POLIOMIELITE E SÍNDROME PÓS-PÓLIO NA MTC

ACUPUNTURA  CURITIBA

Poliomielite e síndrome pós-polio pela medicina tradicional chinesa: da fisiopatologia ao diagnóstico

Rev Neurocienc 2011;19(2):365-381

RESUMO

A poliomielite é caracterizada por disfunção neuromotora do tipo paralisia flácida dos membros e, a síndrome pós-poliomielite (SPP) consiste em novos sintomas (fraqueza, atrofia) ou piora dos sintomas residuais da pólio. A medicina tradicional chinesa (MTC) é uma prática de saúde oriental que avalia aspectos físico, mental, espiritual e ambiental do homem, bem como o seu processo de adoecimento, contém conhecimentos valiosos e pouco comuns para os profissionais de saúde do mundo ocidental. Na investigação diagnóstica, o interrogatório inclui questionamentos sobre espiritualidade, investigação da natureza e funcionamento dos órgãos e sistemas, associados aos exames peculiares da língua e do pulso radial, que são utilizados para elaboração dos programas de tratamento e, acompanhamento prognóstico. Objetiva-se apresentar atualizações sobre os fundamentos da MTC, visando uma interface com os conhecimentos da medicina ocidental, citando como exemplo, a poliomielite e SPP, em relação aos possíveis fatores causais, fisiopatológicos, características clínicas e diagnóstico. Como considerações finais inferese que a pólio e a SPP são manifestações nosológicas da chamada “síndrome Wei 痿” ou “síndrome atrófica”. Essa visão ampliada do tema pode incentivar futuras pesquisas, contribuindo para um melhor entendimento sobre processos de adoecimento e, também para uma assistência mais eficiente de pacientes do mundo ocidental.

Unitermos. Medicina Tradicional, Poliomielite, Síndrome Pós- Poliomielite, Fisiopatologia, Língua, Espiritualidade.

INTRODUÇÃO

Poliomielite

É uma doença inflamatória aguda causada por um vírus da família picornaviridae, do gênero enterovírus, que ocasiona principalmente necrose dos neurônios motores inferiores, conhecida pelo termo técnico como poliomielite anterior aguda, também denominada como paralisia infantil, mielite dos cornos anteriores, paralisia da manhã ou, simplesmente pólio. A erradicação global da poliomielite teve início em 1988 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), após as campanhas de vacinação em massa em todo o mundo. É uma doença que deixou muitos sequelados, não somente no Brasil, como em muitos lugares do globo1.

Síndrome Pós- Poliomielite (SPP)

Indivíduos com história de poliomielite paralítica no passado, tinham sequelas consideradas crônicas estáveis referentes à perda da motricidade residual e da estabilidade da lesão nervosa. Após a doença aguda e um período de reinervação, os pacientes geralmente alcançam um platô de recuperação neurológica e funcional, que se acreditava tratar de uma melhora permanente. Porém, pesquisas mais recentemente mostraram que parte dos sobreviventes da pólio paralítica relatam novos problemas de saúde relacionados com sua doença original1,2. Muitos indivíduos, que tiveram pólio no passado poderão apresentar, anos mais tarde, novos sintomas ou piora dos sintomas residuais3. Não há um consenso na literatura sobre os problemas de saúde na fase tardia da pólio. Segundo Oliveira et al., esses podem ser divididos em sintomas atribuídos diretamente ao dano causado pelo poliovírus, sintomas decorrentes da falência do organismo em manter-se estável no período de estabilidade funcional, com aparecimento de nova fraqueza e fadiga (síndrome pós-poliomielite), ou sintomas decorrentes de trauma secundário às sequelas iniciais da poliomielite1. Esse conjunto de novos sintomas, denominado síndrome pós-pólio é classificado como uma neuronopatia motora, em virtude dos quadros clínicos e histológicos estarem intimamente relacionados à disfunção dos neurônios motores inferiores (NMI)4. As principais manifestações clínicas que têm sido observadas nessa síndrome são: nova fraqueza, nova atrofia, intolerância ao frio, cansaço e fadiga generalizada, cursando com cãibras e fasciculações. Como complicações secundárias, desenvolvem dores articulares e musculares, cefaléia, problemas respiratórios, disfagia, ansiedade, depressão, distúrbios do sono, aumento do índice de massa corporal (IMC) e desvios patológicos da coluna vertebral. Esses sintomas aparecem após um platô de estabilidade variável, atingindo, em média, 35 anos1. A prevenção e o tratamento dessas novas manifestações, pela medicina ocidental não têm surtido os efeitos desejados e, ainda têm sido pouco estudados. Sendo assim, a aproximação dos conhecimentos e práticas das medicinas tradicionais, principalmente da medicina tradicional chinesa (MTC), talvez possa corroborar aos avanços eficientes nos cuidados de pacientes com sequela por poliomielite ou com SPP no ocidente.

Medicina Tradicional Chinesa

O termo “medicina tradicional” refere-se às práticas de medicina desenvolvidas antes da classificação da medicina moderna, praticadas até hoje por diversas culturas em todo o mundo5,6. Nesse artigo, serão utilizados termos chineses específicos, que foram padronizados pela World Health Organization (WHO) - International Standard Terminologies on Traditional Medicine in the Western Pacific Region 20077, que segue o sistema Hanyu Pinyin (漢語拼音) oficial de transcrição ou foneticismo usado na República Popular da China e, os ideogramas seguem os utilizados pela República da China de Taiwan, por ser a forma tradicional utilizada pela dinastia Han 漢, para facilitar a leitura dos especialistas em medicina tradicional chinesa e, também padronizar uma linguagem sistêmica e milenar advinda de uma raiz arcaica. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – Organização Mundial de Saúde (OPAS-OMS), a medicina tradicional é o total de conhecimento técnico e procedimentos baseado nas teorias, crenças e, as experiências indígenas de diferentes culturas, sejam ou não explicáveis pela ciência, usados para a manutenção da saúde, como também para a prevenção, diagnose e tratamento de doenças físicas e mentais. São exemplos: a medicina tradicional chinesa, a ayurvédica hindu, a medicina unani árabe e as diversas formas de medicina indígena. Abrange terapias como a medicação à base de ervas, partes de animais ou minerais, e terapias sem medicação, como a acupuntura, as terapias manuais e as terapias espirituais5. Segundo Lu8, dentre as medicinas tradicionais, a medicina tradicional chinesa (MTC) é uma das mais relevantes quanto às terapias complementares ou alternativas, e poderia desempenhar um importante papel na formação de uma medicina ocidental mais integrativa.

As terapias complementares e alternativas têm sido incentivadas, a serem utilizadas pelos profissionais de saúde que assistem, no Sistema Único de Saúde (SUS), a população brasileira, pelo Conselho Nacional de Saúde, desde a publicação, em diário oficial de 15 de dezembro de 2005, do texto “Política Nacional de Práticas Integrativas e Medicinas Complementares para o Sistema Único de Saúde”. Na China, por exemplo, desde 1949, a MTC vem integrando sua prática com os conhecimentos e práticas da medicina ocidental e, tem surtido bons resultados para a população usuária9.

Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), não existe a descrição exata, como quadro clínico, da síndrome pós-poliomielite, mas seus sinais e sintomas correspondem a um agravamento do quadro inicial (poliomielite), com piora do “déficit de energia e Sangue”. Manifestações como fraqueza, cansaço, fadiga, intolerância ao frio, e depressão estão diretamente relacionados à diminuição da energia, e com acentuação das características Yin 陰 [segundo a definição da WHO: na filosofia chinesa, o feminino, latente e princípio passivo (caracterizado pelo escuro, frio, úmido, passividade, desintegração, etc.) das duas forças cósmicas opostas na qual a energia criadora divide e, cuja fusão física cria o mundo dos fenômenos]. Muitas dessas manifestações estão relacionadas ao “déficit de energia Yang 陽 [segundo a definição da WHO: na filosofia chinesa, o masculino, ativo e o princípio positivo (caracterizado pela luz, calor, secura, atividade, etc.) das duas forças cósmicas opostas em energia criativa, que divide e cuja fusão física cria o mundo dos fenômenos] dos Rins”10, que inclui também déficit de memória, disfunções sexuais (impotência, ejaculação precoce, infertilidade, frigidez), e edema nos membros inferiores.

O aumento do IMC está relacionado com a “diminuição da energia Yang 陽 do Baço”, que faz com que a “energia extraída” seja turva, pesada, dificultando a circulação e promovendo acúmulos de “Jin 津” sob a forma de gordura. É característica, a dificuldade em perder peso, principalmente se houver ingestão rotineira de vegetais crus e laticínios, o que prejudica ainda mais a função do Baço em transformar alimentos em energia. Pode haver acentuação do edema (acúmulos de “Jin 津”), além de não haver modificação do peso corpóreo11.

Queixas como cãibras e fasciculações estão relacionadas com a oscilação energética abrupta, o chamado “vento interno”, o que dificulta a tentativa de se manter os mecanismos fisiológicos para manutenção da homeostase, desgastando ainda mais a reserva energética. O “vento interno” está ligado ao funcionamento inadequado do Fígado, e pode ter ligação com oscilações emocionais, e/ou diminuição do “Sangue”.

A falta de “Sangue” pode contribuir para o surgimento de déficit de memória, e distúrbios do sono12. Particularmente, o “Sangue” é o responsável pela manutenção saudável dos tendões e unhas13. Sintomas como ansiedade, dor, distúrbio do sono, cefaléia, problemas respiratórios e disfagia têm causas variadas, devendo esses sintomas, ser estudados, individualmente na MTC. Curiosos são os casos com desvio de coluna vertebral e nova atrofia, que mostram claramente a dificuldade de circulação da energia através dos meridianos.

A nova atrofia é esperada se houver um quadro de déficit de “Sangue” associado ao déficit de energia. A apresentação dos conhecimentos milenares dos fundamentos da medicina tradicional chinesa: dos mecanismos fisiopatológicos aos diagnósticos, são emergentes e necessários para que os profissionais da saúde ocidentais possam melhor compreender muitos processos nosológicos estudados e tratados com a medicina contemporânea, a fim de aprimorar, ainda mais seus procedimentos terapêuticos da atualidade. Sendo assim, apresentar atualizações sobre os fundamentos da MTC, visando uma interface com os conhecimentos da medicina ocidental, citando como exemplo, a poliomielite e SPP, em relação aos possíveis fatores causais, fisiopatológicos, características clínicas e diagnóstico é o objetivo desse estudo de atualização.

DISCUSSÃO

Medicina Tradicional Chinesa

A história da medicina tradicional chinesa (MTC) origina-se no período de comunidade de tribos, da sociedade primitiva chinesa, cerca de 100.000 a 4.000 anos atrás14. Os métodos para cuidar da saúde, mais antigos chineses, envolviam rituais xamânicos para aplacar “espíritos e demônios”6. Fato importante na história da MTC ocorreu no século III a.C. com o Huang Di Nei Jing 黄帝内經, livro mais conhecido como Nei Jing 内經15, no qual a experiência prática, acumulada nos anos anteriores foi resumida num único sistema de teorias médicas, onde são descritos aspectos anatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos e terapêuticos das moléstias. Nesse tratado já se afirmava, por exemplo, que o sangue flui continuamente por todo o corpo sob o controle do coração.

Nesta época a medicina e a religião eram interligadas, e os antepassados eram “invocados” para obtenção de boa colheita e auxílio nas batalhas, bem como para responder às questões de saúde14. O Nei Jing 内經 possui duas partes: Suwen 素問 que se refere à descrição de aspectos das teorias de base da MTC, além de conceitos da anatomia e fisiologia, e o LingShu 靈樞 que se refere ao tratamento das doenças. Os quadros sindrômicos descritos pela MTC são fundamentados numa fisiopatologia que explica os fenômenos observados no exame do paciente, ou seja, são baseados em evidências clínicas.

A MTC utiliza, milenarmente, um método de validação e de reavaliação permanente das evidências, através da aplicabilidade e confirmação diagnóstica, e da reprodutibilidade dos efeitos terapêuticos previstos16, porém sua metodologia de pesquisa difere da Cartesiana-Newtoniana utilizada no ocidente, o que dificulta a compreensão e aceitação das suas evidências científicas por parte de pesquisadores ocidentais.

A aproximação metodológica das pesquisas orientais e ocidentais se faz necessária, na atualidade, para os avanços na área da saúde em todo o mundo. Para os médicos chineses, a saúde não é só a ausência de doenças, mas sim o equilíbrio harmônico do ser humano como um todo (físico, mental, espiritual, e influência ambiental). Crêem que a saúde pode ser alcançada e mantida pelas práticas físicas (Qigong 氣功, Lienqi 練氣, Taijiquan 太極拳 e Meditação, pela alimentação adequada (dietoterapia), pelo uso de substâncias medicinais (fitoterapia) e pela acupuntura6, 14, e que as doenças são multifatoriais, resultado final de inúmeras influências sobre o indivíduo com predisposição genética para aquela condição17.

Princípios da Medicina Tradicional Chinesa

Na MTC, o homem é constituído por três componentes básicos: energia (Qi 氣), matéria (Jing精)9, e mente (Shen 神), e são as alterações fisiológicas de um ou mais desses componentes que determinam o “processo de adoecimento”. Os Órgãos e Vísceras corporais também são apresentados de maneira diferente aos da medicina ocidental, e a introdução do conceito do sistema de “meridianos” também é relevante nos princípios da MTC.

A discussão sobre esses princípios é apresentada a seguir: Qi 氣 – Energia - qi 氣 Segundo definição da WHO7, o Qi 氣 (energia) consiste no “elemento básico que constitui o cosmos e, através dos seus movimentos modifica e transforma, produz tudo no mundo, inclusive o corpo humano e as atividades vitais.

No campo da medicina, o Qi 氣 se refere às substâncias nutritivas refinadas que fluem internamente pelo corpo humano, tanto quanto para suas atividades funcionais”5, participa da formação e constituição das estruturas do corpo e de suas atividades fisiológicas. Tem como características sofrer influências externas e internas. Está na base da fisiologia e da patologia tradicionais14,18,19.

Sua presença ou ausência, ou a sua abundância ou deficiência, definem o estado de saúde16. Além disso, o Qi 氣 tem a função de proteção e controle do organismo, evitando a instalação de “energia perversa”, o ajuste da homeostase e adaptabilidade ao meio, como função reguladora e sinalizadora de mudanças bruscas. Como função homeostática e de controle, exerce a regulação do fluxo dos vasos sanguíneos, transpiração, secreção e excreção e, é responsável pelas atividades espermatozóidea e ovulatória14. Os vários tipos de Qi 氣, na realidade são manifestações diversas de um único tipo de Qi 氣, assumindo diferentes funções.

Existem várias classificações, com várias grafias diferentes devido à dificuldade do processo de romanização da língua chinesa. Utilizamos à classificação sugerida pela Organização Mundial de Saúde (WHO), com a definição proposta pela WHO entre aspas. Os tipos de Qi 氣 são o ancestral e os adquiridos, sendo esse último subdividido em 5 tipos: - Essência (Jing 精 - Qi 氣 inato - innate Qi 先天之氣) - “O Qi 氣 que existe desde o nascimento e é armazenado no Rim, é também o mesmo que o Qi 氣 pré natal.” Constitui a origem da vida e, relaciona-se com a hereditariedade. Precede a origem da forma. É a forma mais densa de Qi 氣10,14.

Segundo Jia14, é o responsável pela formação de novos circuitos cerebrais, permitindo a expansão e flexibilidade dos mesmos. Modifica- se a cada ciclo de sete anos para as mulheres, e a cada oito anos para os homens, atingindo o máximo de expansão no sétimo ciclo, entrando em declínio, após esse período10,14. - Adquiridos: o primeiro (Yuanqi 元氣 – energia fonte – source Qi 原氣; 元氣) - “A combinação do Qi 氣 inato e o adquirido, servindo como o mais fundamental dos Qi 氣 do corpo humano, o mesmo que o Qi 氣 original ou primordial”. Sustenta o impulso vital às atividades fisiológicas dos “órgãos e vísceras” e, de todas as transformações do organismo.

O segundo (Weiqi 衛氣 – energia de defesa - defense Qi 衛氣) - “O Qi 氣 que se move fora dos vasos, protegendo a superfície do corpo e repelindo patógenos externos, o mesmo que o Qi 氣 defensivo”. Tem a função de proteção contra a ação dos agentes externos, de controle e aquecimento da superfície corporal, sendo responsável pela elasticidade e umidade da pele, secreção de suor, força muscular e resistência cápsulo-ligamentar. A energia responsável pela defesa imunológica é a Weiqi 衛氣. Rompida a camada de defesa mais externa, o xieqi 邪氣 se direciona para a camada intermediária, onde se encontram os meridianos principais.

Através deles, o Xieqi 邪氣 atinge os órgãos internos. O terceiro (Yingqi 營氣 – energia de nutrição – nutrient Qi 營氣) - “O Qi 氣 que se move junto com os vasos e nutre todos os órgãos e tecidos, o mesmo que o Qi 氣 nutritivo”. Resultado da transformação dos alimentos pelo Estômago e Baço-Pâncreas. Deve ascender em direção ao tórax para que possa ser utilizado pelo organismo. O quarto (Zongqi 宗氣 – energia primordial ou do tórax – ancestral Qi 宗氣) - “A combinação do Qi 氣 essencial derivado dos alimentos com o ar inalado, armazenado no tórax, e servindo como força dinâmica da circulação sanguínea, circulação, respiração, voz, e movimentos do corpo, o mesmo que o Qi 氣 do tórax”.

Concentra-se e acumulase no tórax, impulsionando e dando ritmo à respiração e aos batimentos cardíacos, imprimindo força na voz e fala. Responsável pela temperatura e controle do metabolismo do organismo e movimentos dos membros superiores e inferiores, desde os mais amplos até os mais sutis. E, finalmente o quinto (Zhenqi 眞氣 – energia verdadeira – genuine qi 眞氣) - “A combinação do Qi 氣 inato e adquirido, servindo como o substrato e força dinâmica de todas as funções vitais, também conhecida como o Qi 氣 verdadeiro”. É a base da formação de Yingqi 營氣 e Weiqi 衛氣. Propicia sustentação para todos os processos fisiológicos corporais e mentais. Jing Ye 津液 – matéria (condensação do Qi 氣)

A matéria pode ser dividida em Xue 血 e Jin Ye 津液. O Xue 血 é traduzido como “Sangue”, mas tem significado e funções diferentes dos utilizados pela medicina ocidental. É um líquido vermelho com as funções de promover a nutrição dos órgãos e vísceras, dar suporte à atividade mental, umedecer os tecidos, e é responsável pelo grau de acuidade dos órgãos dos sentidos10,12,14. Já o Jin Ye 津液 é composto por duas palavras: Jin 津, que significa úmido ou saliva; e Ye 液, que significa fluido. Corresponde, de maneira genérica, a todos os líquidos do organismo incluindo secreções, excreções, hormônios, enzimas, etc., e está contido no Xue 血. Alguns autores consideram o Jing 精 também como matéria, visto ter característica de ser mais denso, e sua função, na MTC, se assemelhar às do DNA14.

Shen 神 – espírito - 神 Traduzido como mente, espírito ou consciência, segundo a MTC o Shen 神 reside no Coração e não no cérebro. É uma manifestação do Qi 氣 responsável pela vitalidade do corpo e pela força da personalidade12. Tem um componente ancestral, herdado dos pais, mas se refaz, continuamente através da interação energiamatéria14. Quando a mente e a respiração se unem, o espírito se estabiliza num processo natural, sem necessidade do uso da força20.

Segundo Cleary “o corpo físico é a morada da energia; enquanto existir energia, o corpo não se deteriora. A energia é a matriz do espírito; enquanto houver energia, o espírito não se dissocia da matéria”20. O espírito (Shen 神) – é uma consciência universal, una, transparente, impessoal, não personalizada, comum a todos os seres. Não somente as pessoas têm esse Shen 神, como também todas as coisas. Pode-se relacionar com funções atribuídas ao neo-córtex. A alma (Hun 魂) – é uma consciência personalizada, cada ser a possui de uma maneira individualizada21. A doença é vista como parte de um caminho para a transformação espiritual, no espiritismo. A longevidade material, ou do corpo, era mera consequência da busca pela imortalidade espiritual, no taoísmo, ou a chama de “iluminação”, no budismo. Os sábios taoístas afirmam que, antigamente, os homens viviam de quinhentos a mil anos. Viver cem anos, para os taoístas, era natural. Mestre Li Qing Yun李清雲, era um Mestre taoísta chinês, herbalista e praticante de Qigong 氣功, que a literatura chinesa afirma ter documentos, comprovando ter vivido até a idade de 256 anos22,23.

As orientações que ele ministrava para quem quisesse ter uma vida longa eram: “Mantenha um coração tranquilo, sente como uma tartaruga, caminhe rápido como uma pomba e durma como um cão”. A sociedade moderna valoriza aspectos materiais, ao contrário dos antigos taoístas que buscavam um equilíbrio entre o material e o espiritual24, e talvez seja esse o segredo para uma maior longevidade com qualidade. 臟腑

Zang Fu - Órgãos e Vísceras

O termo “órgãos” se refere ao Coração, Baço, Pulmão, Rim, e Fígado. Serão escritos com letra maiúscula inicial para diferenciar do conceito dos respectivos órgãos na medicina ocidental. Para a MTC cada um desses órgãos tem comportamento Yin 陰 e acompanham o movimento da natureza segundo a teoria dos 5 movimentos10. Além das funções fisiológicas atribuídas ao próprio órgão, existem componentes anatômicos, emocionais, mentais, espirituais, ambientais, alimentares, sinais “semiológicos” de exame físico relacionados a sons, cheiros, cores, sabores e conformação física, inclusive o aspecto ligado à saúde e à doença, relacionados a cada um desses órgãos, seguindo as características de cada elemento: fogo, terra, ar, água, madeira8,10,12,14,19,25, segundo a base teórica dos cinco movimentos (five phase theory, Wuxing Xue Shuo, 五行學說).

Essa teoria filosófica da prática médica na China antiga diz respeito à composição e evolução do universo físico, simbolizadas pela natureza e as relações de inibição, gerando cinco fases: madeira, fogo, terra, metal e água, que servem de orientação ideológica e metodológica da fisiologia, patologia, diagnóstico clínico e tratamento, também conhecida como “teoria dos cinco elementos”. O termo “Vísceras” tem o mesmo significado anterior, porém se diferencia dos “Órgãos” por terem comportamento mais Yang 陽, consequentemente funções que estão relacionadas mais ao movimento. O aspecto psíquico também é próprio de cada víscera. Embora os órgãos sejam em número de cinco, as vísceras são seis. Cinco delas se relacionam diretamente com um órgão em particular, assim fazem duplas: Coração - Intestino delgado, Baço-Pâncreas - Estômago, Pulmão - Intestino Grosso, Rim – Bexiga, Fígado – Vesícula biliar, e por fim o chamado “Triplo aquecedor”, víscera que não tem correspondência anatômica e fisiológica específica, como as anteriores10,12,14,19,25.

Embora os nomes dos cinco órgãos e vísceras sejam os mesmos da medicina ocidental, suas conotações são fundamentalmente diferentes. Os médicos antigos da MTC identificavam a função de um órgão baseados em conhecimentos anatômicos, como na medicina ocidental, mas principalmente observando sinais e sintomas de doenças26. Jing Mai 經脈 - Meridianos Meridiano é um termo traduzido no ocidente como “canais de energia”, mas seu conceito mais aproximado seria o de zonas de influência, onde existe maior concentração de energia, com maior possibilidade de interferir em determinada função fisiológica do organismo14.

Na MTC, é no livro Huang Di Nei Jing 黄帝内經15 que se encontra a mais antiga referência sobre a “Teoria dos Meridianos”, que foi elaborada a partir de experiências e observações de muitos praticantes de Qigong 氣功 (exercícios respiratórios), que mencionavam uma sensação de calor que percorria certas vias do corpo, durante a sua prática; de pacientes tratados com acupuntura, que relatavam, ao estimular certos pontos, sensação de calor e ou parestesias em direções ou trajetos específicos do corpo; e constatados pelos praticantes de MTC ao analisar determinada doença, que os sintomas dessa poderiam manifestar-se em outros lugares distantes do órgão alvo, seguindo uma via precisa de inter-relacionamento entre esses lugares e as estruturas acometidas.

Há no corpo humano muitos pontos, cujos efeitos decorrentes da aplicação de diferentes técnicas de tratamento pela MTC, são semelhantes, talvez por pertencerem aos mesmos dermátomos. Ao interconectar esses diversos pontos análogos, obtiveram-se linhas ou trajetórias longitudinais que foram denominadas Jing 經 (meridianos) e trajetórias horizontais, denominadas Luo 絡 (comunicações). Podemos subdividir os meridianos em muitos grupos, sendo os mais comumente utilizados os meridianos: principais (ordinários), os extraordinários (maravilhosos, curiosos) e, os tendíneo-musculares, sendo esses últimos faixas de tecido conjuntivo (fáscias superficiais e profundas) que acompanham os doze trajetos dos meridianos principais e, consequentemente têm as mesmas denominações.

Os meridianos principais são doze, que se acoplam aos pares (características Yin 陰 e Yang 陽), tendo esses, seus trajetos, ora superficial, ora profundo. São eles, respectivamente: Pulmão-Intestino Grosso; Rins-Bexiga; Fígado-Vesícula Biliar; Coração-Intestino Delgado; Pericárdio-Triplo Aquecedor; Baço/Pâncreas- Estômago.

Dos meridianos extraordinários temos oito:

1) Dumai 督脈, com duas funções principais que são governar e regular a energia yang do corpo e manter a resistência global do corpo, sendo que quando este meridiano apresenta disfunção, ocorrem espasmo e rigidez, podendo evoluir para postura de opistótono;

2) Renmai 任脈, este meridiano liga-se a todos os meridianos Yin 陰, e o desequilíbrio da energia desse meridiano se evidenciará no homem sob forma de hérnia e cólicas abdominais, e na mulher como problemas nos órgãos genitais, leucorréia e esterilidade.

3) Chongmai 冲脈, que é um meridiano de grande relevância por ser responsável em controlar a energia das vísceras, especialmente a dos órgãos da pélvis;

4) Daimai 帶脈, que faz a ligação dos meridianos Yin 陰 e Yang 陽 no meio do tronco, como um cinto;

5) Yinqiaomai 陰蹻脈 que facilita os seguintes sintomas: espasmos musculares no lado medial da perna, convulsão, dor no ângulo medial do olho, distúrbios motores nos membros, sensação de adormecimento nas pernas, cólica abdominal na pélvis, dor no quadril e genital externo, leucorréia;

6) Yangqiaomai 陽蹻脈, quando alterado pode estimular os sintomas: espasmo muscular no lado lateral da perna, convulsão, dor nas regiões torácica e lombar, sensação de desconforto nos olhos, insônia, sensação de adormecimento nas pernas;

7) Yinweimai 陰維脈, os principais sintomas que desencadeia são: dor na região cardíaca, dor epigástrica, sensação de opressão na axila, dor na região lombar e no órgão genital externo;

8) Yangweimai 陽維脈, que desenvolvem sensações de frio e febre.

O Processo de adoecimento pela Medicina Tradicional Chinesa

Na medicina ocidental, a doença é vista como resultante de um fator patogênico, já na MTC, a doença é um produto comum de ambos: fatores patogênicos e desajustes no corpo. O diagnóstico proposto pela MTC foca muito mais na resposta do organismo aos fatores patogênicos, do que aos próprios mecanismos patológicos26.

O processo de adoecimento leva em consideração o equilíbrio dinâmico de corpo, mente, espírito, ambiente, considerando o fluxo harmônico do Qi 氣, dos aspectos Yin 陰1 e Yang 陽2, e obedecem às transformações geradas pelos “cinco elementos ou movimentos”. Esse equilíbrio é individual e dinâmico, sofrendo modificações ao longo da vida. Esse estado de saúde pode sofrer alterações devido aos fatores patogênicos, que são classificados em: causas internas, externas ou “mistas”, que são as que não se encaixam, conceitualmente nas categorias anteriores.

Causas internas são as cinco emoções ligadas aos cinco órgãos, que obedecem aos cinco movimentos: raiva – Fígado (movimento Madeira), medo – Rim (movimento Água), tristeza – Pulmão (movimento Metal), preocupação – Baço (movimento Terra), alegria – Coração (movimento Fogo).

As causas externas são denominadas Xieqi 邪氣 ou energia perversa, são elas: fatores climáticos (vento, umidade), variações de temperatura (frio, calor) e agentes virais e bacterianos.

As causas “mistas” são os traumatismos, picaduras, envenenamentos, alimentação inadequada, etc10,12,14,26,27.

Portanto, podemos inferir que a visão da MTC não é linear, de causa e efeito, como na medicina ocidental, e sim sistêmica, ou seja, é a combinação do conjunto de vários fatores que levam ao processo de adoecimento, associado à determinada predisposição individual, frente ao estado de desequilíbrio vigente14.

O diagnóstico pela Medicina Tradicional Chinesa

Os principais itens propedêuticos da MTC são: observação, interrogatório, escuta e cheiro, e palpação9,10,28. São exames minuciosos e com descrições particulares na MTC, dois sistemas de avaliação: o exame da língua e do pulso radial, descritos a seguir:

Língua Os documentos mais antigos que descrevem o exame da língua, datam do século XVI a.C, encontrados em ruínas da dinastia Yin 殷. São inscrições em ossos e cascos de tartaruga29. Mais tarde, entre os séculos V e III, encontra-se mais referências sobre o diagnóstico das síndromes através do exame da língua no Nei Jing 内經 e, posteriormente, foram descritos vários livros abordando o assunto29. Segundo Laskin30, a língua não é somente o local de uma variedade de lesões, mas também reflete a presença de doenças sistêmicas. Mesmo na medicina ocidental, existem várias classificações propostas para lesões de língua, mas continua sendo um desafio propor um sistema uniforme para sua avaliação. Alguns sinais, como a macroglossia, são descritos em algumas doenças, como na síndrome de Down, no hipotireoidismo, na amiloidose e, nas doenças neuromusculares. Outra alteração, como a coloração avermelhada do epitélio lingual, pode ser notada na deficiência de vitamina B30. Usiglio31 descreve um relato de caso de síndrome de Steele, citando marcas na lateral da língua como um novo possível sinal clínico da doença. Em 1989, um leitor comenta em uma revista de dermatologia, o ponto de vista oriental das marcas de dentes na língua32.

O exame detalhado da língua é um importante recurso diagnóstico na MTC14,33,34, mas alguns autores citam as limitações do exame da língua, como a própria técnica de observação, que é empírica e, depende do conhecimento do observador, outra, pelo desconhecimento dos diagnósticos sindrômicos da MTC pelos médicos que praticam a medicina ocidental. Alguns trabalhos científicos têm mostrado a utilização de alguns métodos de avaliação da língua, com a microscopia eletrônica, técnicas anátomo-patológicas, micro-radiografia, métodos de avaliação quantitativa por imagens fotográficas e, análise computadorizada33,35,36.

No exame da língua, itens como cor, tamanho, forma, movimento, umidade, aspecto da saburra, aspecto dos vasos sanguíneos da base da língua, manchas, fissuras, e qualquer outra alteração visível são minuciosamente descritas, podendo-se correlacionar essas características com o estado de equilíbrio/desequilíbrio interno (figura 1).

ACUPUNTURA  CURITIBA4

Pode-se ter a noção do órgão afetado, devido à correspondência topográfica de áreas da língua com os órgãos internos, e o estágio do processo de adoecimento. Também é, para a MTC a medida prognóstica mais útil para avaliação da melhora ou piora do paciente34,35.

Os artigos científicos de MTC sobre diagnóstico pela língua, geralmente procuram analisar a integração das técnicas chinesa e ocidental, fazendo a descrição das características da língua associadas com as descrições das doenças pela medicina ocidental atual33,34,37.

Pulso

O diagnóstico através do pulso pode ser encontrado em vários sistemas de medicinas tradicionais, como a japonesa, tibetana, unani (greco-persa), grega, egípcia, maya, ayurveda, e principalmente a chinesa. Tem sido praticado em vários locais ao redor do mundo, principalmente em sociedades pré-tecnológicas, ou atualmente em áreas rurais, com acesso limitado às tecnologias de diagnóstico modernas. Na medicina ocidental, o pulso é utilizado basicamente, para se avaliar o sistema cardiovascular28.

O exame do pulso fornece informações sobre o estado da energia e do Sangue, e pode sofrer alterações muito rápidas para adequação às situações ou ao ambiente10,12. Podem-se avaliar pulsos em várias regiões do corpo, porém a medida do pulso da artéria radial é o método mais utilizado pelos praticantes de MTC.

É feita palpação simultânea, de três posições correspondentes à polpa digital dos dedos indicador, médio e anular do examinador, colocadas em sequência a partir da prega cutânea formada pela flexão do punho, de ambos os lados, num total de seis avaliações. Cada uma delas corresponde a um órgão ou, a uma divisão do tronco em área superior (tórax), média (abdome superior), e inferior (abdome inferior).

O examinador utiliza os dedos indicador, médio e anular das mãos direita e esquerda, simultaneamente. A pressão dos dedos deve ser exercida de maneira suave, e gradativamente se aumenta a pressão exercida no local, de modo a se diferenciar o pulso nas posições superficial, média, e profunda. Durante o exame, vários aspectos são observados: a pressão exercida durante a sístolediástole, a frequência do pulso em relação à respiração, a amplitude, a extensão, e a largura do pulso, que corresponderia à sensação produzida pelo diâmetro da artéria radial.

O item considerado mais difícil, que depende muito da sensibilidade do examinador, o que torna o exame do pulso muito subjetivo, é o relacionado a caracterizar a onda do pulso no intervalo sístolediástole. Em um trabalho sobre pulso, comparando-se a MTC com a medicina tradicional Maya, foi utilizada uma classificação adaptada do livro Chinese Herb medicine and therapy, com 28 tipos de pulso. Houve correlação da descrição dos pulsos em 25 tipos dos investigados28.

Diferenças entre o pulso do lado esquerdo e direito, entre homens e mulheres, são relatados38 e considerados normais. Assim como no exame da língua, o exame do pulso também é utilizado para monitorar as respostas do paciente ao tratamento28. Após a análise de todos os sinais e sintomas, incluindo os exames da língua e do pulso, o quadro clínico é sempre classificado como uma síndrome (Zheng He 綜合), sendo que, todos os métodos terapêuticos utilizados na MTC vêm da diferenciação das síndromes.

Combinado com a medicina moderna, o estudo das síndromes pode ter um importante papel no entendimento da patogênese das doenças, influenciando diretamente o efeito terapêutico8. Utilizaremos, para exemplificar os conceitos previamente discutidos, os mecanismos nosológicos relacionados às doenças neurológicas, mais precisamente das doenças neuromusculares.

Dentre as doenças neuromusculares, enfatizar-se-á as denominadas, pela MTC como “síndrome Wei 痿”. Doenças Neuromusculares e a Síndrome Wei 痿 As doenças neuromusculares podem ser doenças genéticas ou hereditárias, adquiridas, evolutivas e ou progressivas que afetam músculos, junção neuromuscular, nervos, raízes nervosas, medula espinal e outras estruturas do sistema nervoso central. Ocorre dano da unidade motora, podendo ainda comprometer o tecido muscular esquelético4.

Dentre as doenças neuromusculares, estão as que possuem comprometimento do corpo celular do neurônio motor inferior, representadas pela poliomielite anterior aguda, atrofia muscular espinhal progressiva, e doença do neurônio motor1. Na MTC existe a descrição de uma síndrome que evolui com fraqueza ou paralisia dos membros, com hipotonia muscular e abolição dos reflexos osteotendíneos. Chama-se síndrome “Wei 痿”.

O termo “Wei 痿” será traduzido como paralisia com atrofia, ou paralisia flácida. “Wei 痿” significa “atrofia”. O ideograma de “Wei 痿” contém a idéia de fraqueza e secura. É o princípio “da folha que seca”, tornando-se mais frágil devido à influência da secura. Então, trata-se de uma síndrome de secura, com atrofia e enfraquecimento por falta de “firmeza”.

O capítulo 44 do Suwen 素問15 descreve cinco formas de paralisia segundo o acometimento dos cinco órgãos pelo calor, portanto, existem cinco formas de “Wei 痿”: do Pulmão, do Coração, do Baço, do Fígado, e do Rim, e de acordo com a teoria dos cinco movimentos, com os tecidos relacionados. Assim, o Pulmão se relaciona com a pele, o Coração com os vasos sanguíneos, o Fígado com músculos e tendões, o Baço com o tecido conjuntivo, e o Rim com os ossos.

São assim descritos: - Wei Bi 痿皮: calor no Pulmão, secando a pele. Atinge os membros inferiores; - Mai Wei 脈痿: calor do Coração, com bloqueio do fluxo sanguíneo da parte baixa do corpo. É o Wei 痿 dos vasos sanguíneos; - Jin Wei 筋痿: calor ou fogo do Fígado, provocando paralisia Wei 痿 dos tendões; - Rou Wei 肉痿: calor do Baço Pâncreas é um Wei 痿 do tecido conjuntivo; - Gu Wei 骨痿: calor do Rim é um Wei 痿 dos ossos. Segundo o Suwen 素問, o calor tem um papel fundamental no processo de adoecimento. Entre os cinco órgãos, em particular, são os Pulmões aquecidos e ressecados que estão no princípio dos fenômenos da secura do Metal e, por conseguinte, do esgotamento da Água.

Observações sobre Suwen 素問, realizadas no século XVII e XVIII afirmam que a paralisia ocorre não somente por calor excessivo, mas também por uma deficiência contínua da energia essencial (Jing 精 Qi 氣) do corpo39. O Jing 精 está em estado de vazio e vai perdendo sua capacidade herdada. O Sangue, por sua vez, vai perdendo sua capacidade nutritiva. Em relação aos aspectos fisiopatológicos, a Síndrome Wei 痿 é resultado de um acúmulo prolongado do calor no organismo, que tem por consequência uma desidratação responsável por uma insuficiência da relação Xue 血/ Qi 氣no Coração e do Baço-Pâncreas, e um esgotamento do Jing 精 Qi 氣 e Xue 血 no Rim e no Fígado.

Essa deficiência simultânea de Jing 精 e Xue 血 será responsável pelo mal funcionamento dos ossos e músculos, o que produz a atrofia muscular e a paralisia. Dentre as doenças neuromusculares considerase como pertencentes a essa síndrome: a poliomielite, a esclerose lateral amiotrófica, a neuropatia diabética, tóxica, ou alcoólica, a polineurite tóxica, e a síndrome de Guillain Barré; além de outras doenças neurológicas como: a esclerose múltipla, afecções motoras do subcórtex, o acidente vascular cerebral, e os transtornos de origem medular espinal39.

A síndrome Wei 痿 normalmente cursa sem dor. Rodrìguez39 cita o “Zhen Jiu Xue 針灸學” do Instituto de MTC de Shanghai 上海, que utiliza o capítulo 44 do Suwen 素問 para explicar as causas das paraplegias, tema relevante para a discussão da poliomielite e SPP. Segundo “Zhen Jiu Xue 針灸學”, as paraplegias são causadas por lesão de um meridiano específico, o Dumai 督脈 e/ou por alterações na circulação de energia e Sangue de outro meridiano que circunda a cintura pélvica, o Daimai 帶脈. Segundo a MTC, o tratamento dessas paralisias consistirá em manter a energia Jing 精 Qi 氣 acumulada no Rim e o Xue 血 armazenado no Fígado, tonificando o Estômago e Baço-Pâncreas, responsáveis pela energia de nutrição. Tonifica-se, também o Rim e o Fígado.

O quadro 1 apresenta algumas etiologias da síndrome Wei, com as respectivas manifestações clínicas e as características dos exames de língua e pulso, segundo o Suwen 素問.

ACUPUNTURA CURITIBA 1

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Segundo Maciocia, em seu livro “Prática da Medicina Chinesa Tratamento de Doenças com Acupuntura e Ervas Chinesas”40, a síndrome atrófica (SA) consiste em um quadro clínico caracterizado por fraqueza dos quatro membros, gerando atrofia progressiva, estado flácido dos músculos e tendões, incapacidade de andar corretamente e, eventualmente, paralisia. Esse enfraquecimento, geralmente ocorre sem dor. Nos estágios iniciais, a SA é caracterizada por alteração da pele e dos músculos, portanto, disfunção do Pulmão e Baço, e nos estágios avançados, pela deteriorização dos tendões e ossos, portanto, acometimento do Fígado e Rim. Os fatores etiológicos relacionados ao excesso ou escassez de energia na síndrome “Wei 痿” descritos por Maciocia, segundo a manifestação em órgãos e vísceras para a MTC, as manifestações clínicas gerais e, as características dos exames de língua e pulso são apresentados no quadro 2.

ACUPUNTURA  CURITIBA2

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Observamos que, embora o modo de classificação de Maciocia40 seja diferente do Suwen 素問, somente o quadro de estase de Sangue nos meridianos difere completamente das classificações, as demais evoluem de maneira muito semelhante, como observado nos quadros 1 e 2.

Outra consideração, refere-se ao conjunto de sinais e sintomas, geralmente atribuídos às disfunções dos órgãos internos e/ou dos meridianos afetados, sendo considerado o acometimento não somente dos meridianos “principais”, mas também dos meridianos “extraordinários”, como os: Chongmai 冲脈, Yinqiaomai 陰蹻脈, e Yangqiaomai 陽蹻脈.

Poliomielite segundo a Medicina Tradicional Chinesa

Segundo Lu41, a Poliomielite para a MTC, é uma síndrome de umidade/calor, causada por fator externo (vírus), comprometendo inicialmente o sistema gastrintestinal e causando febre. Os agentes externos responsáveis pelo adoecimento são chamados de “energia perversa”, Xieqi 邪氣. Uma vez rompida a primeira camada de defesa (Weiqi 衛氣), o vírus ou “energia perversa” se direciona para os órgãos internos, especificamente Fígado e Rins. Segundo a MTC, o Fígado é responsável pela circulação harmônica da energia, juntamente com o Sangue, no organismo. O Rim, por sua vez, armazena a Essência (Jing 精). Com isso, o Sangue fica estagnado devido à lesão do Fígado, e a energia fica fraca, entrando numa situação de “vazio” de energia Qixu 氣虛, o que ocasiona a perda dos movimentos, levando a um quadro de atrofia muscular e paralisia. O processo de adoecimento da poliomielite é subdivido nas seguintes fases:

1. Fase inicial: a energia perversa fica, no primeiro momento alojado na pele ou mucosa, uma vez que a energia de defesa, Weiqi 衛氣, fica deficiente. Esta deficiência da energia de defesa, Weiqi 衛氣, favorece a entrada de “vento úmido/calor”, que corresponde ao agente patogênico, invadindo, assim, as zonas de influência ou meridianos, Jingluo 經絡41. Se o agente patogênico for expulso nessa fase, o indivíduo pode permanecer assintomático, ou com ligeiro desconforto. Esta fase, sob o prisma ocidental corresponde à forma inaparente, onde o organismo responde de maneira efetiva, expulsando o agente patogênico, sendo os sintomas quase que imperceptíveis pelo indivíduo acometido42;

2. Fase abortiva: na incapacidade do sistema imune, Weiqi 衛氣, reagir a esta agressão, o agente patogênico circula nos meridianos principais, atingindo órgãos e vísceras internas, especificamente o Pulmão e o Estômago. Instala-se um quadro de início abrupto, com febre baixa, mal-estar, cefaléia e náuseas. Pode haver vômito, diarréia, sensibilidade abdominal difusa e dor de garganta, sintomas explicados pelo desequilíbrio interno, e geração de fluxo energético “invertido ou contracorrente” 10,19,41. O fluxo energético “contracorrente” é uma nova tentativa de expulsão do agente patogênico. Os sintomas ainda são inespecíficos, e o diagnóstico pode ser presumível quando há contato com um caso agudo na última quinzena, ou quando há casos no círculo familiar e escolar. O diagnóstico definitivo só é possível com a confirmação por exames laboratoriais, através do isolamento do vírus. O quadro clínico tem uma duração de 48 a 72 horas, com uma evolução totalmente benigna42;

3. Fase meníngea: esta umidade/calor adentra no organismo, alojando e movimentando-se por toda a sua extensão. Por sua vez, estabelece um quadro de deficiência de energia, Qi 氣, decorrente da instabilidade do Fígado nesta fase aguda41. O início é abrupto como na forma abortiva, entretanto, todos os sinais são mais acentuados, como por exemplo, febre elevada. A criança apresenta face angustiada e olhos brilhantes. Quando mobilizada queixa-se de dor, apresenta os sinais de Kernig e Brudzinsky positivos e os reflexos estão normais42. Os sinais de irritação meníngea, com dor e contratura da região cervical, indicam o comprometimento do meridiano Dumai 督脈25, que tem parte do seu trajeto na linha média, sobre a região dorsal da coluna vertebral. Os sinais podem durar de uma a duas semanas, porém, a febre diminui entre o terceiro e o quarto dia e, não deixa sequelas. Nessa fase, o organismo responde de maneira mais efetiva, podendo expulsar o agente patogênico;

4. Fase paralítica: nesta fase, o vento umidade/calor já afetou os principais órgãos e vísceras, e suas funções, debilitando os Pulmões, Baço e Estômago, Rins e Fígado. Manifestam-se danos, principalmente na esfera do Pulmão, na difusão da energia, seja para fundir as energias, Zongqi 宗氣, do céu, Tianqi 天氣, e da terra, Diqi 地氣 (ar e alimentos), e direcioná-las em direção aos Rins, como na distribuição da energia nutritiva no ciclo de 24 horas, e da energia de defesa, mais superficial, cuja resposta fica comprometida, não sendo mais eficiente nesse estágio. Na fase inicial, tanto o Pulmão quanto o Estômago e o Baço ficam debilitados. Ocorre uma queda da funcionalidade, ou energia Yang 陽, do Estômago, gerando um gasto excessivo de energia pelo Baço ao retirar a essência do alimento processado no Estômago. Este prejuízo funcional faz com que o Baço não consiga extrair corretamente a essência da energia de nutrição, que é enviada para o Pulmão. Do Pulmão, essa energia é enviada ao Coração para a formação de Sangue, consequentemente, prejudica a formação do Sangue, Xueqi 血氣, no Coração. Como o Baço é responsável para dar estabilidade e assegurar o transporte de nutrientes por todo o organismo, seu péssimo desempenho, além de não nutrir adequadamente, cria condições para que se acumule umidade, e posteriormente “mucosidade”, afetando principalmente os músculos41.

A fase aguda gera um estresse muito grande ao organismo e toda sua rede de defesa e de reequilíbrio dinâmico. Os Rins perdem muita essência vital, Jingqi 精氣, na sustentação das deficiências múltiplas neste período, importante na busca do equilíbrio dinâmico e de saúde. O prejuízo ocasionado nos Rins leva a uma queda da energia Yin 陰, ou matéria, Yinqi, 陰氣. Então, ocorre uma sucessão de eventos, tornando esta fase delicada e muito grave. A dificuldade de reter a energia enviada do Pulmão, Zongqi 宗氣, pode gerar o que chamamos de energia rebelde ou energia contracorrente, que ao invés de se manter nos Rins para mais um processo de transformação, volta ao Pulmão, indo de encontro com a energia que está em descendência, podendo levar a crise de soluços, arrotos, plenitude gástrica e acúmulo de gases.

Com a queda do Yin 陰 do Rim, matéria, Yinqi 陰氣, a presença de fadiga e frio nas extremidades aumenta muito. Este quadro de instabilidade é ocasionado pela queda da funcionalidade do Estômago e prejuízo na transformação da energia dos alimentos pelo Baço e de sua participação na formação do Sangue, juntamente com o Coração, Pulmão, Fígado e Rim. Então, o ambiente de caos propicia uma tendência de desorganização da estabilidade do Fígado, criando um ambiente propício para que a expansão do Fígado ocorra de maneira desordenada, entendendo que o Fígado é responsável pelo armazenamento do Sangue, participa do controle da pressão arterial e difusão laminar da energia, Qi 氣. Este descontrole leva as oscilações bruscas entre picos de “plenitude e vazio”, gerando o que se chama, na MTC de “vento interno”: tremores, fasciculações e cãibras. A dificuldade de oferecer a essência dos alimentos pelo Baço ao Coração na formação do Sangue, cria um quadro que chamamos de “vazio de Sangue”, o que afeta muito a energia Yin 陰, Yinqi 陰氣, do Fígado, gerando nova instabilidade41 (Figura 2).

Após a fase paralítica, pode haver recuperação física em graus variados, dependendo de fatores ligados ao próprio indivíduo (predisposição genética, hábitos de vida, hábitos alimentares, aspectos físicos, mentais, emocionais, espirituais e ambientais), associados ao contexto sócio-econômico, religioso, familiar, etc. A síndrome “Wei 痿” acontece quando o quadro de desgaste de energia e Sangue ocorrem por período prolongado, evoluindo com excesso de Yang 陽, e consequentemente, formação de calor interno que seca os fluidos orgânicos. Fundamental é o papel da formação e interação da energia (Yang 陽) e da matéria (Yin 陰), assim, os substratos para as funções orgânicas são Yin 陰 e, as transformações, os movimentos são Yang 陽.

Um corpo com pouco Yin 陰 não consegue formar energia suficiente, ou seja, Yang 陽, ou se o faz, é à custa do substrato interno. Exemplo disso, é o processo de emagrecimento devido à dieta hipocalórica. Se o organismo não consegue substrato suficiente, inicia-se uma queda do Yang 陽, e a pessoa pode apresentar quadro de hipotermia, queda da pressão arterial, perda de consciência, que são considerados sintomas Yin 陰. Se houver desequilíbrio nessa relação, pode haver formação de pouco calor, ou calor exacerbado.

A teoria dos cinco movimentos aprimora esse raciocínio, à medida que define o papel Yin 陰 e Yang 陽 de cada órgão. Esse desequilíbrio pode desencadear sinais e sintomas corporais ou mentais/emocionais. Nesse contexto, é importante o papel do Rim e do Fígado, responsáveis pela manifestação mental de medo e raiva, respectivamente. Wang43 aborda possível base genética para explicar tipos constitucionais, citando nove equilibrados, e oito desequilibrados.

Os tipos equilibrados, obviamente, têm menor suscetibilidade a certas doenças, comparados aos tipos desequilibrados. Por exemplo, o tipo Yang 陽 deficiente, tem maior sensibilidade ao frio, sintoma comum na SPP. Já o tipo Yin 陰 deficiente, tem maior sensibilidade ao calor, sentindo calor com mais frequência e intensidade que o normal, tipo que pode evoluir para a síndrome “Wei 痿”. Cada um deles tem propensão ao desenvolvimento de doenças específicas relacionadas com o tipo de desequilíbrio.

ACUPUNTURA  CURITIBA3

Algumas causas de calor interno anormal estão listadas a seguir10:

1. Causas internas (emocionais): raiva, medo;

2. Causas externas: os fatores patogênicos externos (ligados ao clima, temperatura, estação do ano, vírus, bactérias) podem mudar sua natureza, dependendo do padrão do organismo, ou seja, depende do desequilíbrio interno;

3. Constituição herdada: dependente do estado de saúde dos pais e sua constituição. Pode haver predisposição genética;

4. Excesso de atividade mental/ preocupação;

5. Excesso de atividade física: trabalho físico e exercícios físicos exaustivos;

6. Excesso de atividade sexual;

7. Alimentação: alimentos de constituição energética quente, alimentos gordurosos, bebidas alcoólicas.

O platô de estabilidade experimentado pelos pacientes com antecedentes de pólio pode ser explicado pela ação multifatorial, contribuindo de maneira positiva para a manutenção da saúde. Já a evolução do quadro para SPP, demonstra um desgaste anormal, por desajustes desses mesmos fatores, em indivíduo predisposto.

Em outras palavras, a síndrome pós-poliomielite ou síndrome “Wei 痿” pela MTC sugere um processo de envelhecimento acelerado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos inferir, portanto, que ao se facilitar a integração da medicina tradicional oriental com a ocidental, aperfeiçoasse, não somente a habilidade diagnóstica dos profissionais de saúde para elaborar, com mais acurácia os programas de tratamento, como engrandece o conhecimento científico humano, sobretudo na caracterização dos fenômenos viscerais e de outros tecidos, na medida em que, por exemplo, na explicação fenomenológica da hepatomegalia, esplenomegalia, e outras, é óbvio, que a união dessas diferentes medicinas, que como podemos arrazoar nesse contexto, comportam-se como complementares uma da outra, o que poderá constituir uma “medicina integrada”, que é um dos destinos da própria razão humana.

CRÉDITOS DO ARTIGO:

AUTORES: Gislaine Cristina Abe1, Paulo Eduardo Ramos2, Sissy Veloso Fontes3, Bruna Yonamine4, Celso Antônio de Souza Mello5, Abrahão Juviniano Quadros6, Wu Pi Chun7, Jou Eel Jia8, Beny Schmidt9, Acary Souza Bulle Oliveira10 (1.Neuropediatra, Especialista em Med Tradicional Chinesa, Unifesp, São Paulo- SP, Brasil; 2.Fisioterapeuta, Especialista em Med Tradicional Chinesa e em Reabilitação Neurológica, Unifesp, São Paulo-SP, Brasil; 3.Fisioterapeuta, Doutora, Coordenadora do Curso de Especialização em Teorias e Técnicas para Cuidados Integrativos da Unifesp, São Paulo-SP, Brasil; 4.Fisioterapeuta, Especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares, Unifesp, São Paulo-SP, Brasil; 5.Educador físico, Assistente do Ambulatório de Med Tradicional Chinesa, Unifesp, São Paulo-SP, Brasil; 6.Fisioterapeuta, Mestre, Responsável pelo Ambulatório de Poliomielite e SPP da Unifesp, São Paulo-SP, Brasil; 7.Especialista em Dança Tradicional Chinesa, São Paulo-SP, Brasil; 8.Médico, Especialista em Med Tradicional Chinesa, São Paulo-SP, Brasil; 9.Professor Adjunto do Departamento de Anatomia Patológica e Chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Unifesp, São Paulo-SP, Brasil; 10.Neurologista, Doutor, Chefe do Setor de Doenças Neuromusculares da Unifesp, São Paulo-SP, Brasil.)

Trabalho realizado no Ambulatório de Medicina Tradicional Chinesa, Setor de Investigação de Doenças Neuromusculares da Disciplina de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, São Paulo-SP, Brasil.

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NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.