oportunidade de atuar.

Nessa entrevista, a enfermeira Fumie, como é conhecida na área, conta um pouco sobre a difusão da acupuntura no Brasil, como a terapia é praticada na saúde pública, como está a formação dos acupunturistas e dos enfermeiros que desejam realizar a especialização. Ela ressalta que o futuro da acupuntura na área da Enfermagem dependerá, em parte, da participação de todos os interessados por essa prática.

Como definir acupuntura?

A acupuntura é uma das técnicas utilizadas na Medicina Tradicional Chinesa. Em países como o Brasil, em que a medicina considerada tradicional é a alopática, ela é denominada prática complementar na assistência à saúde. Vale destacar que acupuntura é uma palavra que deriva do latim acus (agulha) e puntura (punção), cuja técnica foi desenvolvida há aproximadamente quatro mil anos na antiga China e que se difundiu como uma das terapias mais praticadas no mundo. Ela promove o equilíbrio energético, o bem-estar e a saúde física, mental, emocional e espiritual. No Japão, por exemplo, a acupuntura é praticada há 1.450 anos. Nas Coréia, há pelo menos 1.500. No Vietnã, há mais de dois mil anos. Faz 300 anos que a Europa conhece esta terapia complementar e a América do Norte, há 150 anos. No Brasil, é prática recente.

Esta técnica estimula pontos energéticos do corpo humano por meio de agulhas finas e metálicas que podem ser manipuladas com as mãos ou por estimulação elétrica. Outro método também é pressionar ou aquecer os pontos com a moxabustão. E há ainda o estímulo por meio de raio laser de baixa potência.

Na China, a acupuntura não é prática somente prioritária na atenção primária e na prevenção às doenças, ela é uma técnica também realizada em hospitais e prontos-socorros com foco na atenção secundária e em clínicas de reabilitação na atenção terciária.

Como a técnica chegou ao Brasil?

Antes de citar o nosso país, vale dizer que a acupuntura passou a ser falada e conhecida nas Américas porque o ex-presidente americano Richard Nixon, em viagem à China, contava em sua comitiva com um jornalista da Revista The New York Times que durante a visita do presidente sofreu de uma crise de apendicite e precisou ser operado às pressas. As dores na recuperação foram aliviadas com a acupuntura, técnica rotineira nos hospitais da China. De volta aos Estados Unidos, o então jornalista escreveu uma matéria relatando o poder que agulhas pequenas inseridas no seu corpo tiveram para aliviar a sua dor. A repercussão do assunto, ainda desconhecido, foi tão grande que médicos e estudiosos começaram a pesquisar o poder da acupuntura como analgésico. E isso gerou um interesse científico muito grande. Perguntava-se como uma agulha inserida tinha potencial de diminuir a dor como um opioide.

No Brasil, a técnica desenvolveu-se em razão dos imigrantes orientais, principalmente os chineses e japoneses, que se estabeleceram nas regiões Sul e Sudeste do país, e também em razão do empenho do professor Frederico Spaeth, que na década de 1950, vindo da Europa, e profundo conhecedor da acupuntura, montou seu consultório e fez grande clientela. Assim, vários médicos sentiram-se atraídos pela acupuntura, o que gerou o primeiro grupo de acupuntura no Brasil. Uma década depois, formou-se o primeiro órgão oficial da categoria, a Associação Brasileira de Acupuntura (ABA), que congregava não somente os médicos, mas profissionais de diversas outras áreas.

Mas a pessoa mais importante a encabeçar a defesa da acupuntura para todos no Brasil foi Wu Tou Kwang, que fundou, em 1981, e dirige até os dias de hoje, o Centro de Estudos da Acupuntura e Terapias Alternativas (CEATA), que foi um dos pioneiros da técnica no país. Na época, a acupuntura não era uma prática comum, ela não era nem mesmo uma especialidade.

“No Brasil, a técnica desenvolveu-se em razão dos imigrantes orientais, principalmente os chineses e japoneses, que se estabeleceram nas regiões Sul e Sudeste do país”

A acupuntura é benéfica em quais situações de agravo à saúde?

A Organização Mundial da Saúde fez uma avaliação das experiências clínicas da acupuntura nas duas últimas décadas, em diferentes partes do mundo, e listou 43 doenças tratadas e tratáveis pela aplicação da técnica. Porém, em razão da falta de rigor científico, seu resultado foi questionado. Esta listagem apresenta uma infinidade de afecções do corpo humano, das físicas às mentais e emocionais. Aquelas, cujo benefício culminou no alívio da dor, foram as mais citadas. E é verdade, a dor ainda é a causa mais comum de uma pessoa buscar o atendimento de um acupunturista. A técnica envolve efeitos analgésicos, sedativos, homeostáticos, imunodefensivos, psicológicos e até mesmo de recuperação motora. Como a acupuntura tem sido largamente utilizada para aliviar a dor, há crescente interesse pela técnica como alternativa para dores no parto.

E embora haja grande procura pela acupuntura no tratamento de dores agudas ou crônicas, a técnica também é muito positiva para doentes renais e hepáticos, hipertensos, para afecções gineco-obstétricas, neurológicas, ortopédicas, fisiátricas, reumatológicas e, inclusive, como procedimento nas clínicas médica e cirúrgica.

É possível aplicá-la também para casos de obesidade, tabagismo e alcoolismo. Porém, vale acrescentar que conseguir o efeito terapêutico da técnica depende em grande parte da preparação e da habilidade do acupunturista. Também são variáveis importantes a serem consideradas: o custo, a segurança e as condições locais dos serviços de saúde.

Nos Estados Unidos, o consenso do National Institutes of Health (NIH) referenda a acupuntura em casos de dependência química, reabilitação pós-AVC, lombalgia, asma, cefaléia, dentre outras doenças e sintomas.

Então não existe contraindicação?

A literatura tem afirmado que a acupuntura tem poucas contraindicações, embora a experiência diagnóstica do acupunturista seja fundamental para oferecer um, tratamento adequado e eficaz. Pode ser aplicada em recém-nascidos, crianças, adultos e em idosos. Eu aplico inclusive em gestantes após o terceiro mês de gravidez, além de auxiliar na fertilização e no pós-parto. Mas como toda técnica, a acupuntura tem suas limitações. Existem distúrbios que a gente sabe que somente vai melhorar a qualidade de vida do paciente. Trabalhamos com cuidados paliativos também. Aliás, a acupuntura e terapias afins são excelentes para o cuidado de pacientes com doenças muito graves e degenerativas. Na oncologia, por exemplo, é possível diminuir a depressão energética que a pessoa desenvolve em razão da doença e até mesmo amenizar sintomas como dores e náusea pós-quimioterapia.

Como surgiu na senhora o desejo de aprender e aplicar a técnica?

Embora eu seja de descendência oriental, meu aprendizado não se deu por intermédio de meus familiares. Nasceu por um motivo muito particular. Meu filho sofreu uma doença chamada ‘fechamento precoce da fontanela’ quando era bebê e foi salvo de forma milagrosa e impressionante pela acupuntura. As placas cranianas de sua cabeça se fecharam aos três meses e aos oito meses teria que passar por uma cirurgia porque não haveria espaço para o crescimento do cérebro, o que comprometeria seu desenvolvimento mental e neurológico. Tinha 24 anos, era mãe recente, nova e inexperiente, e me tratava com acupuntura com um médico neurologista acupunturista. Nem o médico e nem eu pudemos antever os efeitos curadores que a acupuntura poderia ter sobre esse quadro. Começamos com um tratamento com agulhas de sete pontas com estímulos sobre alguns pontos para o sistema respiratório, para o equilíbrio energético e de crescimento dos ossos. Aos sete meses, ao realizarmos um novo exame diagnóstico pré-operatório, tivemos a grata surpresa de observar a total abertura de todos os espaços entre as placas. Isso foi há 29 anos: uma experiência difícil, dolorosa, preocupante e, certamente, transformadora. Um estudo de caso para o Congresso de Acupuntura, nas palavras do médico. Naquele tempo, atuava como professora de artes e música, e não tinha nenhum envolvimento com a área da saúde. Mas, como a vida desenha os nossos destinos por diferentes meios, a acupuntura encontrou eco em meu coração e se tornou objeto de estudo.

Como foi a sua trajetória profissional?

Em 1990, formei-me acupunturista pelo CEATA. Naquela época, na mesma sala de aula, estudavam médicos, fisioterapeutas, donas de casa, profissionais com formação na área da saúde e sem nenhuma formação, além do leigo que ia por curiosidade. A prática sofria muito preconceito e discriminação, principalmente pela classe médica. A minha formação foi primeiro em acupuntura e depois em Enfermagem.

Esperei por muitos anos por um curso superior em Medicina Tradicional Chinesa no Brasil. Não surgiu até hoje. Optei por estudar Enfermagem por ser uma profissão que aborda o ser humano em seu Todo, o vê como uma entidade complexa, espiritual, mental, emocional e física em sua relação com o meio ambiente.

A Enfermagem se ocupa do bem-estar do cliente/paciente, o assiste de forma técnica, responsável, humana, afetiva - do banho à punção, da massagem de conforto ao suporte social e orientações -, e a humanização do cuidar tem estreita relação com a filosofia que fundamenta a acupuntura e a medicina chinesa.

Escolhi a Enfermagem porque acreditei que sendo acupunturista e tendo esta formação poderia acrescentar à assistência de Enfermagem um pouco da prática oriental para enfermeiros atuantes em hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS), ambulatórios de especialidades, homecare, casas de repouso, clínicas de reabilitação etc. A nossa prática é extremamente preventiva, embora no Ocidente a acupuntura tenha ganhado uma vertente quase que só curativa, porque acaba trabalhando muito em reabilitação, em pessoas que já estão acamadas ou bem doentes, com enfermidades instaladas com alta morbidade. Mas, deve-se ressaltar que a acupuntura é bem interessante na prevenção e no cuidado prévio ao adoecimento, na promoção da Saúde.

Em 2006, graduei-me enfermeira pela Universidade São Camilo, em São Paulo. Cursei mestrado na Universidade de São Paulo (USP), cujo trabalho resultou na obra “Acupuntura Multiprofissional: aspectos éticos e legais”, livro lançado no ano passado.

Em 2009, cursei especialização em acupuntura na Faculdade de Ciências da Saúde (FACIS IBEHE), instituição paulista que basicamente oferece especialização na área da saúde relacionada às práticas complementares. Atualmente, participo do programa de doutorado também pela Escola de Enfermagem da USP, realizando pesquisa sobre a eficácia da auriculoterapia para estresse e qualidade de vida de profissionais da equipe de Enfermagem.

“Optei por estudar Enfermagem por ser uma profissão que aborda o ser humano em seu Todo, o vê como uma entidade complexa, espiritual, mental, emocional e física em sua relação com o meio ambiente”

O mestrado lhe permitiu realizar uma pesquisa sobre a aceitação da prática da acupuntura pela enfermagem. Conte-nos sobre isso.

Este trabalho de pesquisa aconteceu em 2006. Tive o objetivo de levantar o que os enfermeiros pensavam acerca da acupuntura como assistência de Enfermagem. Ou seja, se a acupuntura que estava sendo realizada exclusivamente pelos médicos poderia ser praticada pelos enfermeiros. A pesquisa foi realizada em 33 Unidades Básicas de Saúde (UBS), da zona Centro-Sul de São Paulo, locais em que a acupuntura estava sendo oferecida à população e que foram considerados polos de difusão da medicina tradicional chinesa pela Secretaria da Saúde do Município de São Paulo. Após entrevistar 33 enfermeiras sobre a possibilidade do uso da acupuntura por enfermeiros, cheguei à conclusão de que ainda a acupuntura era uma prática restrita a uma categoria profissional: a dos médicos. Embora todos os entrevistados achassem que poderia ser uma atividade realizável pelos enfermeiros, não havia cursos oferecidos pela Prefeitura para profissionais não-médicos e algumas enfermeiras se mostraram temerosas quanto aos preconceitos que poderiam sofrer não somente com relação à aceitação da população, como também dos próprios médicos. Outras enfermeiras queixaram-se de falta de tempo para realizar mais uma atividade, uma vez que já se ocupavam por demais com afazeres que nem sempre eram de sua atribuição. Sentiam-se distantes da possibilidade de realizar a assistência, pois passavam a maior parte de seu tempo trabalhando na organização de salas, procurando substituir profissionais da administração e denominaram o enfermeiro como “faz tudo” da Unidade. A pesquisa delimitou o seguinte panorama: algumas enfermeiras entrevistadas ainda sustentam e se submetem a uma relação verticalizada, em que a supremacia do poder permanece nas mãos de médicos. Assim, realizar acupuntura pode ser considerado um enfrentamento, já que o Conselho Federal de Medicina (CFM) busca definir a acupuntura como Ato Médico e, portanto, hipoteticamente, restrito à categoria médica. A assistência de Enfermagem, tão fundamental, tem sido deixada de lado porque a enfermagem tem sido um” tapa-buraco” dentro das UBSs. Ressalte-se, porém, que a acupuntura não foi regulamentada por Lei como profissão e tem sido praticada por acupunturistas cuja formação pode ter sido em cursos livres, em cursos técnicos, em cursos de pós-graduação ou em cursos no exterior. Não pode ser considerada uma atividade exclusiva da Medicina, pois a acupuntura foi aceita e regulamentada pelos órgãos e Conselhos dos profissionais de saúde tais como da Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Educadores físicos, Biomedicina, Odontologia, Medicina Veterinária etc.

Há inúmeros pacientes em filas esperando por tratamentos. A aplicação da acupuntura poderia amenizar a incidência de doenças e auxiliar no tratamento de diversos tipos de agravos, e o enfermeiro é competente para isso. Há filas intermináveis nos postos de saúde e nos hospitais, de pessoas com problemas de ordem emocional, problemas músculo-esqueléticos, problemas crônicos etc, que poderiam ser atendidas em acupuntura nas Unidades de Saúde, por especialistas e também pelos enfermeiros. Abrir ambulatórios de acupuntura, com a atuação de múltiplos profissionais seria uma forma eficiente e eficaz de atender a essa demanda. O SUS paga pelo procedimento, mas é necessário que se torne uma realidade nos diversos espaços para benefício de um maior número de pessoas.

A senhora aplica a acupuntura em clínica própria?

Eu tenho uma clínica onde atendo cerca de 50 pessoas por semana com problemas de todos os tipos. A demanda é de pacientes que buscam o atendimento ambulatorial. Em geral, eles não conseguem ser atendidos em hospitais como o Hospital das Clínicas e Hospital São Paulo devido ao grande número de pessoas que buscam este tipo de serviços. São pessoas que sofrem de muita dor, que mal conseguem caminhar. Aqui atendemos a um preço bem acessível justamente para cuidar desta parcela da população. Tenho clientes/pacientes particulares, que se tratam regularmente toda semana e temos clientes ambulatoriais. Algumas pessoas já se tratam há quase dez anos e outros que fazem tratamento emergencial de poucos meses.

Quais são as formas de aplicação da acupuntura?

A acupuntura sistêmica, feita no corpo todo, é a forma mais tradicional e disseminada, mas há também a auriculoterapia que pode ser aplicada com agulhas semipermanentes, sementes e ímãs. Além disso, a acupuntura a laser é utilizada há mais de 20 anos e aparelhos têm sido desenvolvidos no Japão, pois o povo japonês investe em tecnologia. A eletroacupuntura tem sido muito utilizada para o tratamento de dores. Pode-se também somente utilizar a acupressura, isto é, a pressão de pontos de acupuntura, muito útil para a realização de massagem. No Brasil, a acupuntura tem sido muito propagada. O profissional que aplica a acupuntura é quem faz a opção pela técnica mediante as condições do paciente. Se eu aplicar a técnica em uma pessoa sensível ou que esteja com o sistema imunológico deficitário, prefiro não abrir nenhuma possibilidade de infecção, com isso eu vou para a semente ou para o ímã na auriculoterapia. Crianças muitas vezes precisam de estímulos menos dolorosos, pois são bastante responsivos a qualquer tipo de estimulação e nem sempre precisamos utilizar agulhas.

A formação em Enfermagem me ajudou muito, pois trouxe o respaldo necessário do conhecimento de fisiologia e de fisiopatologia do ponto de vista ocidental, de doenças e das possibilidades de se prevenir as suas manifestações. A formação em Enfermagem me permitiu somar a visão ocidental do processo saúde-doença, com a visão energética e cosmológica oriental, permitindo trabalhar com as pessoas promovendo saúde e evitando problemas. Não restam dúvidas: houve um forte impacto positivo de práticas de saúde orientais em nossa cultura ocidental após o período pós-guerra e, hoje, discutem-se os possíveis benefícios que a técnica traria, se oferecida em ambulatórios específicos pelo SUS. Existe demanda para isso e por ser menos custoso, torna-se muito mais barato para os cofres públicos realizar o tratamento de doenças crônicas, degenerativas a partir de técnicas que podem ser coadjuvantes e auxiliares no controle de morbidades muito prevalentes, sem os efeitos colaterais provocados por medicações alopáticas.

A China, em meados do século XX, reergueu sabiamente o seu País retomando a medicina tradicional popular. O alicerce do sistema de saúde foi a partir da formação de técnicos em acupuntura, os médicos de pés descalços, formados em cursos rápidos de 2 anos, com apenas 70 pontos de acupuntura e pelo menos 200 ervas que poderiam ser plantadas no quintal. A retomada da acupuntura e de técnicas afins na Medicina Chinesa conseguiu diminuir a necessidade do uso de medicação farmacológica alopática, que era muito cara e restrita aos mais ricos, diminuindo os níveis de mortalidade e de necessidade de hospitalizações. A Organização Mundial de Saúde fez um grande trabalho de disseminação e divulgação de tais experiências, tendo em vista incentivar o uso da medicina popular em países pobres e emergentes, cuja Medicina Tradicional não é a alopática.

Como o paciente chega para a senhora e como é realizada a consulta?

A maioria deles vem por indicação de outros pacientes, ou seja, na propaganda “boca a boca”. Faço uma consulta de acupuntura, de medicina chinesa, a partir de um diagnóstico energético minucioso, que parte da observação, do interrogatório, da palpação (Pulso radial e meridianos), da ausculta e olfação. Os critérios diagnósticos são aqueles baseados nos Oito Princípios (Frio, Calor, Interno, Externo, Yin, Yang, Excesso e Deficiência), na Lei dos Cinco Elementos, na avaliação dos canais de meridianos. O paciente relata o que acontece com ele, suas queixas principais. Geralmente, o paciente chega com um problema específico, uma dor na perna, gastrite, depressão, problemas respiratórios ou quaisquer outros sintomas. A partir dos sinais observáveis e dos sintomas é realizada uma anamnese que permite encontrar padrões de desequilíbrio de meridianos e de órgãos e vísceras. Observo o meu cliente com os olhos da Medicina Chinesa, que enxerga o paciente como um Todo. Para a Medicina Chinesa o que move a pessoa é a energia e a estagnação dessa energia provoca distúrbios, que culminam em doenças e dores. A Medicina Chinesa não separa as pessoas em pedaços, nem em órgão e vísceras, muito menos em aspectos psíquicos e físicos. Recebo ambulatorialmente pacientes com indicação cirúrgica, no pós-cirúrgico, com problemas crônicos e em alguns casos, com problemas agudos. Não somos aceitos em planos de saúde porque se exige quase sempre que o acupunturista seja um médico. É preciso um CRM! O lobby médico é pesadíssimo e a categoria continua liderando.

E como é atualmente a formação do acupunturista e a sua atuação?

A acupuntura ainda não é uma profissão no Brasil, constituindo-se apenas como um ofício, uma prática. Porém, é certo que busca caminhar para a profissionalização por meio de Projetos de Lei que tramitam no Congresso. Atualmente, o Curso técnico de nível médio de Acupuntura foi extinto em São Paulo, por determinação do Conselho Nacional de Educação, por não ter sido reincorporado ao Calendário de cursos técnicos. Era um Curso regular com carga horária mínima de 1200 horas e estágio supervisionado. Tendo em vista que a acupuntura ainda não é uma profissão, portanto não tem uma regulamentação específica, quem rege seus limites e atribuições são os representantes das respectivas áreas da saúde, ou seja, a normatização vem dos Conselhos de Enfermagem, de Medicina, de Fisioterapia, por exemplo. O Conselho Regional de Enfermagem tem o poder de orientar, fiscalizar o enfermeiro acupunturista, uma vez que regulamenta e aceita a acupuntura como especialidade. Se a acupuntura fosse uma profissão, ganharia um Conselho regulatório e uma Federação em nível nacional. Sindicato nós temos, o Satosp. Embora não seja uma profissão, o Ministério do Trabalho e Emprego, em 1982, elaborou a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) definindo a ocupação de acupunturista como independente de qualquer classe profissional, inclusive da médica, sob o código 3221-5. Por não ter uma legislação federal que a regulamente, embora seja defendida por diferentes categorias profissionais, ainda existe a discussão sobre abrangência dessa prática, como é o caso do projeto do Ato Médico, que justifica a acupuntura como atuação restrita aos médicos.

Interessante salientar que a acupuntura somente foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medina (CFM) em 1995, uma década depois do reconhecimento por parte de outros Conselhos, como no caso o de Fisioterapia e o de Biomedicina. Já o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estabeleceu e regulamentou a acupuntura como especialidade em 1997, por meio da Resolução 197. Embora o exercício da acupuntura seja reconhecido pelos diversos Conselhos, os profissionais ainda precisam conquistar seu devido espaço, de direito, como especialistas na rede pública e nos convênios de saúde.

Quanto à acupuntura como especialidade de Enfermagem, é fundamental e necessário que cada vez mais as universidades, tanto públicas como particulares, tenham em seus currículos esta prática e divulguem cursos de especialização nesta área durante a graduação.

“o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estabeleceu e regulamentou a acupuntura como especialidade em 1997, por meio da Resolução 197”

Com relação ao número de acupunturistas, como está o cenário brasileiro?

Até alguns anos atrás, havia cerca de 50 mil acupunturistas não-médicos no Brasil. Mas este número deve ter crescido muito porque nos últimos cinco anos foram formados técnicos em acupuntura, em cursos autorizados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). O mesmo MEC, em 2008, em uma revisão do seu Calendário de Cursos Técnicos e de Graduação, eliminou o Curso Técnico de Acupuntura. O Ministério deu o prazo até o ano passado, 2011, para finalizar todos os cursos em andamento. Entramos, as escolas, com diversos pedidos ao Conselho Estadual de Educação em São Paulo e no MEC, na tentativa de reinserir a acupuntura no nível técnico, sem sucesso, por acreditar que o curso conseguia realmente preparar os profissionais. Era um curso que preparava tecnicamente o aluno, por oferecer 1.200 horas reais, com um extenso plano de curso teórico e prático, com até dois anos de duração, tão longo quanto um técnico em enfermagem. O Conselho Estadual de Educação de São Paulo proibiu a formação de novas turmas a partir de agosto de 2010. Em 2005, o Instituto de Terapia Integrada e Oriental formou acupunturistas e massagistas. De lá para cá, formamos cerca de 100 técnicos em acupuntura, mas a partir desse ano, continua em funcionamento somente o Curso Técnico de Massagem.

Como era este curso? É possível reverter esta decisão do MEC?

O curso foi muito bem estruturado, com número reduzido de pessoas para que cada aluno pudesse ter um aprendizado teórico e prático de bom nível, com monitores e professores nos estágios supervisionados. Os alunos não ficavam sozinhos para a realização dos diagnósticos e tratamentos. Como enfermeira e coordenadora técnica do curso, era responsável pelas ‘agulhadas’ que o aluno estava realizando. Infelizmente, isso não será mais possível em virtude da proibição pelo MEC, como expliquei. Mas, se eu quiser continuar ministrando o Curso tenho que procurar uma instituição que possa me chancelar um Curso de Pós-Graduação para profissionais de saúde. As especializações têm sido feitas geralmente em um formato de um fim de semana ao mês, e, sinceramente, acredito que é uma tarefa difícil preparar técnica e humanamente um profissional com apenas um final de semana ao mês. Estou acostumada a formar ótimos técnicos, pois o mercado de trabalho está repleto de profissionais acupunturistas com formação duvidosa. Na acupuntura, em vista de tantos problemas e dificuldades vivenciados por estes profissionais, ou você precisa ser bom para se garantir ou não consegue encontrar pacientes. Não sei se consigo garantir uma boa formação para uma pessoa que estuda uma vez ao mês, mesmo que por um período de dois anos. Outra questão é o número de alunos por classe. Os cursos chancelados pelas universidades precisam ter, no mínimo, de 30 a 40 alunos por turma, para que se torne economicamente rentável. Assim, posso assegurar que os cursos técnicos ofereciam uma formação técnica de acupuntura mais completa do que muitos cursos de especialização. É uma pena que o curso técnico de acupuntura não seja reintegrado no Calendário.

As práticas complementares têm embasamento legal no Brasil?

A Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares no SUS foi instituída em 2005 com o objetivo de apoiar, divulgar, incorporar e implementar as terapias complementares. A acupuntura está inserida neste contexto. Nas diretrizes para a sua implantação em todos os níveis da saúde, mais precisamente com enfoque na atenção básica, a prerrogativa foi dada aos médicos com atuação no Programa Saúde da Família (PSF). Coube à equipe de saúde as ações de prevenção de agravos, promoção e educação em saúde. E embora o enfermeiro ainda encontre obstáculos para a sua prática, os olhares se voltam para a aplicabilidade da Portaria 971/2006, do Ministério da Saúde, que aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema único de Saúde (SUS) que ratifica a promoção do exercício multiprofissional de algumas modalidades terapêuticas, e dentre elas a acupuntura. Em 2008, a Portaria foi reeditada recebendo número 326/2008, sem alterações para a especialidade.

Como a acupuntura se comporta no cenário da pesquisa?

Embora a pesquisa em Enfermagem cresça a passos largos, o número de pesquisas publicadas em revistas científicas de grande porte sobre acupuntura ainda é de médicos. Isso tem sido uma tendência no mundo inteiro. Há poucos enfermeiros que pesquisam acupuntura e eu tenho sido uma delas nos últimos anos. Estou agora realizando pesquisa na área de auriculoterapia, porque parece mais fácil de ser aceita e realizada em ambientes hospitalares como coadjuvante, e também porque acredito que a auriculoterapia possa ser feita com sementes ou ímãs, com materiais não penetrantes, o que torna o procedimento fácil e rápido, podendo ser de grande utilidade para a Enfermagem, sem provocar nenhum efeito colateral. Além disso, acredito que a auriculoterapia seja extremamente útil para realizar diagnóstico de distúrbios de diversos locais do corpo, porque é um microssistema que retrata o corpo. Tratando da orelha é possível tratar de qualquer parte do corpo.

A senhora lançou recentemente pela editora Yendis a obra “Acupuntura Multiprofissional – aspectos éticos e legais”. O que o enfermeiro pode esperar dessa leitura?

A ideia de escrever este livro surgiu da necessidade de divulgarmos os resultados de um estudo voltado para o reconhecimento da acupuntura pelos enfermeiros de Unidades de Saúde Pública como uma possível tecnologia em sua atuação no cuidar. A obra foi elaborada em conjunto com o enfermeiro e advogado Genival Fernandes de Freitas, professor do Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP.

O livro promove uma reflexão sobre a prática, incentivando seu exercício por meio de profissionais capacitados, mesmo com formações diferentes na área da saúde. Com o intuito de discutir as “verdades” e “mentiras” sobre a acupuntura multiprofissional, a obra aborda desde a história da prática terapêutica, relata sua difusão pelo mundo, questões ético-legais, culmina com o estudo realizado com enfermeiras atuantes em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e permite esboçar a percepção destas profissionais diante da acupuntura.

Outro objetivo do livro é incentivar a defesa da acupuntura multiprofissional, já que esta prática tem sido citada como uma atividade exclusivamente médica, caso seja aprovado o Projeto de Lei do Ato Médico. Quero que esta obra contribua para que a acupuntura seja definitivamente incorporada como especialidade das categorias profissionais da saúde, fazendo cumprir a Portaria 971/2006 do Ministério da Saúde. E, por fim, contribuir para que a acupuntura torne-se uma profissão independente cujo Projeto de Lei 480/2003 tramita no Senado Federal.

Montar um consultório é uma boa opção para o enfermeiro especialista em acupuntura?

Sim, sem dúvida é uma grande possibilidade, pois ele pode trabalhar em conjunto com outros profissionais de áreas afins, ou não, já que a acupuntura atua em qualquer segmento. Uma vertente da acupuntura fortíssima em nosso país é a estética, embora o meu trabalho esteja voltado para a reabilitação músculo-esquelética. Montar um consultório de acupuntura requer as mesmas necessidades burocráticas de qualquer outro consultório. Se você me perguntar se é uma atividade rentável,  digo que sim. Mas aconselho que nos primeiros anos, o profissional acupunturista exerça junto outras atividades. Por exemplo, o enfermeiro que atua em uma instituição de saúde pode divulgar o seu trabalho, realizando aplicações de auriculoterapia em seus colegas, para que se possa conhecer os benefícios da técnica. Nas horas em que não está no hospital, entre um plantão e outro, uma opção é alugar uma sala ou fazer atendimentos domiciliares, assim poderá conquistar sua clientela e se dedicar integralmente aos seus pacientes.

É importante frisar que sempre houve muitas dificuldades de inserção da acupuntura por não ter uma regulamentação legal. Atualmente, acredito que novos caminhos se delineiam e que o título de especialista seja aceito e permita a colocação destes profissionais de saúde em concursos, com oportunidades de trabalho em instituições públicas pelo SUS.

Na verdade, o acupunturista não-médico precisa se fazer valer pela técnica, pela competência e pela excelência de seus atendimentos, caso contrário ele não cresce. Finalmente, sempre agradeço por ter sempre muitos pacientes, por conseguir resolver seus problemas e poder auxiliá-los de alguma forma a permanecerem saudáveis e sem dor. Nunca fiz propaganda porque os acupunturistas não-médicos poderiam sofrer retaliações. Há 20 anos, a prática não era senso comum e estava sempre envolta em misticismo e charlatanismo.

Se o enfermeiro quiser trabalhar com a acupuntura, precisa buscar ganhar o mercado, sendo um profissional empreendedor e que saiba divulgar o seu trabalho. O enfermeiro pode ser acupunturista em qualquer ambiente, mas ele precisa, antes de tudo, que acreditar nisso.

Qual é o grande desafio da enfermagem frente à especialidade?

Se aprovado na Câmara e Senado nos termos em que foi redigido, o projeto do Ato Médico poderá prejudicar milhares de acupunturistas atuantes no mercado, pois, entre outras questões, definirá a acupuntura como atividade exclusiva da categoria profissional médica. Projeto polêmico, ele poderá violar um direito já adquirido, contido no art. 5 da Carta Magna. Mais uma vez, defendo que o desafio que se coloca ao enfermeiro e a todos os profissionais de saúde é buscar implantar a prática da acupuntura de forma multiprofissional, compartilhada, técnica, competente, democrática e ética, cujo benefício será voltado para a saúde de toda a população.

Kurebayashi LFS. Portal da Enfermagem – Acupuntura [internet] 2011 [citado 2012 Janeiro 03]. Disponível em http://www.portaldaenfermagem.com.br .

NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.