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A CONSULTA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A arte da consulta na Medicina Tradicional Chinesa

O momento da interação entre paciente e profissional da Medicina Tradicional Chinesa promove oportunidades preciosas para um profundo diagnóstico e uma abordagem curativa do profissional desde os primeiros instantes da consulta

acupuntura curitiba

A escultura feita em marfim mostra um médico tradicional japones tomando o pulso energético da paciente. A medicina tradicional japonesa é herdada da medicina tradicional chinesa (See page for author [CC-BY-4.0]/Wikimedia Commons)

A consulta na Medicina Tradicional Chinesa

À medida que envelhecemos, vamos protagonizando a história de nosso tempo e acompanhamos nosso desenvolvimento em vários segmentos. Um dos que mais acompanhamos é o da saúde, com novas e promissoras tecnologias em benefício de nossa saúde e qualidade de vida. No entanto, à medida que ganhamos no avanço tecnológico, perdemos quase que compensatoriamente a arte sutil da percepção dos sinais, sintomas e manifestações clínicas que o paciente nos revela no momento de sua consulta.

Quantos de nós já não nos sentimos decepcionados por receber um atendimento pouco humanizado e simplesmente técnico, no qual temos pouca chance de realmente expressar o que estamos sentindo e desenvolver um relacionamento saudável entre profissional e paciente?

Muitas vezes retornamos da consulta tendo em mãos apenas solicitações de exames complementares, tendo a sensação de que não fomos compreendidos e, devido ao curto tempo, também não conseguimos falar tudo o que realmente precisava ser exposto.

Sentimos saudade dos tempos em que tínhamos o médico da família, normalmente bem-humorado e conhecedor da realidade pessoal de cada membro, das suas funções e hábitos de vida. Normalmente esse profissional tinha um vasto conhecimento de clínica geral, observava a cor da face, dos olhos, do estado geral, percutia, auscultava e normalmente prescrevia o tratamento sem necessidade de muitos exames complementares.

Os exames são recursos que devem ser utilizados quando há necessidade de esclarecer pontos que não são muito claros à simples observação, mas de forma alguma devem ser o principal recurso para substituir a avaliação semiológica.

Uma medicina contemplativa

A medicina chinesa, em sua essência, é contemplativa e empírica. Sua avaliação começa ao ver o paciente pela primeira vez. A agilidade, qualidade dos movimentos, tiques, odores, tom de voz, cores que se refletem na face, todos esses sinais podem ser observados antes mesmo que o paciente diga seu nome. Esses sinais são a manifestação da qualidade energético-sanguínea da pessoa, que possui correspondência com a saúde e a vitalidade de seu organismo.

É claro que toda essa riqueza de experiência não substitui os recursos da medicina moderna, mas revela que a medicina clássica chinesa trilha outro caminho, baseado na observação e na experiência.

O Ling-Shu, clássico da medicina chinesa sobre a arte da acupuntura, diz que “O clínico superior vigia a energia, o clínico comum perturba-se com os sinais e sintomas”.

Não é raro ficarmos um pouco confusos quando estamos adoecendo, sendo assim o diagnóstico da doença torna-se uma arte. Colher informações, às vezes desconexas, pode dificultar a compreensão do quadro clínico. Por isso, o Ling-Shu dá o conselho de não valorizar demais o quadro referido pelo paciente, sendo preferível estar atento às manifestações energéticas que podem ser percebidas pela cor da face, avaliação do pulso, língua, palpação de áreas do corpo, abdômen. O que percebemos é a realidade imediata, e o que é referido nem sempre é verdadeiro (no sentido de que nem sempre o paciente está consciente das origens de seus distúrbios), e quando verdadeiro nem sempre é atual.

No primeiro encontro com o paciente, o Ling-Shu ressalta a importância de tocar o espírito do paciente, pois é a realidade sutil que mantém e preserva toda a estrutura física. O tratamento então começa na avaliação, percebendo a fonte da desarmonia e, com sensibilidade, exige atuar no psiquismo do paciente.

Vamos tomar um exemplo de um paciente com uma desarmonia no fígado. Ele pode apresentar uma gama extensa de sinais e sintomas, tais como: distúrbios de sono, problemas digestivos, dor de cabeça, náuseas, problemas nos olhos, irritabilidade, perda da criatividade e capacidade de planejamento, dores musculares, etc.

Cada órgão na medicina chinesa é responsável por qualidades e características da nossa estrutura física bem como por aspectos do nosso psiquismo. Nosso cérebro, na medicina chinesa, é um local de processamento das mensagens provenientes dos nossos órgãos internos. Serve para expressar em gestos, posturas e movimentos a energia dos nossos órgãos. Nesse caso, o profissional pode atuar despertando no paciente a virtude capaz de equilibrar o fígado, que corresponde ao elemento madeira e cuja virtude é a benevolência.

Ao tocar o paciente nesse nível, mudanças podem ser sentidas imediatamente. O tônus muscular, a cor da face e características do pulso podem sofrer mudanças antes mesmo de iniciar o tratamento que o paciente procurou.

Quando o próprio paciente compreende os motivos do adoecimento e participa ativamente na sua recuperação, bons resultados são obtidos em um curto espaço de tempo. Em contrapartida, uma má interação entre terapeuta e paciente, e a falta de afinidade e confiança interferirão negativamente, servindo o tratamento, então, apenas como uma forma de alívio temporário, sem atingir resultados satisfatórios.

Há quem diga que tratar dessa forma é induzir o resultado. Chamo isso de arte, uma capacidade que se desenvolve com base em conhecimento, mediante estudo e observação associado à sensibilidade e interesse em auxiliar o paciente em seu caminho de retorno ao seu estado de saúde.

Recursos técnicos fazem parte do arsenal terapêutico, mas a sabedoria da arte de curar transcende a técnica.

CRÉDITOS: Isaac Padilha Guimarães Júnior, fisioterapeuta e especialista em acupuntura e professor titular do Instituto Brasileiro de Acupuntura e Moxabustão de Porto Alegre (Ibrampa). Publicado no Epoch Times Brasil.

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Se você, ou uma pessoa que você ama, sofre com problemas de saúde de difícil solução e fica vagando por vários profissionais que às vezes não lhe dispensam a atenção que você quer e precisa ou, por outro lado, faz tratamentos longos e caros sem experimentar uma melhora, talvez seja a hora de você se consultar com umACUPUNTURISTA!

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NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

NOTAS CLÍNICAS: FATORES PATOGÊNICOS EXTERNOS

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Admiration (1897) de William Adolphe Bouguereau (1825-1905)

1 INTRODUÇÃO

De acordo com MACIOCIA (1996) os Chineses chamam os fatores externos de "energias perversas" (patogênicas), ou seja,  energias capazes de provocar o aparecimento de patologias no organismo. As desarmonias  provocadas pela  "Energia Perversa"(Xie Qi) ou "Pertubadoras", funcionam como fator etiológico externo.

Em condições normais de saúde o corpo não é invadido pelos seis excessos (como referido por Maciocia): Vento, Frio, Calor, Secura, Vento-Calor, Calor de Verão (ou Canícula) e Umidade. Isso acontece somente quando houver um desequilíbrio entre o Qi do corpo (Wei Qi) e o fator patogênico exterior (Xie Qi), em decorrência de alterações climáticas muito fortes, principalmente causadas pela debilidade do organismo em relação ao fator climático, neste caso o Xie Qi penetra no organismo independente da sua intensidade.

Para  AUTEROCHE (1992), as doenças relacionadas aos seis fatores externos estão relacionadas intimamente com mudanças sazonais na intempérie e no ambiente natural. Por exemplo, síndromes de calor acontecem mais comumente no verão, síndrome de frio principalmente no inverno e síndrome de umidade normalmente são causadas por exposição prolongada à umidade, também podemos chamar essas síndromes de doenças sazonais.

Cada um dos seis fatores patogênicos podem afetar o corpo singularmente ou em combinação. Exemplo são os resfriados comuns devido ao vento e frio patogênicos ou síndromes bi devido ao vento frio e umidade patogênicos. No desenvolvimento da doença, os seis fatores exógenos podem influenciar um ao outro e também podem, sob determinadas condições, transformarem-se um no outro, por exemplo o frio patogênico pode se transformar em calor no interior do corpo, e o calor de verão prolongado pode resultar em secura pelo consumo do Yin do corpo (CORDEIRO, 2001).

Ainda segundo AUTEROCHE (1992), além das características climáticas, os seis excessos abrangem também manifestações patológicas provocadas por fatores biológicos (bactérias, vírus, etc.), físicos ou químicos que atuam sobre o organismo.

2 OS SEIS FATORES PATOGÊNICOS

2.1 VENTO (FENG)

  • Energia principal da primavera, porém ocorre em outras estações

  • Fator patogênico Yang

  • Enfraquece o Qi defensivo

  • Ataque abrupto e desaparecimento repentino

  • aracterizado por movimento constante

  • Está apto a se associar com outros fatores patogênicos (frio, umidade, secura e calor e flegma) formando os fatores patogênicos complexos

  • Afeta a parte superior do corpo

  • Tende a danificar o sangue e o Yin

2.1.1 ETIOPATOGENIA DO FATOR VENTO

Vento exterior: pode invadir qualquer canal, principalmente os Yang.

Sinais e sintomas – Paralisia facial, rigidez no pescoço, calafrios, aversão ao frio ou ao vento, espirro, tosse (obstrução das funções dispersoras e descendentes do pulmão), secreção nasal, expectoração profusa e branca, febre, dor no meridiano do Yang máximo (intestino delgado e bexiga) e na nuca, prurido na garganta, sudorese, dor migratória articular;

Pulso – Lento; Flutuante.

Vento interno: é causado pelo mau funcionamento do fígado que pode ser por calor extremo no fígado; Ascensão do Yang do fígado e deficiência do sangue no fígado.

Sinais e sintomas – Tremores, paralisia (AVE), convulsões, rigidez repentina, cefaléia, vertigem, tinidos, hipertensão, memória fraca, insônia, menstruação escassa.

Pulso – Em corda e fino.

Língua – Pode estar vermelho escura, normal ou pálida; Sem saburra, com saburra amarelada, seca e fina.

2.1.1 COMBINAÇÃO DO VENTO COM OUTROS FATORES PATOGÊNICOS

2.1.1.1 Vento-Frio

Sinais e sintomas: aversão ao frio, calafrios, espirros, tosse, secreção nasal com muco branco e aquoso, rigidez e dor occiptal, urina clara, prurido na garganta, ausência de sede.

Língua – Cor inalterada, saburra branca e fina.

Pulso – Flutuante e tenso.

2.1.1.2 Vento-Calor

Espirro, tosse, secreção nasal com muco amarelado, febre dor occipital, pouca transpiração, prurido ou dor na garganta, amígdalas aumentadas.

Língua – Avermelhada na parte anterior ou nas laterais, saburra branca e fina.

Pulso – Flutuante e rápido.

2.1.1.3 Vento-Umidade

Glândulas aumentadas, febre, náusea, transpiração, rigidez occiptal, dor no corpo, dor muscular, sensação de peso no corpo, articulação entumescida.

Pulso – Flutuante-deslizante

2.1.1.4 Vento-água

Aversão ao frio, febre, edema, face e olhos entumescidos, tosse com expectoração branca e aquosa, transpiração, ausência de sede.

Pulso – Flutuante

2.2  FRIO (HAN)

  • Fator patogênico Yin

  • Tende a danificar o Yang

  • Pode causar a síndrome da obstrução dolorosa

  • Obstrui a circulação do Yang Qi e do sangue

  • Invasão do estômago, intestino e útero

  • Pode ser interior e exterior

  • Caracterizado pela contração e estagnação

  • Qi essencial do inverno

2.2.1 ETIOPATOGENIA DO FATOR FRIO

2.2.1.1 Frio Externo

Frio pode invadir diretamente os canais e provocar a síndrome de obstrução dolorosa, com sintomas de dor em uma ou mais articulações, calafrios e contração dos tendões. Além de invadir músculos, canais e articulações, também invade o estômago (epigastralgia e vômito), intestinos (diarréia e dor abdominal) e útero (dismenorréia aguda).

Outros sinais e sintomas: enrijecimento, contração dos tendões e calafrios, secreções finas e aquosas e transparentes, urina pálida, fezes amalecidas.

2.2.1.2 Frio Interno

Pode ser por plenitude ou por vazio. Suas manifestações são similares, por terem a mesma natureza.

a) Frio por plenitude Interior – Caracterizado por início agudo, dor intensa. Língua com saburra branca e espessa, pulso cheio e tenso.

b) Frio por vazio Interior – Caracteriza-se por inicio gradual, dor surda. Língua com saburra branca e fina, às vezes pálida; E pulso vazio, fraco e lento.

2.3 CALOR DO VERÃO (SHU)

  • Fator patogênico Yang

  • Tende a danificar o Yin e os líquidos

  • Ocorre apenas no verão

  • Produz vento e agita o sangue

  • Consome o Qi e o Yin, e pede perturbar a mente

2.3.1 ETIOPATOGENIA DO FATOR CALOR

Aversão ao frio (no estágio inicial – o calor verão invade o qi defensivo, e este falha em aquecer os músculos); Transpiração; dor de cabeça; urina escassa; secura; lábios secos; sede.

O calor também pode invadir o pericárdio em casos mais graves, provocando o desvanecimento da mente (delírio, inconsciência, linguagem indefinida).

Pulso: Flutuante-rápido

Língua: Vermelha nas laterais e na parte anterior

O calor de verão pode juntar-se à umidade e provocar desequilíbrios como: tontura, sensação de cabeça pesada, náuseas, diarréia, lentidão geral.

2.4 UMIDADE (SHI)

  • Fator patogênico Yin
  • Está relacionado as condições de moradia e de trabalho (freqüente contato com a água)
  • Caracterizada por viscosidade e estagnação; indolência e desordenação
  • Tende invadir a parte inferior primeiro (membros), subir pelos canais das pernas e estabelecer-se em algum órgão da cavidade pélvica
  • Pode ser externa (clima úmido), ou interna (deficiência do Baço)

2.4.1 ETIOPATOGENIA DAO FATOR UMIDADE

Sensação de distenção na cabeça, tontura, cansaço geral, opressão no peito e epigástrio, náuseas, vômito, viscosidade e sabor adocicado na boca, doenças de pele, abscessos, úlceras gotosas, leucorréia (purulenta e com odor forte), urina turva, artrite reumatóide (síndrome de Bi fixo), encefalite.

Pulso: Deslizante

Língua: com saburra pegajosa

2.4.1.1 UMIDADE EXTERNA

Pode ser de três tipos:

Tipo I: Invasão simples da umidade em órgãos internos (Bexiga, Estômago, Intestinos, útero e vesícula biliar). Sinais e sintomas:

Bexiga: dor e dificuldade de urinar, escassez de urina, urina turva, sensação de peso no abdome inferior;

Língua: com saburra espessa e pegajosa na raiz;

Pulso: deslizante.

Se os sintomas da bexiga forem associados ao calor, pode ocorrer dor em queimação durante a micção, urina escura, sede (sem vontade de beber).

Língua: com saburra amarela;

Pulso: ligeiramente rápido.

Estômago: vômito, diarréia, dor epigástrica, membros frios, falta de apetite.

Língua: com saburra branca, espessa e pegajosa;

Pulso: Deslizante.

Intestinos: diarréia, dor abdominal, sensação de peso.

Língua: com saburra branca, espessa e pegajosa;

Pulso: deslizante.

Útero: Menstruação dolorosa, secreção vaginal excessiva.

Língua: saburra branca, espessa e pegajosa na raiz;

Pulso: deslizante.

Vesícula biliar: dor no hipocôndrio, sensação de peso, gosto amargo na boca.

Língua: com saburra amarela e pegajosa em um lado;

Pulso: deslizante.

Tipo II: Invasão de umidade nos canais causando Síndrome de obstrução dolorosa.

Essa condição é o estágio agudo da síndrome. Quando uma articulação é agredida se trata de frio-umidade, mas se várias articulações são agredidas, a causa é umidade-calor.

Tipo III: Invasão de umidade-calor externo, ou o calor de verão combinado com a umidade.

Umidade-calor: calafrios, febre, glândulas aumentadas, cefaléia, opressão no tórax e epigástrio, gosto pegajoso na boca, ausência de sede.

Língua: saburra branca e pegajosa

Pulso: encharcado

Calor de verão: febre, ligeira aversão ao frio, ausência de transpiração, irritabilidade, sede.

Língua: vermelha e com saburra pegajosa

Pulso: fraco, flutuante e rápido.

2.4.1.2 UMIDADE INTERNA

Surge a partir de uma deficiência do baço no transporte e transformação dos fluidos corporais, há então o acúmulo desses fluidos formando a umidade. Pode ocorrer também por deficiência dos Rins.

A umidade interna pode ser crônica ou aguda. A primeira envolve os órgãos internos, canais e pele, e a segunda envolve umidade-calor no nível do Qi dentro da identificação dos padrões pelos quatro níveis.

Principais sintomas: falta de apetite, boca pegajosa, ausência de sede, náuseas, cabeça e corpo pesados, diarréia pastosa ou líquida, pele edematosa, rosto amarelo, leucorréia, urina turva.

2.5 SECURA (ZAO)

· Tende a esgotar o sangue e o yin (especialmente o yin do pulmão)

· Prejudica os líquidos Jin do corpo

· Qi principal do outono

· Fator patogênico Yang

· Pode ser interno ou externo

2.5.1 SECURA EXTERNA

É dividida em quente (Wen Zao) ou fria (Liang Zao). Na primeira os sintomas são de: febre, leve temor do vento e do frio, cefaléia. Na segunda são: temor do frio, febre, cefaléias, ausência de suor, tosse seca, boca e nariz secos.

Os sinais e sintomas gerais da secura externa são: garganta seca, lábios secos, língua seca, boca seca, pele seca (enrugada e rachada), urina escassa e fezes ressecadas.

2.5.2 SECURA INTERNA

Estado de diminuição dos líquidos orgânicos, causado por abundância de calor, ou por perdas de Jin após transpirações profusas e consecutivas, vômitos, espoliações sanguíneas. Assim, como uma deficiência do Jing e do sangue, por doenças crônicas.

Língua: com fissuras, seca, descascada no centro.

2.6 FOGO (HUO)

· Abundância de yang

· Esgota o yin e o fígado

· Mais intenso que o calor

· Pode iniciar o Vento e provocar distúrbio no sangue

· Seca os fluidos

· Pode causar sangramento

· Move-se para cima

· Afeta a mente

O fogo surge do interior do organismo, ou de fatores patogênicos externos, mas quando se manifesta é um fator interior. A natureza do fogo é elevar-se a cabeça , secar os fluidos, consumir o sangue e o Yin, esvaziar o Qi e afetar a mente. Ele também pode ser excessivo ou deficiente.

Fogo excessivo: sensação de calor constante, face e olhos vermelhos, boca seca, gosto amargo na boca, constipação, urina escura e escassa, sede intensa, agitação mental, manchas roxo-escuras abaixo da pele (máculas), hemorragias e vômitos de sangue.

Língua: com saburra amarela

Pulso: Cheio, profundo e rápido.

Fogo deficiente: surge a partir de deficiência de yin. Os sinais e sintomas são: transpiração noturna, sensação de calor no tórax, palma da mão e planta dos pés, bochechas vermelhas, boca seca, sensação de calor ao anoitecer.

Língua: vermelha e descascada

Pulso: Flutuante-vazio e rápido.

BIBLIOGRAFIA

AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.

CORDEIRO, Ari E Cordeiro, Rui. Acupuntura: Elementos Básicos. 3ª  edição. São Paulo: Polis, 2001.

CINTRACT, M. Curso Rápido de Acupuntura. São Paulo: Andrei, 1987.

DULCETTI, Orley Junior. Acupuntura e Auriculoterapia. São Paulo: Ensaio. 1986. Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo: Andrei, 2001.

MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da medicina chinesa. São Paulo: Roca, 1996.

VOISIN, H. Acupuntura Para o Clinico Geral. São Paulo: Andrei, 1983.

YAMAMURA, Ysao. Tratado de medicina chinesa. São Paulo: Roca, 1993.

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Se você, ou uma pessoa que você ama, sofre com problemas de saúde de difícil solução e fica vagando por vários profissionais que às vezes não lhe dispensam a atenção que você quer e precisa ou, por outro lado, faz tratamentos longos e caros sem experimentar uma melhora, talvez seja a hora de você se consultar com um ACUPUNTURISTA!

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NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

NOTAS RÁPIDAS SOBRE O PULMÃO (FEI), A ALMA CORPÓREA (PO) E O ELEMENTO METAL

KUNG FU PANDA

1 PULMÃO (FEI)

1.1 GENERALIDADES

O Pulmão governa o Qi e a respiração, sendo particularmente encarregado de inalar o ar. Por esta razão, e por causa de sua influência sobre a pele, é o sistema intermediário entre o organismo e o meio ambiente.

Controla os Vasos Sanguíneos, onde o Qi do Pulmão auxilia o Coração no controle da circulação. Diz-se que ele controla a "Passagem das águas". Tem um papel vital no movimento dos Fluidos Corpóreos.

Suas características e funções principais são:

a. Governar o Qi e a respiração

b. Controlar os meridianos e os vasos sanguíneos

c. Controlar a dispersão e a descendência

d. Regular a passagem das águas

e. Controlar a pele e os pêlos corpóreos

f. Abrir-se no nariz

g. Abrigar a alma corpórea

1.2 O FEI GOVERNA O QI E A RESPIRAÇÃO

Esta é a função mais importante do Pulmão, uma vez que é do ar que o Pulmão extrai o Qi límpido para o organismo, e que combina com o Qi dos Alimentos que vem do Baço.

Há dois aspectos neste trabalho:

a. Ele inala o Qi Puro e exala o Qi Impuro. A troca e a renovação constantes do Qi asseguram o funcionamento de todos os processos fisiológicos do organismo.

b. O Pulmão governa o Qi, pois auxilia na formação do mesmo. O Qi dos Alimentos adquirido é extraído pelo Baço e vai direto para o Pulmão onde combina com o ar inalado para formar o que chamamos de Qi Torácico (Zong Qi). Após sua formação, o Pulmão dispersa o Qi por todo o organismo para nutrir todos os tecidos e promover todos os processos.

1.3 O FEI CONTROLA OS MERIDIANOS E OS VASOS SANGUÍNEOS

O Pulmão governa o Qi e o Qi é essencial para auxiliar o Coração na rculação do Sangue. Uma vez que o Pulmão governa o Qi, também controla a crculação do Qi tanto nos Vasos Sanguíneos como nos Meridianos.

1.4 CONTROLAR A DISPERSÃO E A DESCENDÊNCIA

Neste aspecto há duas funções muito importantes e essenciais:

1.4.1 FUNÇÃO DISPERSORA

O Pulmão apresenta a função de dispersar o Qi Defensivo e os Fluidos Corpóreos de todo o organismo para o espaço entre a pele e os músculos. Esta função assegura que o Qi Defensivo seja distribuído igualmente por todo o organismo contra os fatores patogênicos externos. Se o Qi do Pulmão está debilitado e sua função dispersora é obstruída, o Qi Defensivo não alcançará a pele e o organismo será facilmente invadido pelos fatores externos.

Além do Qi, o Pulmão também dispersa os Fluidos Corpóreos para a pele na forma de uma "névoa" fina, umedecendo a pele e regularizando a abertura e o fechamento dos poros e a sudorese. Quando a função de abrir e fechar os poros é obstruída, os poros se tornarão bloqueados e não haverá sudorese (quando há ataque de Vento-Frio). Se a condição é de deficiência, os poros estão muitos relaxados e abertos, de maneira que haverá sudorese espontânea. (invasão de Vento-Frio exterior com prevalência do Vento, ou em condições de Interior de Deficiência do Yang).

1.4.2 FUNÇÃO DESCENDENTE

O Qi dos pulmões deve descender para comunicar-se com o Rim e este responde, segurando o Qi. A função também se estende aos Fluidos Corpóreos, porque o Pulmão também direciona os fluidos em descendência para o Rim e para a Bexiga. Se o Qi não fluir para baixo, haverá tosse, dispnéia e plenitude torácica. Se o Intestino Grosso não receber o Qi do Pulmão, não terá força necessária para a defecação (idosos).

1.5 REGULAR A PASSAGEM DAS ÁGUAS

Após o recebimento dos fluidos refinados do Baço, o Pulmão os reduz a uma névoa fina e os pulveriza por toda a área sob a pele. Este processo é parte da função dispersora do Pulmão. O Pulmão também direciona os Fluidos Corpóreos em descendência para o Rim e Bexiga. Se a Função do Pulmão estiver debilitada, poderá ocorrer retenção urinária, principalmente em idosos. O Pulmão é, portanto, responsável pela excreção dos Fluidos Corpóreos por meio da sudorese ou da urina.

1.6 CONTROLAR A PELE E OS PÊLOS CORPÓREOS

O Pulmão recebe os Fluidos do Baço e os dispersa para a pele. Nutre e umedece a pele e os pêlos corpóreos. O Pulmão também influencia o Qi Defensivo que flui sob a pele. Se o Qi Defensivo estiver afetado pelo fato dos poros estarem abertos, ocorrerá sudorese espontânea.

1.7 ABRIR-SE NO NARIZ

O nariz é a abertura do Pulmão, e através dele, ocorre a respiração. Se o Qi do Pulmão é forte, o nariz se abrirá, a respiração será fácil e a olfação será normal.

1.8 ABRIGAR A ALMA CORPÓREA (PO)

A Alma Corpórea é a parte mais física e material da alma do ser humano. Ela está intimamente relacionada com a Essência e pode-se dizer que é a manifestação da Essência na esfera dos sentimentos e sensações. Estando relacionada ao Pulmão, a Alma Corpórea também está vinculada à respiração. É diretamente afetada pelas emoções de tristeza ou lamento, que obstruem seus movimentos.

Estas emoções têm um efeito poderoso e direto sobre a respiração. A respiração fica rápida e superficial, quando uma pessoa está triste, depressiva. Portanto o ponto P7 (Lu7)  列缺Liè quē cuja tradução aproximada é Brecha Divergente - apresenta um efeito poderoso sobre as emoções contidas, enquanto o ponto B42 (BL42) 魄户Pohu cuja tradução aproximada é Porta da Alma Corpórea - tonifica o Qi do Pulmão e fortalece a Alma Corpórea.

1.9 O FEI E OS SONHOS

"Quando o Pulmão estiver em excesso, haverá sonhos sobre lamentos. Se o Pulmão é deficiente, haverá sonhos com objetos brancos ou matanças sangrentas. Se os sonhos acontecerem no Outono, haverá sonhos com batalhas e guerras."

1.10 GOVERNAR OS 100 VASOS

O Pulmão governa o Qi, que está intimamente relacionado com o Sangue e flui nos Vasos Sanguíneos junto com aquele. Uma vez que o Qi do Pulmão afeta os Vasos Sanguíneos, o pulso da artéria radial, situada sobre o Meridiano do Pulmão, reflete o estado de todos os sistemas.

1.11 O PULMÃO ODEIA O FRIO

O Pulmão influencia a pele e o Qi Defensivo, sendo facilmente invadido pelos fatores patogênicos externos, particularmente o Frio.

1.12 O PULMÃO GOVERNA A VOZ

A força, tom e claridade da voz são dependentes do Pulmão. Quando este é saudável, é comparado a um sino, que toca um som nítido, que é a voz. Se o Pulmão está debilitado, a voz se torna baixa.

1.2 SINTOMAS DE DEBILIDADE DO FEI

Respiratórios: mal estar torácico, dispnéia, tosse com ou sem expectoração, hemoptise, dor torácica, calafrios, febre e coriza.

Sintomas cutâneos: hiperidrose, sudorese noturna, urticária, dor cutânea.

Mental: medo, depressão, claustrofobia.

Membros superiores: dor ou parestesias ao longo da área do meridiano.

Sintomas de excesso de energia: respiração ruidosa, voz alta, distensão torácica, dor dorsal alta, dor nos ombros e braços, dor cutânea, hemoptise, tosse com chiado, febre, calafrios, dor torácica, expectoração purulenta ou e odor fétido.

Sintomas de deficiência de energia: taquipnéia com tosse, escarro fluido, voz fraca e baixa, chiado seco, sudorese noturna, medo, claustrofobia, depressão,parestesias profundas e maldefinidas ao longo da área do meridiano.

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2 A ALMA CORPÓREA

É a contraparte física da Alma Etérea, pois tem características estruturais; reside nos pulmões e dá ao corpo à capacidade de movimento, agilidade, equilíbrio e coordenação. É intimamente ligada ao corpo, é a parte mais física e material da Alma e poderia ser descrita como a expressão somática da Alma Etérea. Pertence à esfera da forma.

2.1 ALMA CORPÓREA E ESSÊNCIA

Po é a manifestação da essência na esfera das sensações e sentimentos. Ao nascer, quando a essência pré-natal já está formada, a Alma Corpórea surge , proveniente da mãe.

Da mesma forma que a Alma Etérea proporciona o movimento à Mente, a Alma Corpórea proporciona movimento à essência fazendo com que esta, tome parte em todos os processos fisiológicos do corpo. Sem a Alma Corpórea a essência seria inerte:

Se a essência é exaurida, a Alma Corpórea declina, o Qi é disperso e a Alma Etéria flutua sem residência . (ZHANG Jie Bin, CLASSIC OF CATEGORIES).

Assim, a Essência (Jing) é o fundamento para o organismo saudável, enquanto a Alma Corpórea o é para as sensações e os movimentos claros e definidos.

2.1 A ALMA CORPÓREA E A INFÂNCIA

A Alma Corpórea, sendo mais próxima da essência, é responsável pelo primeiro processo fisiológico após o nascimento. No começo da vida, os ouvidos, os olhos e o coração percebem, as mãos e os pés se movem e a respiração se inicia: tudo isto é devido à vivacidade da Alma Corpórea (ZHANG Jie Bin, CLASSIC OF CATEGORIES).

2.2 A ALMA CORPÓREA E OS SENTIDOS

Durante a vida, a Alma Corpórea nos dá a capacidade de sensação, sentimento, audição, e visão. Quando a Alma Corpórea é florescente, os ouvidos e os olhos são aguçados e podem registrar. O declínio da audição e da visão nos idosos é proveniente do enfraquecimento da Alma Corpórea.

É responsável pelas sensações e está relacionada à pele. Isto explica a expressão somática das tensões emocionais sobre a pele, que afetam a Alma Corpórea via Mente, e a conexão entre Alma Corpórea, Pulmões e pele.

2.3 EMOÇÕES

A Alma Corpórea está relacionada com o choro (faz lacrimejar) quando é afetada pelo desgosto. É diretamente afetada pelas emoções de tristeza ou lamento, as quais obstruem seus movimentos. Uma vez que a Alma Corpórea reside nos Pulmões, tais emoções tem efeito poderoso e direto sobre a respiração. A tristeza e o lamento dissolvem o Qi dos Pulmões e suspendem a respiração.

2.4 ATIVIDADES FISIOLÓGICAS

A Alma Corpórea reside nos Pulmões e está intimamente relacionada com a respiração que pode ser entendida como um pulsar da Alma Corpórea. A respiração curta e superficial, característica da depressão, é uma manifestação da Alma Corpórea em estado de contrição. A meditação faz uso do elo entre a respiração e a Alma Corpórea. Pela concentração, ao respirar, aquele que estiver meditando aquieta a Alma Corpórea e a Mente se torna sossegada e vazia. Com isto a Alma Etérea pode se manifestar e comunicar –se com a Mente universal.

2.5 A ALMA CORPÓREA E A VIDA INDIVIDUAL

A Alma Corpórea está relacionada à nossa vida como indivíduos, enquanto que a Alma Etérea é responsável pelas nossas relações com as outras pessoas. Assim, o Qi de defesa do Pulmão no nível físico protege o corpo dos fatores patogênicos externos, e, no nível mental, protege o indivíduo das influências psíquicas externas. Quando o indivíduo é   muito facilmente afetado pelas influências negativas, isto denota fraqueza da Alma Corpórea.

2.6 A MÁGOA E OS PULMÕES: O ENFRAQUECIMENTO DA ENERGIA

Associadas à mágoa estão as emoções relacionadas com a angústia, a melancolia, a solidão, a ansiedade e a tristeza. Tais emoções resultam em fraqueza e estagnação do Qi e do sangue no corpo. O Qi do tórax estagnado enfraquece a função do Pulmão e conseqüentemente prejudica a respiração.

A tristeza e o pesar afetam o Fei via Coração. O Coração estando confinado, agita-se impedindo que o Qi de nutrição e defesa possa circular harmoniosamente.

O calor que se acumula dissolve o Qi; o pulso é fraco e curto, a voz é fraca, a tez é pálida, o individuo se sente cansado (fadigado), seu tórax é oprimido, podendo apresentar dispnéia e choro.

Nas mulheres a deficiência do Qi dos Pulmão, proveniente de tristeza ou pesar, muitas vezes gera deficiência de sangue e amenorréia.

A tristeza possui um efeito de esgotamento sobre o Qi do Pulmão e, portanto, em alguns casos esgota o Yin do Fígado gerando confusão mental, depressão, perda do sentido de direção e incapacidade de planejar a vida.

Quando a tristeza afeta o Fígado, prejudica a Alma Etérea; isto causa confusão mental... o Yin é prejudicado, os tendões contraídos e há desconforto na região do hipocôndrio . (SPIRITUAL,AXIS, Capítulo 8).

zangfu

Desenho da Dinastia Song (960 ~ 1279). Nesta época, desenhos anatômicos começaram a aparecer,  assinalando um aumento da prática de dissecação de cadáveres. Surgem então duas obras representativas do período: Ou Xi Fan Wu Zang Tu (Ilustrações Anatômicas de Ou Xifan ) , desenhada por Zhu Jing e Cun Zhen Tu (Atlas Anatômico da Verdade) , compilado por Yang Jie. Ambas as coleções são baseadas em autópsias.

3 METAL: A MATURIDADE, A PUREZA E O MOMENTO DO CREPÚSCULO

A energia vital é descendente e pesada. O ciclo que mostra crescimento na primavera e exuberância no verão revela agora a maturidade e se encaminha para o fim. O sol se põe e a vida diurna se recolhe.

O Metal em nós representa a eterna colheita. A função dos Pulmões e do Intestino Grosso é assimilar o essencial e descartar o inútil.

Simbolicamente, os Pulmões cuidam do tesouro, sem o qual o Coração não reina e a estratégia do Fígado não é executada. Tudo o que consideramos precioso em termos materiais, agentes de riqueza e poder, é Metal: ouro, ferro, cobre, chumbo, diamantes, urânio, quartzo, petróleo: agentes de riqueza e poder.

O outono, o anoitecer, o clima seco, os Pulmões e o Intestino Grosso, a cor branca, o sabor picante, o muco, a voz chorosa, a atitude de ordenação e ritmo, o muco, e a tristeza pertencem ao Metal.

O Metal governa a pele, manifesta-se externamente nos pelos e tem como orifício e  órgão mais sensível o nariz.

Por outro lado, a diarréia e prisão de ventre refletem desequilíbrio do Metal, assim como falta de vitalidade, indisposição generalizada, problemas de garganta e de esôfago, doenças debilitantes e respiratórias.

A fragilidade emocional, depressão, melancolia, nostalgia, desânimo choro freqüente, ferem a energia do Pulmão. Respirando mal, nossa troca com o meio externo é ruim. A respiração dá o ritmo dos batimentos cardíacos, portanto a circulação do sangue também sofre e os intestinos tendem a funcionar menos; tudo em nós fica prejudicado.

BIBLIOGRAFIA

AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. O diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.

MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa: Um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Roca, 1996.

REQUENA, Yves. Acupuntura e Psicologia. Tradução Lauro Santos Blandy. São Paulo: Andrei, 1990.

ROSS, Jeremy. Zang Fu: Sistemas de órgãos e vísceras da Medicina Tradicional Chinesa. 2.ed. São Paulo: Roca, 2003.

WEN SU, Nei Ching. O Livro de Acupuntura do Imperador Amarelo. Tradução Fernanda Pinto Rodrigues. 1 ed. Portugal: Editorial Minerva.

WEN, Ton Sintan. Acupuntura Clássica Chinesa. 17 ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1985.

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Se você, ou uma pessoa que você ama, sofre com problemas de saúde de difícil solução e fica vagando por vários profissionais que às vezes não lhe dispensam a atenção que você quer e precisa ou, por outro lado, faz tratamentos longos e caros sem experimentar uma melhora, talvez seja a hora de você se consultar com um  ACUPUNTURISTA!

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NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.

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O PONTO DE ACUPUNTURA DA LONGEVIDADE E BOA SAÚDE

acupuntura curitiba aikido

ancião japonês praticando aikido

INTRODUÇÃO

O ponto Zusanli 足 三 里 (E36) pertence ao meridiano do estômago. É um dos pontos mais famosos e conhecidos deste meridiano. Na China é conhecido como o ponto da longevidade e no Japão eles o chamam de “o ponto que cura cem doenças”.

É um ponto utilizado e estimulado na Acupuntura, Moxabustão, Tuiná e Acupressão por sua eficácia no tratamento de várias doenças, incluindo o câncer.

Acredita-se que ele foi descoberto há mais de 2000 e desde então várias lendas são tecidas em torno de Zusanli.

Há uma lenda de um famoso imperador japonês que decidiu reunir as pessoas mais longevas do seu império. Dentre eles havia um idoso (Mampe San) de 194 anos, sua esposa de 173 e seu filho de 153 . Passados 50 anos, outro imperador fez a mesma coisa e lá estava Mampe San com 244 anos. Curioso, perguntou qual era o segredo de sua boa saúde e vida longa. O segredo de Mampe San era aplicar, a cada 4 dias, calor e massagem no ponto Zusanli.

Recomenda-se particularmente a massagem deste ponto com os dedos anular, médio e indicador ao mesmo tempo, exercendo uma pressão média entre um e dois minutos. Pode-se também massagear o ponto Zusanli com uma bola de golfe.

acupuntura curitiba

LOCALIZAÇÃO DO PONTO

Situa-se a três tsun distal ao E-35 ( Dubai ) e a um tsun lateral à margem anterior da tíbia, entre os músculos tibial anterior e extensor comum dos dedos.

acupuntura curitiba zusanli 1

ANATOMIA

A agulha de Acupuntura atravessa a pele, o tecido celular subcutâneo e o músculo tibial anterior e atinge a região intertibiofibular; relaciona-se superficialmente com os ramos do nervo cutâneo-sural lateral e do nervo safeno e, profundamente, com o nervo fibular profundo.

acupuntura curitiba zusanli 2

CARACTERÍSTICAS DO PONTO

Estimular este ponto quando o doente sente uma dor que vai do joelho para a panturrilha, com a sensação de estar a perna quebrada

Ponto Ho do C.E. do Estômago correspondente ao Movimento Terra; ponto que apresenta a máxima concentração de Energia Terra no C.E.do Estômago

Estimular este ponto para dispersar a Energia Perversa da parte média do corpo.

Estimular este ponto nas afecções energéticas do Estômago, com o abdome distendido.

Estimular este ponto quando o doente sente dores no Estômago e no Coração; quando se tem a impressão de que os membros superiores e inferiores perderam a sua ligação.

Nas afecções crônicas das articulações, devido à Umidade, deve-se aquecer as agulhas e estimular o E-36.

Quando há Plenitude ou Vazio de Qi, excesso de Yin ou Yang, deve-se sempre estimular o E-36, tonificando-o ou dispersando-o.

Quando há sintomas Yin no interior do corpo, deve-se tonificar o E-36.

O ponto E-36 é o ponto de difusão de Qi para o Baixo do corpo, enquanto que o E-30 o é para o Alto.

Nos distúrbios do Intestino Grosso e do Estômago, deve-se estimular os ponto da Bexiga e do Estômago, se não há resultado, estimular o E-36.

Nos distúrbios de Wei Qi, deve-se dispersar a Energia estagnada do E-36 o mais rápido possível.

Estimular este ponto em todas as afecções do Intestino Grosso,tonificando-o se há Vazio de Qi,ou dispersando a Energia estagnada,se há Plenitude de Qi.

Se o doente apresentar borborigmos, com sensação de que a Energia acomete a parte alta do corpo, com dificuldade respiratória,isto significa que a Energia Perversa penetrou no Intestino Grosso. Neste caso estimular os pontos VC-6, E-37 e E-36.

É um ponto regulador geral de Energia.

INDICAÇÕES DO PONTO

Gastrites aguda e crônica

Úlceras gástricas e duodenal

Enterites aguda e crônica

Pancreatite aguda

Indigestão

Gastralgia

Hemiplegia

Estado de choque

Fraqueza geral

Anemia

Alergia

Hipotensão

Icterícia

Asma

Enurese

Neurastenia

Afecções do sistema reprodutor

Dor e distensão abdominal

Náuseas

Vômitos

Dificuldade de urinar

Epilepsia

Palpitação

Estupor

Depressão e mania

Gritos histéricos

Funções Energéticas do Ponto

Tonifica o Qi Nutrição, o Qi e o sangue

Regula, hamoniza e fortalece o Qi Mediano ( Baço/Pâncreas/Estômago )

Regula e umedece os Intestinos

Harmoniza e tonifica o Qi do Pulmão

Tonifica o Qi dos Rins e do Yuan Qi

Tonifica o Wei Qi, restaura o Yang Qi e forma o Jin Ye

Faz circular o Qi e o sangue

Aumenta a Energia Essencial

Redireciona o Qi em tumulto

Transforma a Umidade e a Umidade-Calor

Drena a Umidade e a Umidade-Frio

Dispersa o Vento e o Frio

Associações do Ponto

Náuseas, vômitos: CS-6 ( Neiguan )

Pancreatite:E-39 ( Xiajuxu ), VB-34 ( Yanglingquan ), CS-6 ( Neiguan )

Indigestão: IG-4 ( Hegu ), E-25 ( Tianshu ), VC-14 ( Guanyuan ), VC-12 ( Zhongwan ), BP-4 ( Gongsun )

Obstrução intestinal aguda: IG-4 (Hegu), CS-6 (Neiguan , VC-12 (Zhongwan), E-25 (Tianshu) , B-25 (Dachangshu), B-32 (Ciliao)

Fraqueza geral: VC-4 ( Guanyuan )

Distensão abdominal: E-25 ( Tianshu ), VC-6 ( Qihai ), CS-6 ( Neiguan )

Depressão e mania: CS-5 ( Jianchi ), VC-24 ( Chengjiang ), B-15 ( Yinshu )

Afecções do Estômago e dos Intestinos:VC-12 (Zhongwan), E-25 (Tianshu), CS-6 (Neiguan), BP-4 (Gongsun)

Paralisia e atrofia de membros inferiores:VB-30 (Huantiao), B-54(Weizhong), VB-34(Yanglingquan), BP-6(Sanyinjiao)

Edema e disúria: E-28 ( Shuidao ), B-23 ( Shenshu )

Mastite: E-18 ( Rugen ), VB-42 ( Diwuhui )

Doenças hepáticas e biliares: F-4 ( Zhongfeng ), F-14 ( Qimen ), VB-40 ( Qiuxu ), VB-24 ( Riyue )

CRÉDITOS: Adaptado de Medicina Tradicional China - Chikung Médico. Com informações adicionais do Atlas MeiHuaNet.

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ENTREVISTA COM A PROFESSORA FUMIE KUREBAYASHI

Fumie

Leonice Fumiko Sato Kurebayashi
Enfermeira e acupunturista. Membro do Grupo de Estudos em Práticas Alternativas-Complementares CNPq
fumie_ibez@yahoo.com.br

 

As terapias alternativas e complementares são aquelas de assistência à saúde em âmbitos promocional, preventivo, curativo e de reabilitação para diversos tipos de agravos agudos e crônicos. Dentre as modalidades, a acupuntura tem angariado adeptos em todas as partes do mundo. Essa terapia milenar da Medicina Chinesa é a mais popular no Ocidente e uma das formas de tratamento mais antigas.

Há comprovações científicas de seu efeito benéfico para diversos problemas de saúde, desde os pequenos desequilíbrios energéticos até doenças já instaladas. Desta forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado a integração da acupuntura no âmbito da Medicina Ocidental alopática. Em 2006, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, inserindo a acupuntura como prática dos profissionais de saúde em caráter multiprofissional, desde que esses tenham realizado curso de especialização.

Os enfermeiros têm contribuição ímpar para a incorporação da acupuntura e de outras práticas complementares nos centros de atenção à saúde em que atuam e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em 1997, por meio da Resolução 197 reconheceu a acupuntura como especialidade do enfermeiro.

A enfermeira Leonice Fumiko Sato Kurebayashi teve formação em acupuntura e terapias afins (massagem, moxabustão, ventosa, fitoterapia chinesa, auriculoterapia) e posteriormente graduou-se em Enfermagem. Fez pós-graduação em Acupuntura pela FACIS-IBEHE. Atuou como coordenadora e professora no Curso Técnico de Acupuntura do Instituto de Terapia Integrada e Oriental em São Paulo e é membro do Grupo de Estudos em Práticas Alternativas e Complementares de Saúde do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com 20 anos de experiência como acupunturista, defende a prática da acupuntura de forma ampla, democrática, multiprofissional e pontua a importância da participação da Enfermagem no processo de implantação da técnica em âmbito nacional, nos múltiplos espaços em que a Enfermagem tem a oportunidade de atuar.

Nessa entrevista, a enfermeira Fumie, como é conhecida na área, conta um pouco sobre a difusão da acupuntura no Brasil, como a terapia é praticada na saúde pública, como está a formação dos acupunturistas e dos enfermeiros que desejam realizar a especialização. Ela ressalta que o futuro da acupuntura na área da Enfermagem dependerá, em parte, da participação de todos os interessados por essa prática.

Como definir acupuntura?

A acupuntura é uma das técnicas utilizadas na Medicina Tradicional Chinesa. Em países como o Brasil, em que a medicina considerada tradicional é a alopática, ela é denominada prática complementar na assistência à saúde. Vale destacar que acupuntura é uma palavra que deriva do latim acus (agulha) e puntura (punção), cuja técnica foi desenvolvida há aproximadamente quatro mil anos na antiga China e que se difundiu como uma das terapias mais praticadas no mundo. Ela promove o equilíbrio energético, o bem-estar e a saúde física, mental, emocional e espiritual. No Japão, por exemplo, a acupuntura é praticada há 1.450 anos. Nas Coréia, há pelo menos 1.500. No Vietnã, há mais de dois mil anos. Faz 300 anos que a Europa conhece esta terapia complementar e a América do Norte, há 150 anos. No Brasil, é prática recente.

Esta técnica estimula pontos energéticos do corpo humano por meio de agulhas finas e metálicas que podem ser manipuladas com as mãos ou por estimulação elétrica. Outro método também é pressionar ou aquecer os pontos com a moxabustão. E há ainda o estímulo por meio de raio laser de baixa potência.

Na China, a acupuntura não é prática somente prioritária na atenção primária e na prevenção às doenças, ela é uma técnica também realizada em hospitais e prontos-socorros com foco na atenção secundária e em clínicas de reabilitação na atenção terciária.

Como a técnica chegou ao Brasil?

Antes de citar o nosso país, vale dizer que a acupuntura passou a ser falada e conhecida nas Américas porque o ex-presidente americano Richard Nixon, em viagem à China, contava em sua comitiva com um jornalista da Revista The New York Times que durante a visita do presidente sofreu de uma crise de apendicite e precisou ser operado às pressas. As dores na recuperação foram aliviadas com a acupuntura, técnica rotineira nos hospitais da China. De volta aos Estados Unidos, o então jornalista escreveu uma matéria relatando o poder que agulhas pequenas inseridas no seu corpo tiveram para aliviar a sua dor. A repercussão do assunto, ainda desconhecido, foi tão grande que médicos e estudiosos começaram a pesquisar o poder da acupuntura como analgésico. E isso gerou um interesse científico muito grande. Perguntava-se como uma agulha inserida tinha potencial de diminuir a dor como um opioide.

No Brasil, a técnica desenvolveu-se em razão dos imigrantes orientais, principalmente os chineses e japoneses, que se estabeleceram nas regiões Sul e Sudeste do país, e também em razão do empenho do professor Frederico Spaeth, que na década de 1950, vindo da Europa, e profundo conhecedor da acupuntura, montou seu consultório e fez grande clientela. Assim, vários médicos sentiram-se atraídos pela acupuntura, o que gerou o primeiro grupo de acupuntura no Brasil. Uma década depois, formou-se o primeiro órgão oficial da categoria, a Associação Brasileira de Acupuntura (ABA), que congregava não somente os médicos, mas profissionais de diversas outras áreas.

Mas a pessoa mais importante a encabeçar a defesa da acupuntura para todos no Brasil foi Wu Tou Kwang, que fundou, em 1981, e dirige até os dias de hoje, o Centro de Estudos da Acupuntura e Terapias Alternativas (CEATA), que foi um dos pioneiros da técnica no país. Na época, a acupuntura não era uma prática comum, ela não era nem mesmo uma especialidade.

“No Brasil, a técnica desenvolveu-se em razão dos imigrantes orientais, principalmente os chineses e japoneses, que se estabeleceram nas regiões Sul e Sudeste do país”

A acupuntura é benéfica em quais situações de agravo à saúde?

A Organização Mundial da Saúde fez uma avaliação das experiências clínicas da acupuntura nas duas últimas décadas, em diferentes partes do mundo, e listou 43 doenças tratadas e tratáveis pela aplicação da técnica. Porém, em razão da falta de rigor científico, seu resultado foi questionado. Esta listagem apresenta uma infinidade de afecções do corpo humano, das físicas às mentais e emocionais. Aquelas, cujo benefício culminou no alívio da dor, foram as mais citadas. E é verdade, a dor ainda é a causa mais comum de uma pessoa buscar o atendimento de um acupunturista. A técnica envolve efeitos analgésicos, sedativos, homeostáticos, imunodefensivos, psicológicos e até mesmo de recuperação motora. Como a acupuntura tem sido largamente utilizada para aliviar a dor, há crescente interesse pela técnica como alternativa para dores no parto.

E embora haja grande procura pela acupuntura no tratamento de dores agudas ou crônicas, a técnica também é muito positiva para doentes renais e hepáticos, hipertensos, para afecções gineco-obstétricas, neurológicas, ortopédicas, fisiátricas, reumatológicas e, inclusive, como procedimento nas clínicas médica e cirúrgica.

É possível aplicá-la também para casos de obesidade, tabagismo e alcoolismo. Porém, vale acrescentar que conseguir o efeito terapêutico da técnica depende em grande parte da preparação e da habilidade do acupunturista. Também são variáveis importantes a serem consideradas: o custo, a segurança e as condições locais dos serviços de saúde.

Nos Estados Unidos, o consenso do National Institutes of Health (NIH) referenda a acupuntura em casos de dependência química, reabilitação pós-AVC, lombalgia, asma, cefaléia, dentre outras doenças e sintomas.

Então não existe contraindicação?

A literatura tem afirmado que a acupuntura tem poucas contraindicações, embora a experiência diagnóstica do acupunturista seja fundamental para oferecer um, tratamento adequado e eficaz. Pode ser aplicada em recém-nascidos, crianças, adultos e em idosos. Eu aplico inclusive em gestantes após o terceiro mês de gravidez, além de auxiliar na fertilização e no pós-parto. Mas como toda técnica, a acupuntura tem suas limitações. Existem distúrbios que a gente sabe que somente vai melhorar a qualidade de vida do paciente. Trabalhamos com cuidados paliativos também. Aliás, a acupuntura e terapias afins são excelentes para o cuidado de pacientes com doenças muito graves e degenerativas. Na oncologia, por exemplo, é possível diminuir a depressão energética que a pessoa desenvolve em razão da doença e até mesmo amenizar sintomas como dores e náusea pós-quimioterapia.

Como surgiu na senhora o desejo de aprender e aplicar a técnica?

Embora eu seja de descendência oriental, meu aprendizado não se deu por intermédio de meus familiares. Nasceu por um motivo muito particular. Meu filho sofreu uma doença chamada ‘fechamento precoce da fontanela’ quando era bebê e foi salvo de forma milagrosa e impressionante pela acupuntura. As placas cranianas de sua cabeça se fecharam aos três meses e aos oito meses teria que passar por uma cirurgia porque não haveria espaço para o crescimento do cérebro, o que comprometeria seu desenvolvimento mental e neurológico. Tinha 24 anos, era mãe recente, nova e inexperiente, e me tratava com acupuntura com um médico neurologista acupunturista. Nem o médico e nem eu pudemos antever os efeitos curadores que a acupuntura poderia ter sobre esse quadro. Começamos com um tratamento com agulhas de sete pontas com estímulos sobre alguns pontos para o sistema respiratório, para o equilíbrio energético e de crescimento dos ossos. Aos sete meses, ao realizarmos um novo exame diagnóstico pré-operatório, tivemos a grata surpresa de observar a total abertura de todos os espaços entre as placas. Isso foi há 29 anos: uma experiência difícil, dolorosa, preocupante e, certamente, transformadora. Um estudo de caso para o Congresso de Acupuntura, nas palavras do médico. Naquele tempo, atuava como professora de artes e música, e não tinha nenhum envolvimento com a área da saúde. Mas, como a vida desenha os nossos destinos por diferentes meios, a acupuntura encontrou eco em meu coração e se tornou objeto de estudo.

Como foi a sua trajetória profissional?

Em 1990, formei-me acupunturista pelo CEATA. Naquela época, na mesma sala de aula, estudavam médicos, fisioterapeutas, donas de casa, profissionais com formação na área da saúde e sem nenhuma formação, além do leigo que ia por curiosidade. A prática sofria muito preconceito e discriminação, principalmente pela classe médica. A minha formação foi primeiro em acupuntura e depois em Enfermagem.

Esperei por muitos anos por um curso superior em Medicina Tradicional Chinesa no Brasil. Não surgiu até hoje. Optei por estudar Enfermagem por ser uma profissão que aborda o ser humano em seu Todo, o vê como uma entidade complexa, espiritual, mental, emocional e física em sua relação com o meio ambiente.

A Enfermagem se ocupa do bem-estar do cliente/paciente, o assiste de forma técnica, responsável, humana, afetiva - do banho à punção, da massagem de conforto ao suporte social e orientações -, e a humanização do cuidar tem estreita relação com a filosofia que fundamenta a acupuntura e a medicina chinesa.

Escolhi a Enfermagem porque acreditei que sendo acupunturista e tendo esta formação poderia acrescentar à assistência de Enfermagem um pouco da prática oriental para enfermeiros atuantes em hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS), ambulatórios de especialidades, homecare, casas de repouso, clínicas de reabilitação etc. A nossa prática é extremamente preventiva, embora no Ocidente a acupuntura tenha ganhado uma vertente quase que só curativa, porque acaba trabalhando muito em reabilitação, em pessoas que já estão acamadas ou bem doentes, com enfermidades instaladas com alta morbidade. Mas, deve-se ressaltar que a acupuntura é bem interessante na prevenção e no cuidado prévio ao adoecimento, na promoção da Saúde.

Em 2006, graduei-me enfermeira pela Universidade São Camilo, em São Paulo. Cursei mestrado na Universidade de São Paulo (USP), cujo trabalho resultou na obra “Acupuntura Multiprofissional: aspectos éticos e legais”, livro lançado no ano passado.

Em 2009, cursei especialização em acupuntura na Faculdade de Ciências da Saúde (FACIS IBEHE), instituição paulista que basicamente oferece especialização na área da saúde relacionada às práticas complementares. Atualmente, participo do programa de doutorado também pela Escola de Enfermagem da USP, realizando pesquisa sobre a eficácia da auriculoterapia para estresse e qualidade de vida de profissionais da equipe de Enfermagem.

“Optei por estudar Enfermagem por ser uma profissão que aborda o ser humano em seu Todo, o vê como uma entidade complexa, espiritual, mental, emocional e física em sua relação com o meio ambiente”

O mestrado lhe permitiu realizar uma pesquisa sobre a aceitação da prática da acupuntura pela enfermagem. Conte-nos sobre isso.

Este trabalho de pesquisa aconteceu em 2006. Tive o objetivo de levantar o que os enfermeiros pensavam acerca da acupuntura como assistência de Enfermagem. Ou seja, se a acupuntura que estava sendo realizada exclusivamente pelos médicos poderia ser praticada pelos enfermeiros. A pesquisa foi realizada em 33 Unidades Básicas de Saúde (UBS), da zona Centro-Sul de São Paulo, locais em que a acupuntura estava sendo oferecida à população e que foram considerados polos de difusão da medicina tradicional chinesa pela Secretaria da Saúde do Município de São Paulo. Após entrevistar 33 enfermeiras sobre a possibilidade do uso da acupuntura por enfermeiros, cheguei à conclusão de que ainda a acupuntura era uma prática restrita a uma categoria profissional: a dos médicos. Embora todos os entrevistados achassem que poderia ser uma atividade realizável pelos enfermeiros, não havia cursos oferecidos pela Prefeitura para profissionais não-médicos e algumas enfermeiras se mostraram temerosas quanto aos preconceitos que poderiam sofrer não somente com relação à aceitação da população, como também dos próprios médicos. Outras enfermeiras queixaram-se de falta de tempo para realizar mais uma atividade, uma vez que já se ocupavam por demais com afazeres que nem sempre eram de sua atribuição. Sentiam-se distantes da possibilidade de realizar a assistência, pois passavam a maior parte de seu tempo trabalhando na organização de salas, procurando substituir profissionais da administração e denominaram o enfermeiro como “faz tudo” da Unidade. A pesquisa delimitou o seguinte panorama: algumas enfermeiras entrevistadas ainda sustentam e se submetem a uma relação verticalizada, em que a supremacia do poder permanece nas mãos de médicos. Assim, realizar acupuntura pode ser considerado um enfrentamento, já que o Conselho Federal de Medicina (CFM) busca definir a acupuntura como Ato Médico e, portanto, hipoteticamente, restrito à categoria médica. A assistência de Enfermagem, tão fundamental, tem sido deixada de lado porque a enfermagem tem sido um” tapa-buraco” dentro das UBSs. Ressalte-se, porém, que a acupuntura não foi regulamentada por Lei como profissão e tem sido praticada por acupunturistas cuja formação pode ter sido em cursos livres, em cursos técnicos, em cursos de pós-graduação ou em cursos no exterior. Não pode ser considerada uma atividade exclusiva da Medicina, pois a acupuntura foi aceita e regulamentada pelos órgãos e Conselhos dos profissionais de saúde tais como da Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Educadores físicos, Biomedicina, Odontologia, Medicina Veterinária etc.

Há inúmeros pacientes em filas esperando por tratamentos. A aplicação da acupuntura poderia amenizar a incidência de doenças e auxiliar no tratamento de diversos tipos de agravos, e o enfermeiro é competente para isso. Há filas intermináveis nos postos de saúde e nos hospitais, de pessoas com problemas de ordem emocional, problemas músculo-esqueléticos, problemas crônicos etc, que poderiam ser atendidas em acupuntura nas Unidades de Saúde, por especialistas e também pelos enfermeiros. Abrir ambulatórios de acupuntura, com a atuação de múltiplos profissionais seria uma forma eficiente e eficaz de atender a essa demanda. O SUS paga pelo procedimento, mas é necessário que se torne uma realidade nos diversos espaços para benefício de um maior número de pessoas.

A senhora aplica a acupuntura em clínica própria?

Eu tenho uma clínica onde atendo cerca de 50 pessoas por semana com problemas de todos os tipos. A demanda é de pacientes que buscam o atendimento ambulatorial. Em geral, eles não conseguem ser atendidos em hospitais como o Hospital das Clínicas e Hospital São Paulo devido ao grande número de pessoas que buscam este tipo de serviços. São pessoas que sofrem de muita dor, que mal conseguem caminhar. Aqui atendemos a um preço bem acessível justamente para cuidar desta parcela da população. Tenho clientes/pacientes particulares, que se tratam regularmente toda semana e temos clientes ambulatoriais. Algumas pessoas já se tratam há quase dez anos e outros que fazem tratamento emergencial de poucos meses.

Quais são as formas de aplicação da acupuntura?

A acupuntura sistêmica, feita no corpo todo, é a forma mais tradicional e disseminada, mas há também a auriculoterapia que pode ser aplicada com agulhas semipermanentes, sementes e ímãs. Além disso, a acupuntura a laser é utilizada há mais de 20 anos e aparelhos têm sido desenvolvidos no Japão, pois o povo japonês investe em tecnologia. A eletroacupuntura tem sido muito utilizada para o tratamento de dores. Pode-se também somente utilizar a acupressura, isto é, a pressão de pontos de acupuntura, muito útil para a realização de massagem. No Brasil, a acupuntura tem sido muito propagada. O profissional que aplica a acupuntura é quem faz a opção pela técnica mediante as condições do paciente. Se eu aplicar a técnica em uma pessoa sensível ou que esteja com o sistema imunológico deficitário, prefiro não abrir nenhuma possibilidade de infecção, com isso eu vou para a semente ou para o ímã na auriculoterapia. Crianças muitas vezes precisam de estímulos menos dolorosos, pois são bastante responsivos a qualquer tipo de estimulação e nem sempre precisamos utilizar agulhas.

A formação em Enfermagem me ajudou muito, pois trouxe o respaldo necessário do conhecimento de fisiologia e de fisiopatologia do ponto de vista ocidental, de doenças e das possibilidades de se prevenir as suas manifestações. A formação em Enfermagem me permitiu somar a visão ocidental do processo saúde-doença, com a visão energética e cosmológica oriental, permitindo trabalhar com as pessoas promovendo saúde e evitando problemas. Não restam dúvidas: houve um forte impacto positivo de práticas de saúde orientais em nossa cultura ocidental após o período pós-guerra e, hoje, discutem-se os possíveis benefícios que a técnica traria, se oferecida em ambulatórios específicos pelo SUS. Existe demanda para isso e por ser menos custoso, torna-se muito mais barato para os cofres públicos realizar o tratamento de doenças crônicas, degenerativas a partir de técnicas que podem ser coadjuvantes e auxiliares no controle de morbidades muito prevalentes, sem os efeitos colaterais provocados por medicações alopáticas.

A China, em meados do século XX, reergueu sabiamente o seu País retomando a medicina tradicional popular. O alicerce do sistema de saúde foi a partir da formação de técnicos em acupuntura, os médicos de pés descalços, formados em cursos rápidos de 2 anos, com apenas 70 pontos de acupuntura e pelo menos 200 ervas que poderiam ser plantadas no quintal. A retomada da acupuntura e de técnicas afins na Medicina Chinesa conseguiu diminuir a necessidade do uso de medicação farmacológica alopática, que era muito cara e restrita aos mais ricos, diminuindo os níveis de mortalidade e de necessidade de hospitalizações. A Organização Mundial de Saúde fez um grande trabalho de disseminação e divulgação de tais experiências, tendo em vista incentivar o uso da medicina popular em países pobres e emergentes, cuja Medicina Tradicional não é a alopática.

Como o paciente chega para a senhora e como é realizada a consulta?

A maioria deles vem por indicação de outros pacientes, ou seja, na propaganda “boca a boca”. Faço uma consulta de acupuntura, de medicina chinesa, a partir de um diagnóstico energético minucioso, que parte da observação, do interrogatório, da palpação (Pulso radial e meridianos), da ausculta e olfação. Os critérios diagnósticos são aqueles baseados nos Oito Princípios (Frio, Calor, Interno, Externo, Yin, Yang, Excesso e Deficiência), na Lei dos Cinco Elementos, na avaliação dos canais de meridianos. O paciente relata o que acontece com ele, suas queixas principais. Geralmente, o paciente chega com um problema específico, uma dor na perna, gastrite, depressão, problemas respiratórios ou quaisquer outros sintomas. A partir dos sinais observáveis e dos sintomas é realizada uma anamnese que permite encontrar padrões de desequilíbrio de meridianos e de órgãos e vísceras. Observo o meu cliente com os olhos da Medicina Chinesa, que enxerga o paciente como um Todo. Para a Medicina Chinesa o que move a pessoa é a energia e a estagnação dessa energia provoca distúrbios, que culminam em doenças e dores. A Medicina Chinesa não separa as pessoas em pedaços, nem em órgão e vísceras, muito menos em aspectos psíquicos e físicos. Recebo ambulatorialmente pacientes com indicação cirúrgica, no pós-cirúrgico, com problemas crônicos e em alguns casos, com problemas agudos. Não somos aceitos em planos de saúde porque se exige quase sempre que o acupunturista seja um médico. É preciso um CRM! O lobby médico é pesadíssimo e a categoria continua liderando.

E como é atualmente a formação do acupunturista e a sua atuação?

A acupuntura ainda não é uma profissão no Brasil, constituindo-se apenas como um ofício, uma prática. Porém, é certo que busca caminhar para a profissionalização por meio de Projetos de Lei que tramitam no Congresso. Atualmente, o Curso técnico de nível médio de Acupuntura foi extinto em São Paulo, por determinação do Conselho Nacional de Educação, por não ter sido reincorporado ao Calendário de cursos técnicos. Era um Curso regular com carga horária mínima de 1200 horas e estágio supervisionado. Tendo em vista que a acupuntura ainda não é uma profissão, portanto não tem uma regulamentação específica, quem rege seus limites e atribuições são os representantes das respectivas áreas da saúde, ou seja, a normatização vem dos Conselhos de Enfermagem, de Medicina, de Fisioterapia, por exemplo. O Conselho Regional de Enfermagem tem o poder de orientar, fiscalizar o enfermeiro acupunturista, uma vez que regulamenta e aceita a acupuntura como especialidade. Se a acupuntura fosse uma profissão, ganharia um Conselho regulatório e uma Federação em nível nacional. Sindicato nós temos, o Satosp. Embora não seja uma profissão, o Ministério do Trabalho e Emprego, em 1982, elaborou a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) definindo a ocupação de acupunturista como independente de qualquer classe profissional, inclusive da médica, sob o código 3221-5. Por não ter uma legislação federal que a regulamente, embora seja defendida por diferentes categorias profissionais, ainda existe a discussão sobre abrangência dessa prática, como é o caso do projeto do Ato Médico, que justifica a acupuntura como atuação restrita aos médicos.

Interessante salientar que a acupuntura somente foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medina (CFM) em 1995, uma década depois do reconhecimento por parte de outros Conselhos, como no caso o de Fisioterapia e o de Biomedicina. Já o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estabeleceu e regulamentou a acupuntura como especialidade em 1997, por meio da Resolução 197. Embora o exercício da acupuntura seja reconhecido pelos diversos Conselhos, os profissionais ainda precisam conquistar seu devido espaço, de direito, como especialistas na rede pública e nos convênios de saúde.

Quanto à acupuntura como especialidade de Enfermagem, é fundamental e necessário que cada vez mais as universidades, tanto públicas como particulares, tenham em seus currículos esta prática e divulguem cursos de especialização nesta área durante a graduação.

“o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estabeleceu e regulamentou a acupuntura como especialidade em 1997, por meio da Resolução 197”

Com relação ao número de acupunturistas, como está o cenário brasileiro?

Até alguns anos atrás, havia cerca de 50 mil acupunturistas não-médicos no Brasil. Mas este número deve ter crescido muito porque nos últimos cinco anos foram formados técnicos em acupuntura, em cursos autorizados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). O mesmo MEC, em 2008, em uma revisão do seu Calendário de Cursos Técnicos e de Graduação, eliminou o Curso Técnico de Acupuntura. O Ministério deu o prazo até o ano passado, 2011, para finalizar todos os cursos em andamento. Entramos, as escolas, com diversos pedidos ao Conselho Estadual de Educação em São Paulo e no MEC, na tentativa de reinserir a acupuntura no nível técnico, sem sucesso, por acreditar que o curso conseguia realmente preparar os profissionais. Era um curso que preparava tecnicamente o aluno, por oferecer 1.200 horas reais, com um extenso plano de curso teórico e prático, com até dois anos de duração, tão longo quanto um técnico em enfermagem. O Conselho Estadual de Educação de São Paulo proibiu a formação de novas turmas a partir de agosto de 2010. Em 2005, o Instituto de Terapia Integrada e Oriental formou acupunturistas e massagistas. De lá para cá, formamos cerca de 100 técnicos em acupuntura, mas a partir desse ano, continua em funcionamento somente o Curso Técnico de Massagem.

Como era este curso? É possível reverter esta decisão do MEC?

O curso foi muito bem estruturado, com número reduzido de pessoas para que cada aluno pudesse ter um aprendizado teórico e prático de bom nível, com monitores e professores nos estágios supervisionados. Os alunos não ficavam sozinhos para a realização dos diagnósticos e tratamentos. Como enfermeira e coordenadora técnica do curso, era responsável pelas ‘agulhadas’ que o aluno estava realizando. Infelizmente, isso não será mais possível em virtude da proibição pelo MEC, como expliquei. Mas, se eu quiser continuar ministrando o Curso tenho que procurar uma instituição que possa me chancelar um Curso de Pós-Graduação para profissionais de saúde. As especializações têm sido feitas geralmente em um formato de um fim de semana ao mês, e, sinceramente, acredito que é uma tarefa difícil preparar técnica e humanamente um profissional com apenas um final de semana ao mês. Estou acostumada a formar ótimos técnicos, pois o mercado de trabalho está repleto de profissionais acupunturistas com formação duvidosa. Na acupuntura, em vista de tantos problemas e dificuldades vivenciados por estes profissionais, ou você precisa ser bom para se garantir ou não consegue encontrar pacientes. Não sei se consigo garantir uma boa formação para uma pessoa que estuda uma vez ao mês, mesmo que por um período de dois anos. Outra questão é o número de alunos por classe. Os cursos chancelados pelas universidades precisam ter, no mínimo, de 30 a 40 alunos por turma, para que se torne economicamente rentável. Assim, posso assegurar que os cursos técnicos ofereciam uma formação técnica de acupuntura mais completa do que muitos cursos de especialização. É uma pena que o curso técnico de acupuntura não seja reintegrado no Calendário.

As práticas complementares têm embasamento legal no Brasil?

A Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares no SUS foi instituída em 2005 com o objetivo de apoiar, divulgar, incorporar e implementar as terapias complementares. A acupuntura está inserida neste contexto. Nas diretrizes para a sua implantação em todos os níveis da saúde, mais precisamente com enfoque na atenção básica, a prerrogativa foi dada aos médicos com atuação no Programa Saúde da Família (PSF). Coube à equipe de saúde as ações de prevenção de agravos, promoção e educação em saúde. E embora o enfermeiro ainda encontre obstáculos para a sua prática, os olhares se voltam para a aplicabilidade da Portaria 971/2006, do Ministério da Saúde, que aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema único de Saúde (SUS) que ratifica a promoção do exercício multiprofissional de algumas modalidades terapêuticas, e dentre elas a acupuntura. Em 2008, a Portaria foi reeditada recebendo número 326/2008, sem alterações para a especialidade.

Como a acupuntura se comporta no cenário da pesquisa?

Embora a pesquisa em Enfermagem cresça a passos largos, o número de pesquisas publicadas em revistas científicas de grande porte sobre acupuntura ainda é de médicos. Isso tem sido uma tendência no mundo inteiro. Há poucos enfermeiros que pesquisam acupuntura e eu tenho sido uma delas nos últimos anos. Estou agora realizando pesquisa na área de auriculoterapia, porque parece mais fácil de ser aceita e realizada em ambientes hospitalares como coadjuvante, e também porque acredito que a auriculoterapia possa ser feita com sementes ou ímãs, com materiais não penetrantes, o que torna o procedimento fácil e rápido, podendo ser de grande utilidade para a Enfermagem, sem provocar nenhum efeito colateral. Além disso, acredito que a auriculoterapia seja extremamente útil para realizar diagnóstico de distúrbios de diversos locais do corpo, porque é um microssistema que retrata o corpo. Tratando da orelha é possível tratar de qualquer parte do corpo.

A senhora lançou recentemente pela editora Yendis a obra “Acupuntura Multiprofissional – aspectos éticos e legais”. O que o enfermeiro pode esperar dessa leitura?

A ideia de escrever este livro surgiu da necessidade de divulgarmos os resultados de um estudo voltado para o reconhecimento da acupuntura pelos enfermeiros de Unidades de Saúde Pública como uma possível tecnologia em sua atuação no cuidar. A obra foi elaborada em conjunto com o enfermeiro e advogado Genival Fernandes de Freitas, professor do Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP.

O livro promove uma reflexão sobre a prática, incentivando seu exercício por meio de profissionais capacitados, mesmo com formações diferentes na área da saúde. Com o intuito de discutir as “verdades” e “mentiras” sobre a acupuntura multiprofissional, a obra aborda desde a história da prática terapêutica, relata sua difusão pelo mundo, questões ético-legais, culmina com o estudo realizado com enfermeiras atuantes em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e permite esboçar a percepção destas profissionais diante da acupuntura.

Outro objetivo do livro é incentivar a defesa da acupuntura multiprofissional, já que esta prática tem sido citada como uma atividade exclusivamente médica, caso seja aprovado o Projeto de Lei do Ato Médico. Quero que esta obra contribua para que a acupuntura seja definitivamente incorporada como especialidade das categorias profissionais da saúde, fazendo cumprir a Portaria 971/2006 do Ministério da Saúde. E, por fim, contribuir para que a acupuntura torne-se uma profissão independente cujo Projeto de Lei 480/2003 tramita no Senado Federal.

Montar um consultório é uma boa opção para o enfermeiro especialista em acupuntura?

Sim, sem dúvida é uma grande possibilidade, pois ele pode trabalhar em conjunto com outros profissionais de áreas afins, ou não, já que a acupuntura atua em qualquer segmento. Uma vertente da acupuntura fortíssima em nosso país é a estética, embora o meu trabalho esteja voltado para a reabilitação músculo-esquelética. Montar um consultório de acupuntura requer as mesmas necessidades burocráticas de qualquer outro consultório. Se você me perguntar se é uma atividade rentável,  digo que sim. Mas aconselho que nos primeiros anos, o profissional acupunturista exerça junto outras atividades. Por exemplo, o enfermeiro que atua em uma instituição de saúde pode divulgar o seu trabalho, realizando aplicações de auriculoterapia em seus colegas, para que se possa conhecer os benefícios da técnica. Nas horas em que não está no hospital, entre um plantão e outro, uma opção é alugar uma sala ou fazer atendimentos domiciliares, assim poderá conquistar sua clientela e se dedicar integralmente aos seus pacientes.

É importante frisar que sempre houve muitas dificuldades de inserção da acupuntura por não ter uma regulamentação legal. Atualmente, acredito que novos caminhos se delineiam e que o título de especialista seja aceito e permita a colocação destes profissionais de saúde em concursos, com oportunidades de trabalho em instituições públicas pelo SUS.

Na verdade, o acupunturista não-médico precisa se fazer valer pela técnica, pela competência e pela excelência de seus atendimentos, caso contrário ele não cresce. Finalmente, sempre agradeço por ter sempre muitos pacientes, por conseguir resolver seus problemas e poder auxiliá-los de alguma forma a permanecerem saudáveis e sem dor. Nunca fiz propaganda porque os acupunturistas não-médicos poderiam sofrer retaliações. Há 20 anos, a prática não era senso comum e estava sempre envolta em misticismo e charlatanismo.

Se o enfermeiro quiser trabalhar com a acupuntura, precisa buscar ganhar o mercado, sendo um profissional empreendedor e que saiba divulgar o seu trabalho. O enfermeiro pode ser acupunturista em qualquer ambiente, mas ele precisa, antes de tudo, que acreditar nisso.

Qual é o grande desafio da enfermagem frente à especialidade?

Se aprovado na Câmara e Senado nos termos em que foi redigido, o projeto do Ato Médico poderá prejudicar milhares de acupunturistas atuantes no mercado, pois, entre outras questões, definirá a acupuntura como atividade exclusiva da categoria profissional médica. Projeto polêmico, ele poderá violar um direito já adquirido, contido no art. 5 da Carta Magna. Mais uma vez, defendo que o desafio que se coloca ao enfermeiro e a todos os profissionais de saúde é buscar implantar a prática da acupuntura de forma multiprofissional, compartilhada, técnica, competente, democrática e ética, cujo benefício será voltado para a saúde de toda a população.

Kurebayashi LFS. Portal da Enfermagem – Acupuntura [internet] 2011 [citado 2012 Janeiro 03]. Disponível em http://www.portaldaenfermagem.com.br .

NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.