MEDICINA CHINESA: UMA VISÃO GLOBAL

acupuntura curitiba

Por Prof. Dr. Sohaku Bastos

A Medicina Chinesa, também conhecida no Ocidente como Medicina Oriental, é um sistema completo de saúde, cujo paradigma abrange um conjunto de conhecimentos e práticas terapêuticas inusitadas. Fundamenta-se no pensamento filosófico tradicional chinês da relação do homem com a natureza e com o universo. Sua maior contribuição para a humanidade reside na visão que

transcende a concepção do processo do adoecimento humano, sobretudo no amplo e extraordinário espectro de condutas nos campos da prevenção de doenças e da promoção da saúde de forma distinta do modelo científico concebido no Ocidente que deu origem ao sistema biomédico convencional.

No Ocidente, o carro-chefe da Medicina Chinesa, ou seja, a terapia mais empregada é, sem dúvida, a Acupuntura. Todavia, na Republica Popular da China, onde nasceu esse sistema de saúde, o procedimento terapêutico mais empregado é a Fitofarmacoterapia. Por que isso? A resposta para essa pergunta enseja uma análise das circunstancias históricas nas quais o milenar sistema de saúde chinês tem sido empregado no Ocidente, e seus reflexos nas políticas de regulamentação da Acupuntura em diversos países ocidentais.

Em verdade, os profissionais da área da saúde do modelo médico ocidental sempre tiveram dificuldades em entender o sistema filosófico medico chinês, uma vez que o objetivo de beneficiar o paciente nunca foi o suficiente para aproximar e para fomentar a interlocução desses dois paradigmas de saúde. As bases filosóficas da Medicina Chinesa, salvo melhor juízo, são o significativo entrave para essa conciliação de pensamentos. Os profissionais ocidentais não encaram a racionalidade médica chinesa como um conhecimento válido no mundo científico. Entretanto, reconhecem os benefícios de seus recursos terapêuticos, como da Acupuntura, por exemplo.

Há um profundo desconforto por parte do profissional formado pelo sistema médico chinês, não obstante a sua formação científica básica, ao lidar com os colegas do sistema médico ocidental. Grande parte do jargão médico oriental não é compreendida, tampouco aceita, pelos colegas do Ocidente. Por este motivo, um segmento médico da Acupuntura no Brasil tem adotado um discurso cientificista fundamentado no estudo da neurobiologia para fundamentar o exercício profissional da Acupuntura como especialidade. No ato terapêutico acupuntural, utilizam o diagnóstico clínico-nosológico para definirem a prescrição terapêutica acupuntural, passando ao largo do raciocínio clinico do sistema da Medicina Tradicional Chinesa.

O sistema médico tradicional chinês é literalmente desintegrado e apequenado quando adaptado ao modelo ocidental. Não bastasse a carência das bases da Medicina Chinesa, os profissionais do sistema biomédico, na maioria das vezes, não conhecem todos os recursos terapêuticos da Medicina Chinesa. Em outras palavras, praticam um recurso terapêutico, como a Acupuntura, ignorando ou não considerando a Fitofarmacoterapia, a Dietoterapia, as Práticas Manipulativas, os Exercícios Terapêuticos Energéticos, as Práticas Meditativas Terapêuticas, ou seja, o abrangente arsenal terapêutico do sistema médico chinês.

Para podermos defender a ideia de regulamentar a Acupuntura no Brasil, teremos que compreendê-la como parte integrante e indissociável do paradigma integrado médico chinês, e não adaptá-la às profissões ocidentais da saúde cujos paradigmas são distintos em todos os sentidos. Necessitamos salvaguardar o modelo tradicional da Medicina Chinesa sem o qual o próprio exercício da Acupuntura fica prejudicado em seus fundamentos precípuos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu há muitos anos as medicinas tradicionais de países e povos, incluído a Medicina Chinesa, porem não estabeleceu a fórmula de como integrá-las ao modelo biomédico ocidental. As políticas e diretrizes da OMS sinalizam para uma interação de conhecimentos e práticas dos sistemas tradicionais com o convencional, contudo abdicou da responsabilidade de estabelecer padrões para tanto, deixando para os governos dos diversos países a competência de construir seus modelos de saúde. A grande armadilha para a Medicina Chinesa nos países ocidentais, sobretudo para a Acupuntura, será ficar refém dos sistemas convencionais de saúde desses países nos quais os interesses econômicos e os poderes corporativistas se somam no sentido de enquadrar, melhor dizendo engessar, o exercício profissional dessas práticas tradicionais. Há movimentos internacionais sintonizados com essas dificuldades na procura de alternativas e soluções para esses assuntos, porem essa é uma tarefa muito difícil, considerando todos os interesses, muitos dos quais obscuros, envolvidos nessa questão.

A Medicina Chinesa, ou simplesmente Medicina Oriental como muitos a denominam, é uma área do saber que necessita de proteção cultural no Ocidente para evitar que ela se torne uma caricatura, um arremedo daquilo que ela verdadeiramente é na China. A UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), para se ter uma noção da abrangência desse saber, já reconheceu a Acupuntura e a Medicina Chinesa como patrimônios intangíveis da humanidade, no entanto, a insolência de movimentos corporativistas deseja transformá-la em simples apêndice do sistema de saúde convencional, e em mercadoria de consumo lucrativo.

Aos que ingressam no estudo da Acupuntura e da Medicina Chinesa, e também para aqueles que são profissionais no assunto, instigo-os a refletirem sobre essa matéria e a estabelecerem um juízo de valor quanto ao futuro dessas práticas no Brasil, observando o que está ocorrendo nos países desenvolvidos e na própria China no que se refere à regulamentação, o exercício e os benefícios sociais dessa tradicional forma de promover a saúde e o bem estar da humanidade.

Pela Medicina Chinesa Global no Brasil!

Sohaku Bastos é Graduado em Medicina Oriental pela Escola Imperial de Medicina Oriental do Japão (1972) e Pós-doutorado em Filosofia Médica pela Faculdade de Estudos Médicos da UNIMEC, Sri Lanka (1995). É também Cônsul-Geral a.h. da República Democrática Socialista do Sri Lanka no Estado do Rio de Janeiro com jurisdição para os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.

NOTA EXPLICATIVA: O que é Acupuntura? A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, bem como a auriculoterapia, moxabustão, ventosaterapia,an-ma e a reflexologia, dentre outras. É considerada como uma medicina alternativa ou complementar. Os pontos da Acupuntura utilizados nas sessões tratam desde uma lombalgia até problemas mais graves. Os pontos de Acupuntura atuam também de forma bastante eficaz sobre as dores, stress, vícios e na estética - acupuntura estética. O acupunturista integra os esforços da fisoterapia, da homeopatia, da medicina convencional e de inúmeras outras áreas, incluindo aí demais especialidades abarcadas pelas terapias alternativas. A Eidos Acupuntura e Medicina Chinesa está sediada em Curitiba, Paraná. Em nossa clínica o acupunturista utiliza principalmente a técnica chinesa complementada por outras técnicas milenares igualmente fundamentadas nos pontos de Acupuntura para proporcionar saúde, beleza, bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes.